Quem
observe esses frágeis seres
que abrem seus olhinhos
curiosos para o cenário do
mundo, logo percebe como
eles dependem dos adultos.
Bebês,
pequeninos, com o aroma da
inocência aureolando-lhes
as ações, andam na terra
em busca de carinho. Parecem
avezitas implumes, tal sua
delicadeza e fragilidade.
Às
vezes, as vemos colocando
suas mãozinhas nas pernas
dos adultos, batendo de leve
com seus dedinhos miúdos,
erguendo os bracinhos a
dizer sem palavras:
"quero colo."
As
crianças expressam assim
seu desejo de serem
carregadas. Desejo que é
repelido com expressões
grosseiras como: "não
te pego no colo, não. Vai
andar! Quis vir junto, pois
agora ande. Do contrário,
poderia ter ficado em
casa."
Isso
cai sobre a cabecinha da
criança como uma bomba. Não
percebem os que assim agem
que o pequerrucho tem menos
resistência, fatigando-o o
esforço contínuo da
caminhada.
Dirão
que a criança pula, corre,
e brinca o dia todo, que, se
tem energia para
brincadeira, também deverá
ter para andar.
Ora,
na brincadeira a criança
está tendo a recompensa do
prazer. Ela brinca até
cansar e ao se sentir
exausta, pára.
Já
não nos demos conta como
mesmo o bebê de poucos
meses, parece por vezes
"desligar"? É o
período de calmaria, de
repouso, que ele busca.
A
caminhada contínua, onde não
lhe é permitido parar para
observar o cachorro que
late, o brinquedo colorido
na vitrine vistosa, o
movimento das pessoas que
circulam rápido, faz com
que ela se canse com maior
rapidez.
Sem
se falar que, normalmente,
os adultos esquecem que os
pequenos estão juntos, e
andam a passo acelerado,
obrigando-os a quase correr
para os acompanhar.
Outra
situação que se repete com
constância é a de crianças,
no seu período de imitação,
desejarem ser a cabeleireira
da mãe.
Munidas
de escova e pente, elas
tentam criar o penteado que
sua mente cataloga como
maravilhoso. O que
conseguem, em verdade, é
despentear.
Mas
elas insistem, põem a ponta
da linguinha para fora da
boca, demonstrando o esforço
e alisam os cabelos com suas
mãos. Satisfeitas,
exclamam:
"pronto."
Quantas
vezes todo esse cuidado é
repelido com as desculpas de
"vai estragar o meu
penteado." Ou "não
tenho tempo para
perder."
Atitudes
repetidas desta natureza
terminam por passar para a
criança que o sofrimento do
outro, como o seu cansaço,
não importa. O lema é:
"cada um por si."
Igualmente
a ensinarão que carinho é
perda de tempo e a aparência
vale mais do que ele.
Não
nos admiremos se, no futuro,
nos depararmos com
adolescentes frios e adultos
indiferentes.
Pessoas
que prezarão somente o seu
bem-estar, seu conforto
pessoal, não se importando
com a família, amigos ou
colegas.
Nas
relações humanas, como
tudo na vida, a questão é
de aprendizado e de
semeadura.
Você
sabia?
Você
sabia que até aos 7 anos de
idade a criança é mais
suscetível às mensagens
que objetivam a educação?
E
que a educação integral
compreende, não somente o
comportamento social, as
boas maneiras, a conduta
reta, mas também a questão
afetiva, emocional e
espiritual?
Assim,
não desprezemos as carícias
da criança. Dia virá,
dobrados os anos, em que
ansiaremos por quem se
aproxime de nós, nos alise
os poucos cabelos brancos.
Alguém
que disponha de seu tempo
para colocar sua cabeça
junto à nossa e perguntar:
"como vai minha
velhinha, hoje?
Está
cansada? Quer um carinho?
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