quinta-feira, 1 de novembro de 2012

MEDO DA MORTE

Com que fim Deus concedeu a todos os seres vivos o instinto de
conservação?
- Por que todos devem colaborar nos desígnios da Providência, foi por isso que
Deus lhe deu a necessidade de viver. Depois a vida é necessária ao
aperfeiçoamento dos seres; eles o sentem instintivamente, sem disso se
aperceberem.
(“O Livro dos Espíritos” questão nº703)



O instinto de conservação é uma lei da natureza, sem o mínimo de
apego à vida material, o espírito, quando reencarnado, não se
submete ás finalidades da encarnação.
O receio da morte, portanto, para o homem ainda pouco
consciente de si torna-se lhe indispensável ao progresso, pois, caso
contrário, a indiferença pelas lides no corpo material se lhe
constituiria em obstáculo no aprendizado.
Vejamos em tudo uma manifestação da Sabedoria Divina. Se o
homem nascesse plenamente convicto do seu porvir espiritual não
haveria de cuidar-se e a deserção da vida física se generalizaria,
tornando inócuo o processo reencarnatório, ou seja, a reencarnação
deixaria de ser o instrumento de progresso que é.
Imaginado a morte como sendo o nada, a criatura luta para
preservar-se em sua forma perecível, colaborando com o criador no
aperfeiçoamento de Sua Obra. Graças, digamos, a esse receio
infundado de destruição é que o homem tem se esforçado para
sobrepujar a fatalidade da morte.
O homem só deixará de temer de todo a morte, quando souber
valorizar, sem que careça de semelhante subterfúgio, a sua
experiência no mundo das formas transitórias, admitindo-a como
indispensável e necessária ao seu crescimento espiritual.
Neste sentido, observamos que a própria mediunidade, como
sendo um instrumento de comprovação das realidades do espírito,
padece certas limitações, porquanto hoje uma prova inequívoca da
imortalidade induziria muitas mentes à perturbação. Inclusive,
muitos medianeiros, sem o concurso providencial da dúvida, não
haveria de sustentar-se no clima das tensões a que são chamados a
operar.
Reflitamos se, de um momento para o outro a ciência deliberasse
proclamar que a reencarnação seja, como de fato é para nós que
nela cremos, uma verdade incontestável...
Estariam todos, perguntamos, aptos para abandonar os interesses
que os vinculam a esta ou àquela religião que refuta a tese
reencarnacionista? Não ocorreria um desnorteamento das almas,
ainda imaturas para as cogitações filosóficas de maior
transcendência? E o que haveria os homens de fazer com
semelhante revelação, sem que o amor lhe inspirasse a conduta?...
O instinto de conservação em todos os seres é o natural anseio de
imortalidade – Perpetuar a espécie significa perpetuar a
oportunidade de renascer; por este motivo, as arvores deitam
sementes de si mesmas ao pé das próprias raízes, os animais da
mesma espécie vivem em bandos e os homens anseiam por se
continuarem em seus descendentes...
Inconscientemente, todos os seres, em seu túmulo, cuidam de
preparar o berço de sua próxima existência, na ânsia de retornarem
ao aprendizado que a morte não interrompe. O pai sabe que o filho
lhe proporcionará o futuro advento no corpo, quando, então a vida
lhe enseje a oportunidade de renascer no mesmo grupo familiar, nas
condições de herdeiro de si mesmo.
O instinto de conservação que parece, pois, contradizer no homem
a idéia de imortalidade, é uma das mais belas e sábias leis da
natureza – Lei que o torna plenamente responsável por todos os
seus atos.

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