O fenômeno da morte física ainda consegue nos aturdir e surpreender.
Quando ela se apresenta, abala-nos as fibras emocionais ao arrebatar violentamente aqueles que ainda há pouco conosco conviviam.
Deixa
rastro dolorido quando, lentamente abraça o ser amado, que se vai aos
poucos, minado pela doença fatal que, imbatível, vence todas as
resistências orgânicas.
Aturde-nos
quando se faz intensa, retirando do palco da vida centenas de
criaturas, pelos desastres naturais, como se a natureza em fúria
quisesse se vingar de algo ou de alguém.
Chega
a nos chocar quando seleciona aqueles que, no vigor da vida física, vão
em seus braços, levando consigo sonhos, planos futuros, expectativas e
esperanças inconclusas.
Desperta
indignação, quando não revolta, quando vem abraçada pela violência
urbana, ainda mais se atinge crianças, trabalhadores, mães ou pais de
família.
* * *
A
morte é a etapa final da existência física, não da vida. É a conclusão
do fenômeno biológico, que nenhum de nós se eximirá de experimentar.
A vida porém, transcende em muito o vaso orgânico por intermédio do qual se manifesta sobre o planeta.
Assim,
analisando o fenômeno da morte, que é unicamente fisiológico, não há
por que temê-lo. Trata-se de processo natural da vida. Também não há por
que ignorá-lo, desde que se mostra inexorável para cada um de nós.
Por tudo isso, não é viável alimentar a revolta ou o inconformismo quando ela chegar para aqueles a quem amamos.
Nem
tampouco devemos nos permitir o desequilíbrio ou desentendimento das
leis da vida, quando ela assaltar a muitos, de forma coletiva.
Desaconselhável
alimentarmos o inconformismo quando forem vidas infantis ou juvenis
aquelas que a morte der por concluídas, mesmo que possamos cogitar de
aparente injustiça divina.
Melhor
será trocarmos o inconformismo, a revolta, o desânimo e a desesperança
pela canção da Imortalidade, da vida plena e da libertação que enseja a
morte física.
A
existência corporal é veste breve, que logo mais se fará rota para cada
um de nós, exigindo que dela nos apartemos, para que a vida plena estue
em nós.
A
certeza da imortalidade da alma e o entendimento de que os laços do
amor, do afeto e do querer bem não serão por ela desatados, nos
permitirão entender a verdadeira dimensão do fenômeno da morte.
Assim,
se hoje ela nos faz apartar de quem queremos bem, ou se nos assusta
pela violência com que arrebata a tantos, vejamo-la apenas como processo
natural da vida.
E
tenhamos a certeza, na intimidade do coração, de que dia virá em que
também nós receberemos a sua visita, a nos libertar das vestes físicas,
para retornarmos à casa, nas asas da Imortalidade, sob as bênçãos de
Deus.
* * *
Ante
a morte, guardemos a certeza da Imortalidade e honremos os que partem,
deixando-nos mergulhados em saudade, não cedendo ao desespero e à
revolta.
Discípulos
do Cristo, recordemos que Ele, o Modelo e Guia por excelência, nos
ensinou que a morte é vencida pelo Espírito imortal.
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