A
doença nunca será curada nem erradicada pelos métodos materialistas dos
tempos atuais, pelo simples fato de que, em suas origens , ela não é
material. O que conhecemos como doença é o derradeiro efeito
produzido no corpo, o produto final de forças profundas desde há muito
em atividade, e, mesmo quando o tratamento material sozinho parece bem
sucedido, ele não passa de um paliativo, a menos que a causa real tenha
sido suprimida.
A
tendência atual da ciência médica, por interpretar erroneamente a
verdadeira doença e por fixar toda a atenção, com sua visão
materialista, no corpo físico, tem aumentado sobremodo o poder da
doença; em primeiro lugar, por desviar a atenção das pessoas da
verdadeira origem da enfermidade e, portanto, da estratégia eficaz para
combatê-la; em segundo , por localizá-la, no corpo, obscurecendo, assim,
a verdadeira esperança de recuperação e criando um enorme complexo de
doença e medo, complexo que nunca deveria ter existido.
Em
essência, a doença é o resultado do conflito entre a Alma e a Mente, e
ela jamais será erradicada exceto por meio de esforços mentais e
espirituais.
Nenhum
esforço que se destine apenas ao corpo pode fazer mais do que reparar
superficialmente um dano, e nisso não há nenhuma cura, visto que a causa
ainda continua em atividade e pode, a qualquer momento, manifestar
novamente sua presença, assumindo outro aspecto. De fato, em muitos
casos a recuperação aparente acaba sendo prejudicial, já que oculta do
paciente a verdadeira causa do seu problema, e, na satisfação que se
experimenta com essa aparente recuperação da saúde, o fato real,
continuando ignorado, pode fortalecer-se.
Uma
das exceções para os métodos materialistas na ciência moderna é a do
grande Hahnemann, o fundador da homeopatia, que com sua compreensão do
amor beneficente do Criador e da Divindade que mora dentro do homem, e
por estudar a atitude mental de seus pacientes diante da vida, do meio
ambiente e suas doenças, foi buscar nas ervas do campo e nos domínios da
natureza o remédio que não apenas haveria de curar seus corpos mas, ao
mesmo tempo, elevaria a sua perspectiva mental.
Quinhentos
anos antes de Cristo, alguns médicos da antiga Índia, trabalhando sob a
influência do Senhor Buda, levaram a arte de curar a um estágio tão
perfeito que conseguiram abolir a cirurgia, ainda que, na sua época, ela
fosse tão eficiente, ou até mais, que a dos dias atuais. Homens como
Hipócrates, com seus ideais grandiosos sobre a cura; Paracelso, com a
convicção de uma divindade dentro do homem, e, Hahnemann, que
compreendeu que a doença tinha sua origem num plano acima do físico -
todos eles sabiam muito sobre a verdadeira natureza do sofrimento e
sobre o remédio para ele.
A
doença, posto que pareça tão cruel, é benéfica e existe para nosso
próprio bem; se interpretada de maneira correta, guiar-nos-á em direção
aos nossos defeitos principais. Se tratada com propriedade, será a causa
da supressão desses defeitos e fará de nós pessoas melhores e mais
evoluídas do que éramos antes. O sofrimento é um corretivo para se
salientar uma lição que de outro modo não haveríamos de aprender, e ele
jamais poderá ser dispensado até que a lição seja totalmente assimilada.
Vemos
que não há nada de acidental no que diz respeito à doença, nem quanto
ao seu tipo nem quanto à parte do corpo que foi afetada; como todos os
outros resultados da energia, ela obedece à lei de causa e efeito.
Certos males podem ser causados por meios físicos diretos, tais como os
associados à ingestão de substâncias tóxicas, acidentes, ferimentos e
excessos cometidos, mas, em geral, a doença se deve a algum erro básico em nosso temperamento.
As
doenças reais e básicas do homem são certos defeitos como o orgulho, a
crueldade, o ódio, o egoísmo, a ignorância, a instabilidade, a ambição; e se cada um deles for considerado individualmente, notar-se-á que todos são contrários à Unidade. Tais defeitos é que constituem a verdadeira doença,
e a continuidade desses defeitos, persistirmos neles, depois de termos
alcançado um estágio de desenvolvimento em que já os sabemos nocivos, é o
que ocasiona no corpo os efeitos prejudiciais que conhecemos como
enfermidades.
Para
se alcançar uma cura completa, não somente devem ser empregados
recursos físicos, escolhendo sempre os métodos melhores e mais
familiares à arte da cura, mas também devemos lançar mão de toda a nossa
habilidade para eliminar qualquer falha em nossa natureza; porque a cura total vem essencialmente de dentro de nós,
da própria Alma que, por meio da bondade do Criador, irradia harmonia
do começo ao fim da personalidade, quando se permite que assim seja.
(...)
Não há objetivo em nos ocuparmos dos fracassos da medicina moderna;
demolir é inútil quando não se constrói um edifício melhor e, como na
medicina já se estabeleceram as bases de uma edificação mais nova,
empenhemo-nos em acrescentar um ou dois tijolos a esse templo. Tampouco
pode ser de valor uma crítica negativa da profissão; é o sistema que
está fundamentalmente equivocado, não os homens; pois é um sistema pelo
qual o médico, por razões unicamente econômicas, não tem tempo para
ministrar um tratamento tranquilo e sossegado nem oportunidade para
pensar e meditar adequadamente, o que deveria ser a herança dos que
devotam sua vida a assistir doentes. Como disse Paracelso, o médico
sábio atende a cinco, e não a quinze pacientes num dia - ideal
impraticável em nossa época para um médico comum.
A
aurora de uma arte de curar mais nova e melhor paira sobre nós. Há cem
anos, a homeopatia de Hahnemann foi o primeiro raio da luz matinal,
depois de um longo período de trevas, e pode desempenhar um grande papel
na medicina do futuro. Ademais, a atenção que se está dispensando no
presente momento à melhoria da qualidade de vida e ao estabelecimento de
uma dieta mais pura é um progresso rumo à prevenção da doença; a esses
movimentos que pretendem levar ao conhecimento das pessoas tanto a
relação que existe entre os fracassos espirituais e a enfermidade, bem
como a cura que se pode obter através do aprimoramento da mente, estão
apontando o caminho por onde devemos seguir rumo à luz de um novo dia,
em cujo brilho a escuridão da enfermidade desaparecerá.
Texto
escrito pelo médico inglês Dr. Edward Bach em CURA-TE A TI MESMO, no
ano de 1930 - Extraído do livro 'Os Remédios Florais do Dr. Bach' - Ed.
Pensamento.
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