domingo, 9 de setembro de 2012

QUESTÃO MODERNA

Os quatros mensageiros da Esfera Superior, antes da vinda à Terra em missão
educadora e reconfortativa, ouviram claramente as palavras do sábio orientador que os
dirigia:
- Filhos, guardareis em tudo e com todos a nobreza de nossos princípios.
Onde estiverdes, habilitai-vos a falar com segurança e a estender mãos limpas, a fim de
ajudar.
Defendei a simplicidade e a pureza da doutrina renovadora de que sois emissários. Não a
maculeis com inovações que se lhe façam incompatíveis com a essência de luz!” Não
mistureis o joio com o trigo, nem a mentira com a verdade...
Em todas as circunstâncias, recordai que sois enviados a servir!...
A diminuta caravana partiu de luminoso caminho no rumo da Terra e, em ponto
determinado, os quatro componentes se separaram com a promessa de reencontro, no
mesmo sítio, vinte meses depois.
Findo esse tempo, ei-los de retorno para o entendimento afetivo.
Vinham, no entanto, fatigados, desiludidos...
O primeiro falou:
- Estou cansado de lutar. A comunidade a que me coube prestar concurso é constituída
por classes que se tiranizam entre si. O orgulho arrasa-lhes a força moral e os
preconceitos de raça consomem-lhes as melhores aspirações de raça consomem-lhes as
melhores aspirações de fraternidade. Nada pude fazer. Sem dúvida, acreditam no Cristo e
reverenciam-lhe o Evangelho; contudo, em vista do que exponho, não creio possam
receber a nossa cooperação e guardar nobreza de princípios.
Disse o segundo:
- Onde estive, encontrei somente a paixão pela fortuna terrestre. As criaturas aceitam a
Doutrina Cristã e falam nela, respectivamente, uma vez por semana; entretanto,
imobilizam a mente em questões de dinheiro... Trabalham, sofrem e desencarnam quase
que unicamente por isso... Volto desalentado porque não admito consigam, assim, amar a
Deus e a Humanidade, levantando mãos limpas...
Explicou-se o terceiro:
- Vi apenas religiosos fanáticos por onde passei. Vaidosos das letras que entesouraram,
acreditam nas Divinas Escrituras, mas formam grupos de intolerâncias entre si e
combatem qualquer pessoa que não interprete os ensinamentos do Senhor à maneira
deles...
Desisti de ajudá-los, de vez que não os suponho capazes de mostrar coração humilde e
simples na Obra do Mestre!...
Por fim, queixou-se o último:
- Não trago também outra coisa que não seja amargura e desencanto. Nas regiões que
visitei, pude tomar contacto com milhares de irmãos que veneram Jesus, mas em meio de
entidades menos evolvidas, cuja visão não vai além de vantagens e gratificações da
existência material. Essas pessoas, segundo deduzi, não aspiram a outra atividade
espiritual que não seja o intercâmbio mediúnico em bases de interesse rasteiro e
misticismo primitivista. Não compreendo como conseguiram aceitar-nos a colaboração,
sem fazer inovações desaconselháveis, na seara do Cristo de Deus.
Mesclando lamentação e censura, entraram em prece, apelando para o discernimento do
mentor que os despachara, e, depois de alguns minutos, o experiente amigo se fêz
visível, considerando, após ouví-los:
- Meus filhos, viestes cooperar no trabalho urgente do Evangelho ou sois partes do
problema de Jesus? Devemos guardar nobreza de princípios, movimentar mãos limpas,
conservar simplicidade e evitar inconveniências na construção do Reino do Senhor, mas,
sem dúvida, instruindo os nossos companheiros da Humanidade par que façam o mesmo,
através de paciência, esforço, boa palavra e exemplo edificante. Que dizer do médico
decidido a fugir do enfermo que lhe espera os cuidados, sob a desculpa de que o irmão
necessitado é portador de doença? Saberemos nós algo de útil sem que alguém nos haja
ensinado? A evangelização é empresa de amor. Como reclamar virtudes alheias sem
ajudar a levantá-las? Onde nos será possível encontrar aperfeiçoamento e renovação
sem que nos disponhamos a servir? E não será para servir melhor que o Senhor nos
auxilia e nos induz a melhor conhecer? Retomemos as nossas obrigações e sejamos
fiéis!...
Calou-se o orientador e, percebendo que ele se aprestava a partir, de regresso à
Espiritualidade Maior, um dos tarefeiros inquiriu, aflitivamente:
- Generoso amigo, uma palavra a mais!... Sintetizai para nós alguma derradeira
advertência que nos possa manter o raciocínio claro na ação justa!... Socorrei-nos!...
Deixai-nos um conselho, uma frase que nos sirva de luz na hora da indecisão!...
O mentor fixou, de maneira expressiva, a reduzida assembléia e concluiu:
- Ah! meus filhos!... meus filhos!... Somos chamados a desenvolver a sementeira e a
colheita do Evangelho, onde a sementeira e a colheita do Evangelho se encontrem!... Em
verdade, pouco podeis contra a escuridão do materialismo, quando a escuridão do
materialismo animaliza as criaturas... Estejamos, porém, convencidos de que, onde esse
ou aquele grupo humano demonstre sinceridade e boa consciência, qualquer serviço por
Jesus e em nome de Jesus será sempre melhor do que nada.

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