Shirley Temple, a mais
famosa menina prodígio de Hollywood, sensação dos anos 30 e 40, brilha
também neste filme infantil, no papel da encantadora e corajosa Mityl.
Sempre ao lado de seu irmãozinho Tyltyl (Johnny Russell), ela comanda as
sucessivas aventuras que se desenvolvem, na maior parte, no mundo dos
sonhos.
Embora com roupagem fantasiosa, O Pássaro Azul transmite
grandiosas lições morais e descortina o Mundo dos Espíritos, em muitos
aspectos, com fidelidade.
A procura do pássaro azul, símbolo da
felicidade, se desdobra em várias etapas ou aventuras, sob a orientação e
proteção de um bela jovem, Espírito iluminado, chamada Luz. Com a porta
de entrada (simbólica) pelo cemitério, a busca se inicia no Passado ou
na Terra da Lembrança, onde as crianças reencontram seus avós, já
desencarnados, residindo numa casa confortável e alegre do Plano
Espiritual. A avó, respondendo a uma pergunta da netinha, se estavam
mortos, disse-lhe: “só morremos quando somos esquecidos na Terra.”
Numa
segunda etapa, penetram na Terra do Luxo, com as recomendações de
cautela da Mentora para que não se demorassem muito lá, onde poderiam
ficar para sempre. Na mansão luxuosa, pela falta de calor humano, logo
as crianças se desencantam e fogem. Com essa retirada, o velho
anfitrião, que lá reside, desabafa: “Elas estão muito novas para se
acostumarem aqui e nós já estamos velhos, incapazes de deixar esta
moradia.”
E, na última etapa, sob a supervisão de Luz, as
crianças sobem as escadas em direção ao Futuro... Surpresas, encontram
um amplo salão com dezenas de crianças e jovens. Logo Mityl e Tytyl são
reconhecidos como “crianças vivas” (encarnadas)... As “crianças mortas”
(desencarnadas) lá estão, trabalhando e estudando, com “esperança de
nascerem novamente.” “Temos que esperar nossa vez”, dizem. (Conforme nos
ensinam Crianças no Além e Escola no Além, livros psicografados por
Francisco C. Xavier.)
Um momento dramático: uma das meninas
reconhece Mityl e Tyltyl como seus futuros irmãozinhos! Ela, então,
afirma: “Acho que, dentro de um ano, serei irmãzinha de vocês. Mas,
ficarei pouco tempo.” Um dos jovens, profundamente idealista, compara
sua vida atual (“aqui somos livres, iguais e unidos”) com a terrena e
pretende trabalhar pela melhoria da vida dos encarnados, mas argumenta
que poderá ser incompreendido e, mesmo, destruído. Em face de seu
elevado ideal, recebe palavras de estímulo da graciosa Mityl. Outra
criança chora porque tarda muito sua volta à Terra, explicando que “meus
pais não têm tempo para mim!”
Eis que uma porta do grande salão
se abre, e surge um respeitável velho, de longas barbas, que passa a
ler, num pergaminho, os nomes das crianças e jovens destinados a
“descerem” (reencarnarem). Junto à porta, um lindo barco estaciona para
recebê-los. A separação de um casal de jovens, que muito se amam, se faz
com abundantes lágrimas e até com desespero da moça, que ainda
permanecerá algum tempo no Além.
Após tantas aventuras, Mityl e
Tyltyl voltam à crosta, com outra visão da vida, especialmente ela,
profundamente renovada, sendo conduzidos até à porta do modesto lar de
ambos, pela entidade Luz. Com palavras de esperança, esta conforta as
crianças, que não queriam se separar de tão bondosa criatura, inclusive
afirmando à menina: “estarei em cada bom pensamento de sua alma.”
Como
vemos, neste resumo, o filme surpreende pelo conteúdo espírita. Até o
belo barco de aparente fantasia, deixa-o de ser, ao lembrarmos da
narrativa de André Luiz, no cap. 36 de Nosso Lar, FEB (comentada em
Cidade no Além, IDE, cap. IV) e do Prefácio de Emmanuel para o livro
Porto de Alegria, IDE, ambos psicografados por Chico Xavier.
No final, ao despertar no aconchego carinhoso do lar, Mityl recebe a lição inesquecível do pássaro azul...
EUA, 1940. Direção de Walter Lang. Com Shirley Temple, Johnny Russell.
"Este
foi um dos filmes mais lindos que já assisti até hoje. É para ver e
rever diversas vezes. Espero que gostem do filme tanto quanto eu gostei,
pois assisti no cinema no ano de 1977". (Rosana Madjarof)
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