Quando o sol nasce pela manhã é como se o Sublime Artista acendesse uma lâmpada de ouro.
Toda noite ele se esmera para extrair um novo colorido do dia novo.
Ante os raios do sol que se espreguiçam a tudo envolvendo, o verde brilha com maior intensidade.
Nas pétalas das flores o orvalho vai sendo despertado e se transforma em cristal líquido, refletindo os raios de luz
Logo, tudo é luz, vida, alegria, juventude.
Os
pássaros ensaiam seus cantos, recordando-nos que devemos saudar o dia
com sorrisos. Eles nos dão a lição de que devemos iniciar o nosso dia
sob a luz da oração. Oração que é louvor e gratidão.
Eles
voam livres, conquistando o espaço. Batem suas asas entre os braços
verdes das árvores. Iniciam a labuta da construção dos ninhos, da busca
do alimento para os filhotes que aguardam, sempre famintos.
Essa faina nos recorda os ensinos de Jesus: as aves do céu não semeiam e nem ceifam, nem guardam sementes em seus celeiros. No entanto, nosso Pai por elas vela.
É a rememoração da lição da confiança na Providência Divina.
O
sol desce com seus raios pelo jardim e vai despertando as flores,
encolhidas em seu sono da noite. Elas se espreguiçam e abrem suas
corolas aos beijos convidativos do astro rei.
O céu estampa a serenidade do azul e da beleza. O dia está pronto e nos diz: tudo é belo e suficiente para ser feliz. Basta que você abra os olhos e sinta.
O
calor do sol traduz vida também para a nossa alma. Tudo está preparado
com carinho porque é dia. E é neste dia que iremos viver: crianças,
jovens, homens e mulheres.
Todas
as manhãs, Deus nos homenageia com este espetáculo que é cor, som e
beleza. Mas, normalmente, nos mostramos apressados, preocupados.
Levantamos
rapidamente, preparamo-nos e saímos. Não temos tempo para saudar o dia.
Ligamos o carro, andamos rapidamente, preocupamo-nos com o trânsito que
nos impede a marcha mais rápida.
Franzimos a testa, nervosos e aflitos e nada percebemos do que nos rodeia.
Seria
muito bom que, como as aves, acordássemos mais cedo, saudássemos o dia,
aproveitando para brincar com os raios do sol ou simplesmente nos
detivéssemos a contemplar o espetáculo da natureza.
A
Terra só continua a ser um planeta de intensas dores e aflições porque
ainda não despertamos para o bom e o belo, que Deus dispõe diariamente à
nossa volta.
* * *
Assim como o sol dissipa a névoa da manhã, o ser humano deveria permitir que os raios do sol dissipassem a névoa do seu coração.
Então, ele poderia sentir o calor em sua alma, conseguindo viver em plenitude e amar.
Se
o homem que caminha, sobrecarregado ao peso das dificuldades,
resolvesse misturar o canto da sua alma ao canto dos pássaros,
dissiparia a dor que lhe machuca a intimidade, da mesma forma que a
neblina é espancada pelo astro rei, na manhã que surge.
revista Presença espírita, de março/abril de 2000, ed. Leal.
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