quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Os anjos

O menino voltou-se para a mãe e perguntou:

        Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum.

        Como ela lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo.

        É uma boa idéia, falou a mãe. Irei com você.

        Mas você anda muito devagar, argumentou o garoto. Você tem um pé aleijado.

        A mãe insistiu que o acompanharia. Afinal, ela podia andar muito mais depressa do que ele pensava.

        Lá se foram. O menino saltitando e correndo e a mãe mancando, seguindo atrás.

        De repente, uma carruagem apareceu na estrada. Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos. Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros. As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis.

        Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:

        Você é um anjo?

        Ela nem respondeu. Resmungou alguma coisa ao cocheiro, que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu na poeira da estrada.

        Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira. Ele esfregou os olhos e tossiu bastante. Então, chegou sua mãe que limpou toda a poeira, com seu avental de algodão azul.

        Ela não era um anjo, não é, mamãe?

        Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um, respondeu a mãe.

        Mais adiante, uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino. Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:

        Você é um anjo?

        Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:

        Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo.

        Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando. Mais do que depressa, colocou o garoto no chão. Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.

        Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho! Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado.

        O menino ficou no chão, chorando, até que chegou sua mãe e lhe enxugou as lágrimas com seu avental de algodão azul.

        Aquela moça, certamente, não era um anjo.

        O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado.

        Você me carrega?

        É claro, disse a mãe. Foi para isso que eu vim.

        Com o precioso fardo nos braços, a mãe foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava.

        Então o menino a abraçou com força e lhe perguntou:

        Mãe, você não é um anjo?

        A mãe sorriu e falou mansinho:

        Imagine, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu.
* * *
        Anjos são todos os que na Terra se tornam guardiães dos seus amores.

        São mães, pais, filhos, irmãos que renunciam a si próprios, a suas vidas em benefício dos que amam.

        As mães, sobretudo, prosseguem a se doar e velar por seus filhos, mesmo além da fronteira da morte, transformando-se em Espíritos protetores daqueles que na Terra ficaram, como pedaços de seu próprio coração.
Redação do Momento Espírita  com base no
 cap. Sobre anjos, de O livro das virtudes,
 v. 2, de William J. Bennett, ed. Nova fronteira.
Em 02.01.2008.

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