quarta-feira, 4 de abril de 2012

Conversa em Família

Quando observares a dificuldade moral de alguém, não te detenhas na superfície
das coisas. Aprofunda-te no exame das causas, para que a injustiça não te enodoe o
coração.
Recordemos que o médico nem sempre identifica a enfermidade pelo que vê,
mas sobretudo por aquilo que não vê, apoiado na cooperação do laboratório.
Raramente todo o mal é aquele mal que se enxerga no lado visível das
circunstâncias.
A Humanidade é constituída de povos; cada povo se baseia em comunidades;
cada comunidade é uma coletânea de grupos; cada grupo é uma constelação de almas.
Não opines sobre qualquer acontecimento infeliz, sem apreciar todas as peças
que o suscitaram.
Como definir a posição da esposa, imaginada em desvalimento, sem considerar
a conduta do esposo, chamado pelos princípios de causa e efeito a prestar-lhe assistência
? E como examinar o homem tombado em criminalidade passional, sem analisar a
mulher que o levou ao desvario ? De que modo interpretar os jovens transviados sem
tocar nos adultos que os largaram à matroca, e de que maneira observar a penúria dos
mais velhos, sem anotar o abandono a que foram votados pelos mais moços ?
Como acusar unicamente os maus, sem perguntar aos bons o que fizeram por
eles, na esfera da convivência ? E como condenar exclusivamente os pecadores, sem
saber que orientação recolheram dos virtuosos que lhes comungam a vida cotidiana ?
Serão justos ou insensíveis os Espíritos nomeados por justos quando relegam
seus irmãos aos enganos da injustiça, sem a mínima frase que lhes clareie o raciocínio ?
E serão corretos ou ingratos os Espíritos supostos corretos quando deixam seus irmãos
afundados no erro, sem o menor amparo que lhes refaça o equilíbrio ?
Irmãos uns dos outros pelos laços da família maior - a humanidade - , à frente
de nossos companheiros caídos antes de censurá-los, será preciso interrogar-nos a nós
próprios que espécie de benefício já lhes teremos feito, a fim de que não resvalassem no
lodo que lhes desfigura a face divina de filhos de deus, tão carecedores das bênçãos de
deus quanto nós próprios.
Reflitamos nisso, porque, atendendo a isso, sempre que impelidos a observar o
comportamento de alguém, teremos misericórdia por inspiração e apoio, a fim de que
não falhemos ao imperativo do amo para a glória do bem.

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