Medrado na mídia-Fantasmagoria do Fantástico
Artigo publicado no Jornal A Tarde
Ao que tudo indica, acabou a série do Fantástico - Phantamasgoria -
onde, a cada semana, o seu apresentador, acompanhado de um mágico,
ilusionista profissional, levantava casos tidos como de aparecimento de
fantasmas, com objetivo de desconstrução das chamadas “lendas urbanas”.
Recebi, consequentemente, algumas considerações de que o programa estava
desqualificando a fé, “detonando” princípios que poderiam ter a sua
verdade, mas que estavam sendo ridicularizados. Honestamente, achei o
quadro muito fraco, um grupo de pessoas vivenciando seus medos, como
tarefas bobas, no âmbito do que se propunha o programa. No entanto, mais
uma vez, vi reafirmado o entendimento que guardo e divulgo, que não
podemos cair na vala de muitas religiões, colocando um vento transverso,
por exemplo, à conta de presença espiritual ou o que valha.
É
muito fácil verificar a erva daninha invadindo o terreno do vizinho, mas
quando se trata do nosso... Vemos muito, nos meios espíritas,
referências à fanatização dessa ou daquela corrente religiosa, mas
encontramos também em nossas hostes um sem número de pessoas
fanatizadas, inclusive por médiuns. É um tal de divulgar que temos uma
religião que se apóia na razão, mas vivemos proclamamos coisas insanas,
pieguices sem sentido, devotamentos esquisitos, sem falar no passar
responsabilidade de tudo aos espíritos.
Se nós, dirigentes e
médiuns, tivéssemos um compromisso maior com os fatos, sem o fantasioso,
que para uns é ponto de autoafirmação, para outros pura e simples
enganação mesmo, as verdades científicas não chocariam; há ainda os que
imitam para ser igual ao imitado, sem se questionar se o imitado, de
fato, é bom. É um desencontro sem fim, que gera, aos que pensam,
exatamente o que vemos por aí: pessoas desacreditando, outras nem crendo
porque, efetivamente, foram passadas fantasias, com o velho interesse
de sempre das religiões, formar fileiras, para exibir poder. Só que no
Espiritismo isso nem vem acontecendo, visto que o crescimento de seus
adeptos é pífio. Talvez seja até por isso mesmo: desconstrução de
fantasias cultivadas por décadas.
Penso que aí caberia uma ação
em pontuada das Federações Espíritas, esclarecer com isenção, mas o pior
é que elas próprias são núcleos semeadores da fantasia, ignorância. Ao
que parece, o movimento espírita vai ficar assim como está, para muitos,
emperrado, ultrapassado e fadado a ser colocado em xeque, toda vez que
vierem à sociedade notícias sobre pseudo aparições de espíritos, que, se
de fato há os fajutos, como os demonstrados, existem os verdadeiros,
mas fica tudo na vala comum, uma vez que ainda vemos fanáticos
espíritas, inclusive pregadores, afirmando de um todo, desde que
epilepsia é mediunidade não cuidada, até vento de fresta como presença
espiritual.
É só olhar na sociedade e se questionar: onde os
jovens médiuns? Onde a renovação de palestrantes, realmente.? Não falo
do antigo em aparente roupagem nova. Onde? Pois é...
JOSÉ MEDRADO / MÉDIUM, FUNDADOR E PRESIDENTE DA CIDADE DA LUZ
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