segunda-feira, 6 de junho de 2011

PAIS E FILHOS

A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os
corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais
odioso. Do item 9, do Cap. XIV, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Trazida a
reencarnação para os alicerces dos fenômenos sócio-domésticos, não é somente a
relação de pais para filhos que assume caráter de importância, mas igualmente a que se
verifica dos filhos para com os pais. Os filhos não pertencem aos pais; entretanto, de
igual modo, os pais não pertencem aos filhos. Os genitores devem especial consideração
aos que agridem os filhos e tentam escravizá-los, qual se lhes fossem objeto de

propriedade exclusiva; todavia, encontramos, na mesma ordem de freqüência, filhos que
agridem os pais e buscam escravizá-los, como se os progenitores lhes constituíssem
alimárias domésticas. A reencarnação traça rumos nítidos ao mútuo respeito que nos
compete de uns para com os outros. Entre pais e filhos, há naturalmente uma fronteira
de apreço recíproco, que não se pode ultrapassar, em nome do amor, sem que o egoísmo
apareça, conturbando-lhes a existência. Justo que os pais não interfiram no futuro dos
filhos, tanto quanto justo que os filhos não interfiram no passado dos pais. Os pais não
conseguem penetrar, de imediato, a trama do destino que os princípios cármicos lhes
reservam aos filhos, no porvir, e os filhos estão inabilitados a compreender, de pronto, o
enredo das circunstâncias em que se mergulharam seus pais, no pretérito, a fim de que
pudessem volver, do Plano Espiritual ao renascimento no Plano Físico. Unicamente no
mundo das causas, após a desencarnação, ser-lhes-á possível o entendimento claro,
acerca dos vínculos em que se imanizam. Invoque-se, à vista disso, o auxílio de
religiosos, professores, filósofos e psicólogos, a fim de que a excessiva agressividade
filial não atinja as raias da perversidade ou da delinqüência para com os pais e nem a
excessiva autoridade dos pais venha a violentar os filhos, em nome de extemporânea ou
cruel desvinculação. Pais e filhos são, originariamente, consciências livres, livres filhos
de Deus empenhados no mundo à obra de autoburilamento, resgate de débitos, reajuste,
evolução. As leis da vida englobam-lhes a individualidade no mesmo alto gabarito de
consideração. Nunca é lícito o desprezo dos pais para com os filhos e vice-versa. Não
configuramos no assunto qualquer aspecto lírico na temática afetiva. Apresentamos,
sumariamente, princípios básicos do Universo. A existência terrestre é muito importante
no progresso e no aperfeiçoamento do Espírito; no entanto, ao mesmo tempo, é simples
estágio da criatura eterna no educandário da experiência física, à maneira de estudante
no internato.
Os pais lembram alunos, em condições mais avançadas de tempo, no currículo
de lições, ao passo que os filhos recordam aprendizes iniciantes, quando surgem na
arena de serviço terrestre, com acesso na escola, sob o patrocínio dos companheiros que
os antecederam, por ordem de matrícula e aceitação. E que os filhos jamais acusem os
pais pelo curso complexo ou difícil em que se vejam no colégio da existência humana,
porquanto, na maioria das ocasiões, foram eles mesmos, os filhos, que, na condição de
Espíritos desencarnados, insistiram com os pais, através de afetuoso constrangimento ou
suave processo obsessivo, para que os trouxessem, de novo, à oficina de valores físicos,
de cujos instrumentos se mostravam carecedores, a fim de seguirem rumo correto, no
encalço da própria emancipação.

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