Houve,
em tempos passados, uma localidade denominada Sebastes. Situava-se
entre a Judeia e a Síria. Foi ali que quarenta legionários da Décima
Segunda legião romana deram sua vida por amor à verdade.
Presos por professarem o Cristianismo, os quarenta jovens marcharam saindo da cidade, escoltados por outros tantos soldados.
À frente se desenhava o lago de águas tristes e frias. O sol se afundava na direção do poente e o vento soprava gelado.
Os
tambores soavam, ditando o ritmo da marcha. E os prisioneiros foram
entrando no lago. Um passo, dois, três, dez, vinte. Os pés foram
agitando a água e eles entrando mais e mais. Só ficaram as cabeças
descobertas fora d'água.
Os
superiores haviam lhes decretado uma terrível forma de morrer. Ali
parados, impassíveis e silenciosos, iriam morrer enregelados.
As
luzes do crepúsculo se envolveram num manto dourado e se retiraram,
deixando que a noite se apresentasse com seu cortejo de estrelas.
Ao redor do lago, nas margens, familiares e amigos oravam silenciosos. E silenciosos permaneciam os jovens dentro d'água.
Então,
em nome de César, falou um oficial. Eles eram jovens e, levando em
conta a sua inexperiência, seriam perdoados se jurassem fidelidade aos
deuses protetores do Império.
Era tudo muito simples. Bastaria queimar algumas ervas, perante o improvisado altar a Júpiter Olímpico, na outra margem.
Dentro do lago, nem um mínimo movimento. O ar foi se fazendo mais frio e uma névoa começou a se erguer das águas.
Os
guardas acendiam fogueiras nas margens, batiam as mãos, andavam para se
aquecer. Mas os quarenta legionários permaneciam imóveis.
Então, eles começaram a cantar e mais forte do que o vento, o hino se ergueu como um grito vitorioso.
Era como uma cascata de esperanças feita de fé, ternura e renúncia.
Um a um, no transcorrer das horas, aquelas chamas foram se apagando na Terra, para tremeluzirem na Espiritualidade.
Quando
nasceu o dia, somente um vivia. Um guarda se aproximou de uma mulher e
lhe disse que seu filho vivia. Como ele vivera até então, teria sua vida
poupada. Que ela o retirasse das águas e, em nome dele, oferecesse
sacrifício aos deuses romanos.
Nunca. Foi a resposta dela. Se ele consciente não o fez, como poderia me aproveitar da sua agonia para traí-lo?
Firmemente,
avançou para as águas e ali esteve com o filho até que o coração dele
parasse de bater. Depois, apertando-o firmemente nos braços, tomou o seu
corpo e o veio depositar aos pés do oficial da guarda.
* * *
Há
mais de dois mil anos, na Judeia, um homem amou e morreu por muito
amar. A maravilhosa fé que soube despertar teve o poder de modificar
vidas.
A Sua voz convidava para viver a verdadeira vida, a vida que se desdobra para além da morte.
Dentre os Seus ensinos, lembramos: Quem perseverar até o fim, este será salvo.
Quem crer em mim, mesmo morto viverá.
A Sua mensagem atravessou os séculos e permanece viva até hoje, estabelecendo diretrizes seguras aos Seus seguidores.
A Sua é a mensagem do amor, da fé, da fidelidade até o fim.
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