Narra-se
que Chico Xavier estava parado defronte ao correio, conversando com seu
irmão André, quando um policial passou por perto e, colocando o braço
direito sobre seu ombro, lhe disse:
Muito obrigado, Chico!
E foi andando.
Chico ficou intrigado com aquele agradecimento. Não podia atinar com a causa.
À
tarde, ao regressar do serviço, viu defronte a um bar um bloco de
trabalhadores da fábrica e, no meio deles, o guarda que o abraçara pela
manhã.
Passou mais perto e observou que o guarda tentava apartar uma briga entre dois irmãos, que se desentenderam por coisas de somenos importância.
O policial, vendo inúteis seus esforços e porque a discussão já se generalizava, envolvendo todo o bloco, tirou da cintura o revólver e ia usá-lo para impor sua autoridade.
Chico, mais que depressa, chegou perto e pediu-lhe:
Calma, meu irmão.
O guarda voltou-se contrariado mas, reconhecendo Chico, como que envergonhado do seu ato, parou de súbito e exclamou:
Muito obrigado, Chico!
Controlou-se, usou da palavra, aconselhou e o bloco foi desfeito com o arrefecimento dos ânimos...
À noite, indo Chico para o Centro Espírita, encontrou-se com o oficial novamente:
Chico, ia procurá-lo e agradecer-lhe, muito de coração, o bem que você me fez, por duas vezes.
Por duas vezes? Como?
Anteontem
sonhei com você, que me dizia: "Cuidado, não saia de casa carregando
arma à cintura como sempre o faz. Evite isso por uns dias..."
Por isso é que lhe disse, hoje, pela manhã: "Obrigado, Chico!" Referia-me ao sonho, ao seu aviso.
Mas me esqueci de atendê-lo. Saí armado e, se não fosse o concurso de nossos amigos espirituais na hora justa, teria feito hoje uma grande bobagem. Poderia até ter matado alguém... Mas a lição ficou, Chico.
Muito obrigado, Deus nos ajude sempre!
* * *
O fato mostra, primeiramente, como Chico era um instrumento da paz neste mundo. Visitando o amigo em sonho e depois o salvando, pessoalmente, de se comprometer seriamente com a vida.
Também
mostra como ainda ignoramos mensagens claras de alerta, de aviso, que
buscam nos preservar de problemas maiores na existência.
A espiritualidade se utiliza dos sonhos, das intuições e até dos que estão ao nosso redor para nos dar recados, para nos trazer advertências preciosas.
Só
quem está com os pensamentos em equilíbrio e com a alma tranquila,
consegue ouvir e se aproveitar dessas oportunidades inigualáveis.
Aqueles
que estamos nervosos, afundados em ódios e pensamentos negativos,
tornamo-nos surdos a qualquer bom conselho que possa nos ser dado.
Os
Espíritos influenciam muito nossos pensamentos e atos. Escolher que
conselhos vamos ouvir, que influências, boas ou más, iremos nos
permitir, é escolha apenas nossa.
Utilizemos
nossa sensibilidade. Prestemos maior atenção às intuições. Paremos,
sempre que possível, elevando o pensamento em oração e perceberemos que
podemos receber muito mais ajuda do que imaginamos.
casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama, ed. Lake.
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