Quando você comete um equívoco qualquer, o que espera dos outros, com relação ao seu ato infeliz?
Salvo
os casos patológicos, as pessoas esperam que os outros tolerem e
desculpem seus erros, ou, então, que as ensinem a fazer o certo, não é
verdade?
Todavia, mesmo com esse entendimento, não é assim que agimos com relação aos equívocos das outras pessoas.
Um exemplo disso é o infeliz sistema de recuperação de presidiários, vigente em nosso país e em outras nações da Terra.
É
um sistema que atenta contra a dignidade humana e dificulta a
recuperação do delinquente, tornando-o ainda mais rebelde e mais
criminoso.
Abandonado
pela sociedade, o presidiário busca apoio naqueles que lhe inspiram
ódio contra esta, que lhe parece injusta, acumulando sentimentos de
agressividade e ressentimento para descarregar, mais tarde, naqueles que
considera responsáveis pelo seu encarceramento.
Ao
invés de entender a prisão como uma forma de reparação do mal
praticado, nela vê somente um instrumento de punição e de crueldade, que
mais o degrada e enlouquece.
Não
raro, indivíduos que cometem pequenos delitos são obrigados à
convivência com pessoas inescrupulosas, em pequenas celas, onde
aprendem, com requinte de detalhes, a criminalidade.
Nesses casos, em vez de se resolver o problema, se cria um ainda maior, aumentando o número e o grau da delinquência.
Já
é tempo de se pensar em resolver problemas e não agravá-los com métodos
remanescentes dos tempos medievais, de torturas e degradações contra o
ser humano.
De
um modo geral, isso se dá por causa do conceito que se faz do mal, sob
seus vários aspectos, confundindo-se o mal, propriamente dito, com
aquele que o pratica.
Talvez seja por isso que não temos sido eficientes nesse combate.
Para
agir corretamente em prol do saneamento moral, é preciso não confundir o
crime com o criminoso, o vício com o viciado, a rebeldia com o rebelde,
do mesmo modo que não confundimos o doente com a doença.
Do
mesmo modo que se combatem as enfermidades e não os enfermos, assim
também se deve combater o crime, o vício, a rebeldia, e não o criminoso,
o viciado, o rebelde.
O
mal não é intrínseco no indivíduo, não faz parte da natureza íntima do
Espírito, mas é uma anomalia, como são as outras enfermidades.
O
bem, tal como a saúde, é o estado natural inerente ao ser. Um corpo
doente constitui um caso de desequilíbrio, precisamente como um Espírito
transviado, rebelde, viciado ou criminoso.
Portanto, os distúrbios psíquicos devem ser tratados com o mesmo cuidado que se tratam as doenças do corpo.
Assim
como não resolvemos o problema das doenças batendo no enfermo e
punindo-o, também não devemos combater os problemas morais espancando e
punindo o delinquente.
Pode-se
e deve-se envidar esforços para que o criminoso se restabeleça e se
integre na sociedade como um cidadão sadio, cumprindo as penas
estabelecidas pelas leis, com dignidade e confiança, e não como um ser
imprestável, pois ele também é filho de Deus.
Agindo
assim daremos o devido valor às palavras do Cristo quando recomenda que
amemos os nossos inimigos e façamos o bem aos que nos fazem mal, porque
Ele não proclamou somente um preceito de alta humanidade, proferiu uma
sentença profundamente pedagógica e sábia.
A benevolência, contrastando com a agressão, é o único processo educativo capaz de corrigir e regenerar o equivocado.
* * *
Num
tempo, não muito distante, os processos arbitrários e injustos cederão
lugar a mecanismos de educação e de reeducação, assim como de
crescimento moral, através dos quais aqueles que delinquirem encontrarão
misericórdia e amor, conduzindo-os ao equilíbrio e à paz.
do livro Em torno do Mestre, de Vinícius, ed. Feb e na pergunta 78,
do livro Atualidade do pensamento espírita, pelo Espírito Vianna
de Carvalho, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
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