sexta-feira, 12 de novembro de 2010

LOUIS PASTEUR

Vivendo, como vivemos, numa época em que a técnica cirúrgica se engrandeceu de maneira assombrosa, em que a terapêutica se enriqueceu com os antibióticos e as mais diversas vitaminas sintéticas, não podemos formar a mais leve idéia da situação extravagante das escolas médicas no século XVIII; basta dizer que as sangrias eram o ponto alto da arte de curar e os barbeiros os únicos que se incumbiam da cirurgia.
Nos albores do século XIX, a cirurgia, embora houvesse avançado bastante, era, contudo, um fracasso em seus resultados práticos.  Os operados dificilmente conseguiam sobreviver.  Predominava o empirismo, e os princípios de higiene e de assepsia eram inteiramente desconhecidos, de maneira que o índice de mortalidade, nesses casos, era muito elevado.
Foi numa época de tão parcos conhecimentos científicos para a defesa da vida humana, que em 1822 nasceu, na França, Louis Pasteur.
Quando adolescente, escreveu: “Querer – Trabalhar – Esperar são as três pedras angulares em que construirei a pirâmide do meu êxito”.  Isto é o suficiente para formarmos juízo acerca da têmpera desse Espírito.
Trouxe à Terra a missão de ajudar a Humanidade, remodelando completamente a mentalidade dos médicos e cirurgiões.  E dessa missão tinha plena e absoluta certeza, mas, para levar avante tarefa de tal magnitude, num meio tão ingrato, indispensável se fazia que seu Espírito viesse revestido, como veio, de uma paciência extraordinária.
Era desejo ardente de Pasteur, desde a infância, estudar Química.  Seu pai, por isso, alimentava a grande esperança de vê-lo futuramente um químico notável.  E bem poderemos imaginar qual não foi o desapontamento desse pai, quando Pasteur recebeu grau de Bacharel em Ciências, com a nota “medíocre” em Química.
Isto, todavia, para Louis Pasteur, não tinha a menor importância, porque em seu subconsciente estava escrito que ele seria grande nesse ramo da Ciência, e tão certo estava disso que não vacilou em escrever a seu genitor, dizendo-lhe: “Tenha paciência e confie em mim; hei de conseguir melhor êxito mais adiante”.
O mundo científico da época só começou a prestar atenção a Pasteur, quando ele se declarou contrário à superstição tradicional de que a vida se originava espontaneamente da matéria inerte.
Os cientistas mais velhos moveram-lhe, por esse motivo, uma guerra tremenda, mas Pasteur não perdia a calma e a confiança no êxito da missão que lhe fora confiada no Espaço.
Nessa ocasião escrevia a seu pai, informando-o de que seus inimigos não estavam suficientemente preparados para combatê-lo, porque ele possuía qualidades inatas.  E essas qualidades inatas, nós, espíritas, bem as compreendemos, significam os conhecimentos hauridos em vidas pregressas, as orientações recebidas de seus superiores hierárquicos, antes de retornar à Terra, para beneficiar a Humanidade com suas caridosas revelações científicas.
Pasteur fugiu inteiramente ao classicismo retrógrado da sua época, seu pensamento se fixou num ponto jamais imaginado pelos cientistas de então, isto é, a existência de doenças cuja sintomatologia tem perfeita analogia com as fermentações, e daí o concluir a interferência da vida microbiana na patologia animal.
Esta descoberta de Pasteur, que bem podemos denominar de doutrina pasteuriana, foi o marco inicial para os novos rumos da ciência médica.
Sua doutrina básica, ou ciência do invisível, somente revelada pelo microscópio, continua como pedestal indestrutível para a elaboração sempre crescente dos preparados terapêuticos.
O nome de Pasteur já era, há algum tempo, respeitado, em virtude dos louros colhidos através de seus primeiros trabalhos, na Química, ao descobrir a dissimetria molecular, ponto de inserção na Química orgânica, resultando daí um novo ramo, a estereoquimica; mais ainda se engrandeceu e se agigantou ele com a revelação do mundo invisível dos micróbios, das toxinas e antitoxinas, das vacinas e soros, dos fermentos e anticorpos.
Em face de seu grande prestígio, convidaram-no a investigar e, se possível, debelar a misteriosa enfermidade sofrida pelos bichos-da-seda, na Província de Alais, e que ameaçava arruinar toda a sericultura francesa.
Trabalhou ativamente a fim de solucionar o caso, mas decorriam os dias sem conseguir qualquer resultado, pelo que desencadearam uma tempestade de insultos à sua pessoa e à sua competência.
Com o pensamento um tanto preocupado, em virtude das mais variadas e incessantes pesquisas que fazia dia e noite, não se mostrava dócil às inspirações de seus mentores espirituais. Para que Pasteur pudesse vencer, era necessário que repousasse, quando então fácil lhe seria receber do Além uma palavra esclarecedora.
Ele, todavia, permanecia irredutível, trabalhava continuamente.  Nesta altura, os Espíritos lançaram mão de um recurso extremo: proporcionaram-lhe um ataque de paralisia. E, durante essas horas de repouso forçado, puderam seus mentores espirituais transmitir-lhe a solução do problema.
Aproximava-se o momento de Pasteur abandonar a Terra, mas, antes desse seu regresso à Espiritualidade, cabia-lhe deixar aos homens os meios de combaterem a hidrofobia. Essa descoberta fazia parte, como dissemos, de sua missão, pelo que a levou de vencida, sem que até hoje se saiba da razão por que ele estudou a hidrofobia, de vez que não havia epidemia de semelhante doença.
Nós, porém, compreendemos que esse motivo, então desconhecido, estava predeterminado.  E todos sabemos como ele se dedicou de coração a esse trabalho caridoso!
Ruy Barbosa, em discurso sobre a personalidade de Oswaldo Cruz, assim se expressou ao referir-se a Louis Pasteur:
“Não era médico, e criou a nova Medicina.  Também cirurgião não era, e revolucionou a Cirurgia. Tampouco se ocupou jamais com a obstetrícia, e milhares de famílias lhe devem a salvação de milhares de mães. Veterinário não foi, igualmente; e dele recebeu a Veterinária as suas melhores conquistas. Nunca exerceu nem estudou a lavoura; e as idéias, que semeou, abriram os mais fecundos sulcos na Agricultura moderna”.
Pasteur foi um exemplo vivo de trabalho, de amor e de confiança em seus amigos espirituais!

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