Vivemos num
mundo de contradições.
O ser humano é
profundamente contraditório. E é nesse mundo de contradições que precisamos
aprender a viver e a encarar, nessa contradição humana, as buscas pelo
acerto.
No mesmo momento
que queremos tal coisa, já não queremos. Na mesma hora em que alguma coisa nos
satisfaz, em outro momento já não nos satisfaz. E vamos vivendo
assim.
Mas numa
sociedade materialista, as contradições chegam a clímax bastante lamentáveis
porque há momentos em que respeitamos a vida, há outros em que nós desprezamos a
vida, em nome de uma lógica mundana, em nome de certos cuidados
hipócritas.
É por causa
disso que surgiu no mundo, há muito tempo, a chamada pena de morte.
Ora, a pena de
morte é uma das coisas mais antigas da Humanidade.
Quando alguém
não estava procedendo de acordo com a maioria ou com o desejo dos reis, dos
príncipes, era condenado à morte por lanças, por espadas, por flechas, por
incineração, afogados, as mais variadas formas de pena de morte foram impostas
às criaturas.
O tempo foi
passando e a pena de morte foi cedendo lugar à justiça, à lei, ao processo.
Alguém que cometeu um erro contra a sociedade será julgado, por pessoas idôneas,
socialmente falando.
Com o nascimento
da lei, da organização social, tudo foi tomando um aspecto mais
humano.
Mas, as
contradições humanas continuaram a existir, porque a pena de morte não foi
banida definitivamente do mundo, apenas foi tomando coloridos
especiais.
Ficaram em
alguns países as marcas da pena de morte propriamente dita: o paredão, a forca,
a morte por tiro, por arma de fogo.
Temos exemplos
de países árabes, temos exemplos da China, temos exemplos variados pelo mundo,
onde a pena de morte propriamente dita ainda vigora.
Mas conhecemos a
pena de morte chamada de eutanásia, a boa morte, como a palavra grega quer
dizer: eu tânatus, eu é bom, boa, tânatus é morte.
Porque nós nos
sentimos investidos de um sentimento de piedade e queremos diminuir o sofrimento
dos outros ou atender a solicitação dos outros para diminuir seus sofrimentos. É
a pena de morte imposta ao enfermo grave.
Conhecemos a
pena de morte autoimposta. A criatura humana se impõe a pena de morte quando
perpetra o suicídio. Sim, é pena de morte autoimposta.
Mas há uma forma
de pena de morte, por todos os títulos, a mais covarde, o
abortamento.
E, quantas vozes
se levantam para defender o abortamento.
É curioso
perceber que esse tipo de defesa é um desses paradoxos sociais na Terra, é uma
dessas contradições, nas quais vive a criatura humana.
Por um lado as
pessoas desejam ardentemente um filho, mas querem ter o direito de decidir qual
dos filhos pode morrer, qual dos filhos será alijado, qual dos filhos será
abortado.
Ajuntam-se
argumentos políticos, econômicos, piedosos. Ajuntam-se argumentos materialistas,
todos eles, para justificar que alguém tem o direito de matar alguém.
Se diz até, que
é melhor o aborto formalizado do que as mulheres o perpetrarem aleatoriamente e
correrem perigo de vida, como se no abortamento oficial, legal, onde ele exista,
não haja perigo para as mulheres.
Abortar. Eis uma
das contradições sociais.
Numa sociedade
cristã, numa sociedade que ame a Deus, mesmo que ela não seja cristã, mas que
ame a um Criador da vida, não haveria espaço ou não haverá espaço para o
aborto.
* * *
É curioso notar,
porém, como as pessoas arranjam argumentos na tentativa de justificar o
aborto.
Quase sempre
esses argumentos esbarram no direito da mulher, direitos sociais da
mulher.
Outras vezes,
esbarram nas justificativas de ordem econômica.
É lamentável
perceber como a mente humana, às vezes é pobre para avaliar profundamente
determinadas questões. Desde os tempos da Inglaterra de Malthus, quando ele
propunha o controle da natalidade, afirmava que nascem as criaturas em dimensão
maior do que se produzem alimentos no mundo.
Ele dizia que os
alimentos são produzidos em progressões aritmética, progressões que se somam e
que as pessoas nascem, a população nasce e cresce em dimensões, em proporções
geométricas, se multiplicam.
E que chegaria o
dia que não haveria comida para todos. Começava-se a plantar a ideia do
abortamento na Inglaterra, na Europa, por conta das ideias de
Malthus.
Mas as ideias
malthuzianas perderam espaço quando se começou a produzir alimento no mundo em
grandes proporções.
No entanto, na
cabeça de muita gente, na mente de muita gente, o abortamento se justifica
quando a criança vai nascer com problemas, o abortamento eugênico.
Contudo, dentro
das Leis de Deus, há uma razão para que a criança nasça com aquela
anomalia.
E se a criança
perfeita precisa ser amada, deve ser cuidada, a criança com anomalia, com
deficiência, mais ainda.
Mas existe o
argumento da mulher que sofreu o estupro.
Essa tem direito
a não querer o filho. Sim, ela tem direito a não querer o filho, ela só não tem
direito de matar o filho.
Deixe esse filho
nascer, entregue a uma pessoa, entregue a uma instituição, passe-o adiante, mas
não suje as suas mãos com o sangue do seu próprio filho.
Ela sofreu
violência sexual, imaginamos.
Mas o violento
seduziu-a, usou-lhe o corpo, mas preservou-lhe a vida e ela, que se julga melhor
do que ele, deseja matar o próprio filho. As contradições.
Daí então
percebermos que não há necessidade de ninguém matar ninguém, muito menos o seu
filho.
E quando
pensamos nisso, alguém gritará:
Mas a mulher tem
direito ao seu corpo.
É verdade.
Ninguém negaria esse direito à mulher sobre seu próprio corpo.
Mas quando ela
pratica o aborto, é sobre o corpo do filho que ela age, não é mais sobre o seu
corpo.
Ela mata, ela
arranca das entranhas o corpo do seu filho.
É certo que esse
corpo dependia do dela, mas não era o dela.
Assim, não há
justificativa para o abortamento.
Problemas
econômicos?
Ora, caberia aos
governos dar às pessoas, às sociedades, às comunidades, mais dignas condições de
vida social: emprego, estudo, tudo isso para o que os cidadãos pagam seus
impostos, tudo isso para o que a sociedade foi politicamente
organizada.
Mas, não se
justifica que se incentive a mulher fazer aborto porque o marido está
desempregado, porque ela está desempregada.
Essa não é uma
sociedade cristã, essa não é uma sociedade deísta, essa terá que ser uma
sociedade materialista.
Por mais que as
pessoas frequentem templos religiosos, elas não seguem, não entendem o que
significa isto, elas têm comportamentos materialistas.
Óbvio que quando
pensamos no abortamento, há uma única condição em que ele poderia ser aplaudido,
ou admitido pela sociedade.
Os Seres
Espirituais dizem que o médico, ao verificar que a vida da mãe corre perigo
iminente, entre preservar a vida do feto e preservar a vida da mãe, decide por
preservar a vida da mãe para que os outros filhos não fiquem órfãos e porque, à
luz do Espírito, esse filho poderá voltar através dela mesma. Mas se matarmos a
base, ele não poderá retornar por ela.
E dizem os Seres
Espirituais: entre uma vida que já está existindo, participando, já tem
compromissos e uma que ainda vai começar, nós ficamos com aquela que já está
estabelecida.
Há que se
pensar maduramente porque estamos impondo às mentes jovens, o mesmo critério
para que elas tratem amanhã a todos nós que vamos envelhecer e nos tornaremos
muitas vezes pesos sociais nas suas costas.
Transcrição do
Programa Vida e Valores, de número 148, apresentado por
Raul Teixeira,
sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
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Nota da FEB: Decisão
sobre aborto do Anencéfalo no STF
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Consta da pauta do Supremo Tribunal Federal do dia 11
de abril a decisão sobre o processo que ali tramita que poderá liberar o aborto
para casos de anencéfalos. Como, s.m.j., encontram-se esgotados outros recursos,
sugere-se: a realização de preces/ vibrações; a ampla divulgado/circulação do
artigo do ex-ministro Eros Grau “Pequena nota sobre o direito a viver”
(anexado), publicado na revista da FEB (Reformador, setembro de 2011), e, quiçá,
levado às mãos dos que têm alguma influência sobre o processo decisório. Acesso
também pelo link do Portal da FEB: http://www.febnet.org.br/site/noticias.php?CodNoticia=1085
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