sexta-feira, 6 de março de 2015

Crer em Deus

Alguns de nós cremos em Deus, por simples atavismo religioso. Assim nos ensinaram nossos pais. Deus existe e tudo criou.
Outros cremos porque a razão nos diz que não pode haver tanta harmonia, beleza e sincronia em todo o universo, sem algo ou alguém que a tudo presida.
O professor Cressie Morrisson afirma que ele crê em Deus por vários motivos. Um deles é o equilíbrio que existe no ecossistema.
Diz ele: Sabemos que os insetos respiram através de tubos. Na medida em que os insetos crescem, os tubos não crescem, o que faz com que eles morram, por falta de ar.
Assim acontece com a cigarra. Ela não morre de cantar, mesmo porque o barulho que identificamos como seu canto, se trata do ruído que ela produz atritando as patas. Quando ela cresce, os tubos não lhe dão o ar necessário e ela morre.
Se os insetos crescessem e, com eles, crescessem os tubos, poderíamos ter formigas do tamanho de elefantes e pulgas com corpos de rinocerontes, tornando impossível a vida, na face da Terra.
E, continua o professor, alguém pensou em elaborada lei para manter o equilíbrio na natureza. Uma lei que funcionou bem na Austrália, há alguns anos.
Naquele país, os ventos impediam a agricultura e teve-se a ideia de criar sebes, para proteger a semeadura nascente. Assim, passaram a cultivar uma espécie de cacto.
Logo, por não terem inimigo natural, eles ocupavam uma área maior do que o território do império britânico.
Usaram todos os métodos possíveis e nada acabava com os cactos, que continuavam a proliferar, sem medida. Os ventos carregavam o pólen.
Reuniram-se os entomologistas na capital australiana e chegaram à conclusão de que deveriam procurar um inseto que se alimentasse de cactos e que fosse excelente reprodutor.
O pequeno animal foi descoberto no Nordeste brasileiro e exportado, em quantidade, para a Austrália.
Pouco depois, os entomologistas novamente se preocuparam. Os cactos estavam desaparecendo. Mas, e os besouros? Não se tornariam uma praga no país?
Foi aí que a sábia lei do equilíbrio entrou em ação, estabelecendo cactos para besouros e besouros para cactos.
Por isso, diz Cressie Morrisson, eu creio em Deus.
David, no capítulo XVIII dos Salmos canta: Os céus proclamam a glória de Deus e o universo fala da obra das Suas mãos.
E o telescópio Hubble nos permite ver até um bilhão de estrelas, apenas na nossa galáxia. Cada qual com seu brilho especial.
Nosso sol, uma estrela de quinta grandeza, avança pelo infinito, com seus planetas, em uma jornada interminável, pelo universo.
Ante tanta grandeza, não se pode senão crer nesse Deus, sábio, inteligência suprema, que tudo criou, estabelecendo leis perfeitas, que zelam pela harmonia e beleza de todo o universo.
*   *   *
Um pai humano, mesmo que destituído de sentimentos superiores, providencia o pão, o agasalho, o medicamento, o socorro para o filho, planejando-lhe a felicidade.
O Pai Celestial, muito mais sábio e generoso, brinda todos os tesouros imagináveis aos Seus filhos.
Na Sua magnanimidade, enche de luzes o espaço infinito e, com a mesma grandeza, veste a singela flor do campo das cores mais suaves aos tons mais vibrantes.

Redação do Momento Espírita, com base em palestra de
Divaldo Pereira Franco,
Porque creio em Deus e no cap. 6,
do livro
Lições para a felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 25.2.2015.

Lição para um filho

Eram os últimos anos do século XIX. Na aldeia de Rampur, na Índia, o filho do governador do distrito foi ao bazar para comprar doces.
Pelo caminho, encontrou uma senhora idosa, esfarrapada, esmolando. Compadecido, fez o que vira sua mãe fazer muitas vezes: deu-lhe as moedas que trazia e voltou para casa sem doces.
Entretanto, o menino Sundar Singh continuou inquieto. Tinha certeza de que aquelas moedinhas que dera não seriam suficientes para remediar as urgentes necessidades daquela mulher.
Ele vira o vento frio agitar-lhe os farrapos em torno do corpo magro, e gostaria de poder abrigá-la melhor.
Procurou o pai, contou a história e perguntou se não seria possível darem a ela cinco rupias, que lhe permitiriam comprar agasalhos.
Envolvido nas questões políticas, distraído quanto ao verdadeiro sentido do pedido do filho, Sher Singh respondeu que a socorrera várias vezes. Agora, que o filho deixasse que outra pessoa a auxiliasse.
O garoto não se conformou com essa solução. Afinal, ele vivia num grande e velho solar, com todo o conforto, onde a comida era boa e não faltavam agasalhos.
Sundar sabia onde seu pai guardava o dinheiro. Silenciosamente, retirou cinco rupias e saiu de casa, com a intenção de entregá-las à necessitada.
Mas as moedas lhe queimavam a mão. Aquilo era furto e ele compreendia muito bem o valor moral da ação praticada. E se o pai descobrisse? Ele não temia o castigo, somente temia perder a amizade e a confiança da família.
Deteve-se. Olhou as moedas, fechou-as fortemente na mão e retornou para casa, disposto a colocá-las de volta em seu devido lugar.
Porém, havia pessoas perto do cofre. Sundar escondeu muito bem o dinheiro e nada disse.
Mais tarde, o pai deu por falta das moedas. Ele tinha certeza de que as havia colocado no cofre. Procurou melhor. Talvez, de forma distraída, as tivesse deixado em outro local. Busca infrutífera.
Perguntou ao filho se as tinha visto e ele respondeu que não. Por fim, como não se tratava de quantia considerável, o governador se esqueceu do caso.
Anoiteceu. Todos se recolheram, após a leitura de um trecho do livro sagrado.
A noite foi terrível para o menino, que não conseguiu conciliar o sono. Revolveu-se na cama, de um lado a outro.
No dia seguinte, mal a madrugada começou a avermelhar o céu, correu ao lugar onde escondera o dinheiro, apanhou-o e foi entregá-lo ao pai, confessando o que fizera.
O tormento que o consumia interiormente, desapareceu. Agora, em frente ao pai, ele aguardava ser castigado.
Que viesse a punição – pensava – ele a merecia.
Para sua surpresa, depois de ouvi-lo e receber as moedas, o pai lhe disse:
Sempre confiei em você, meu filho. Agora, vejo que não me enganei.
E, estendendo a mão aberta, devolveu as cinco rupias ao menino:
Aqui está o dinheiro. Leva-o para a mulher.
Podemos imaginar o respeito e a admiração do pequeno pelo pai.
*   *   *
Educar os filhos, ensinar-lhes valores morais requer cuidados. Não existem fórmulas precisas que não nos permitam equívocos, no processo educativo.
Contudo, uma boa dose de compreensão, algumas gotas de psicologia, cuidadosa observação e muito amor, com certeza, nos garantirão os melhores resultados na formação moral dos nossos filhos.
Pensemos nisso e dediquemo-nos. Afinal, não há tesouro maior na Terra do que os Espíritos que habitam nosso lar, na qualidade de filhos da carne e do coração.

Redação do Momento Espírita, com base no
cap.1, do livro
O apóstolo dos pés sangrentos,
de Boanerges Ribeiro, ed. Casa Publicadora
das Assembleias de Deus.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Para aqueles que não podem ver

Aquela parecia ser apenas mais uma cerimônia de formatura de grau superior.
Muitas pessoas reunidas para celebrar a conquista de seus amores. Nomes gritados com empolgação. Convenções ritualísticas antigas, enfim, tudo que sempre se encontra nessas celebrações.
Excelentíssimos, ilustríssimos, discentes, docentes, todos estavam lá.
Os formandos, um a um, desciam de suas cadeiras organizadas em fileiras atrás da mesa principal. A cada nome, ouvia-se uma pequena algazarra de dez, quinze, vinte pessoas, homenageando aquele jovem, em meio ao grande público, que só prestava atenção quando ouvia o nome do formando que estavam prestigiando.
Seguia o cerimonial. Mais um nome chamado e um silêncio profundo.
A formanda demorou um pouco mais para chegar à mesa de autoridades. E o fez com o apoio de um auxiliar da empresa organizadora do evento.
Ela recebeu o diploma simbólico e o público, que até agora apenas esperava o momento de felicitar seus parentes, iniciou uma demorada salva de palmas.
As pessoas estavam surpresas: uma jovem com deficiência visual recebendo o grau de pedagoga das mãos do representante da universidade.
Pensamentos ganharam os ares do anfiteatro. Os mais objetivos e práticos pensavam: Como ela conseguiu? Como conseguiu estudar? Como fazia as provas?
Outros, cépticos e insensíveis, com a ideia de que ninguém consegue sucesso por merecimento próprio, pensavam: Ela deve ter recebido ajuda dos professores, que se apiedaram de sua condição. Ou devem ter facilitado sua vida para que ela pudesse conseguir.
Muitos estavam simplesmente com uma expressão de admiração em suas faces. Sensibilizados, compreendiam que aquilo era possível: uma deficiente visual se formar na universidade.
Sua comemoração, com o diploma nas mãos, foi vibrante, digna de uma autêntica vencedora.
Prosseguiu a cerimônia, iniciando-se as homenagens. Na homenagem a Deus, lá estava ela novamente, levantando-se e sendo guiada até o púlpito.
Havia um brilho especial em sua face. Uma alegria radiante vinda de um Espírito que enxergava melhor do que todos aqueles que estavam ali, que viam apenas com o sentido da visão.
Sua homenagem a Deus foi emocionante e singela.
Seus dedos passavam suavemente sobre os pequenos pontos em relevo da folha de discurso, pontos criados por um outro jovem, o francês Luís Braille, no século dezenove, e que se tornaram uma das janelas de acesso ao mundo para os deficientes visuais.
Suas palavras eram claras, sua dicção perfeita e sua mensagem divina. Ela agradecia a Deus por estar ao seu lado naquela conquista. Seu coração mostrava ao mundo o verdadeiro amor ao Criador, através de sua resignação e perseverança na existência.
Ela dizia, para aqueles que não podem ver, que tudo é possível se persistirem, se lutarem e não desanimarem.
E, sem palavras, apenas com sua presença, dizia que há muito mais beleza neste mundo do que podemos imaginar, e que sonhar sempre será preciso.
Ela dizia isso para aqueles que ali estavam e que ainda não haviam aprendido realmente a ver.

Redação do Momento Espírita.
Em 23.2.2015.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Opções e caminhos

Caminhar pela existência terrena é encontrar dificuldades, atribulações, dias difíceis e tentadores.
Tal como a escola sem desafios e feita somente de diversão e recreio perderia seu propósito, também a vida perderia sua proposta de aprendizado e crescimento se assim não fosse.
Essas situações se constituem, ao mesmo tempo, em desafios existenciais e convites ao aprendizado.
Cabe a cada um de nós perceber a riqueza de oportunidades que a vida nos oferece, mesmo que, muitas vezes, sob o jugo das dificuldades ou das dores.
O parente difícil, arrogante ou desrespeitoso pode ser o fomentador de nosso desequilíbrio, o causador de tensões familiares e contendas intermináveis.
Ou podemos considerá-lo como o convite da vida para estendermos um pouco mais os limites de nossa paciência, ampliar nosso olhar de compreensão sobre suas limitações. Uma mesma situação, duas maneiras de ver.
A doença que nos chega repentina e avassaladora, redirecionando caminhos, limitando planos, pode ser vista como chamamento para a reflexão, para a modificação de valores e de postura perante a vida.
Da mesma forma, pode conduzir-nos à depressão, ao desânimo, à falência da fé.
A mesma ocorrência, caminhos distintos a serem tomados.
As dificuldades financeiras, a necessidade de esforço intenso para determinadas conquistas, os obstáculos frequentes para alcançar o que sonhamos pode ser um desestímulo, um convite ao abandono dos sonhos.
Porém, pode também se constituir em fonte de aprendizado e valorização das conquistas alcançadas.
Assim é feita nossa existência: de grandes e pequenos desafios. Simples atrapalhos e imensas dificuldades a enfrentar.
Cada um deles representa um convite que a vida nos faz.
E sempre caberá a nós a opção de como agir diante desses convites.
Não há no mundo quem não os tenha recebido.
Madre Tereza, no início de seu apostolado, era apenas uma desconhecida freira católica a pedir comida para os esfomeados da sua Calcutá, na Índia.
Foi Prêmio Nobel da Paz, paz que semeou pelo mundo das dores e das necessidades.
Francisco Cândido Xavier era um simples funcionário público, pouco escolarizado, a dialogar com os Espíritos e atender as dores do povo, no pequeno burgo de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais.
Tornou-se a mais aprimorada antena psíquica que a Terra já recebeu.
Marie Curie, a grande mulher das ciências modernas, era apenas uma desconhecida imigrante polonesa, na Paris do século XIX, tentando estudar e sobreviver.
Foi Prêmio Nobel por duas vezes e ofereceu ao mundo as suas descobertas, amenizando dores dos seus irmãos em humanidade.
Nenhuma dessas conquistas foi simples ou fácil. Nenhum desses sonhos foi alcançado sem grandes esforços e renúncias.
Porém, essas pessoas optaram por enfrentar os problemas, dificuldades e limitações pessoais, da melhor forma que lhes foi possível.
*   *   *
Somos o resultado das opções que fazemos.
Assim, se percebermos que algo há a melhorar, utilizemos o tempo de que ainda dispomos para isso.
Se concluirmos que os caminhos pelos quais transitamos não são os mais adequados, retifiquemos os próprios passos.
Teremos sempre a chance de corrigir nossos planos, reformular opções, refazer a estrada em algum ponto em que nos equivocamos.
Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 3 de março de 2015

Crianças e Nós

Muitos setores das ciências psicológicas asseveram que é indispensável preservar a criança contra a mínima coação, a fim de que venha se desenvolver sem traumas que lhe prejudicariam o futuro. Isso, no entanto, não significa que deva crescer sem orientação.
Independência desregrada gera violência, tanto quanto violência gera independência desregrada.
Releguemos determinada obra arquitetônica ao descontrole e teremos para breve a caricatura do edifício que nos propúnhamos construir.
Abandonemos a sementeira a si própria e a colheita se nos fará desencanto.
Exigimos a instituição de um mundo melhor.
Solicitamos a concretização da felicidade comum.
Sonhamos com o levantamento da paz de todos.
Esperamos o reino da fraternidade.
Como atingir, porém, semelhantes conquistas sem a criança no esquema do trabalho a realizar?
Não mergulhará teus filhos nas ondas revoltas da ira quando a dificuldade sobrevenha, e sim não te omitirás no socorro preciso, sem deixá-lo à feição de barco desarvorado ao sabor do vento. Não erguerás contra ele a palavra condenatória nos dias de desacerto, a insuflar-lhe, talvez, ódio e rebeldia nos recessos da alma, e sim procurarás sustentá-lo com a frase compreensiva e afetuosa que desejarias ter recebido em outro tempo, nas horas da infância, quando te identificavas nas sombras da indecisão.
Sabes conduzir a criança ao concurso da escola, à assistência do pediatra, ao auxílio do costureiro ou ao refazimento espiritual nos espetáculos recreativos. Por isto mesmo não lhe sonegues apoio ao sentimento para que o sentimento se lhe faça correto.
Concordamos todos em que a criança necessita de amor para crescer patenteando mente clara e o corpo sadio, entretanto, é impossível efetuar o trabalho do amor - realmente amor - sem bases na educação.



EDUCAÇÃO MODERNA
Irmão Saulo
Uns condenam a educação moderna, saudosos dos tempos em que as crianças obedeciam aos pais pelo olhar e tremiam diante do mestre. Outros aprovam a nova educação sem a conhecer e fazem do seu princípio de liberdade uma forma de abandono. Não há liberdade irrestrita, pois a liberdade só pode existir dentro das condições necessárias. Um homem solto no espaço, livre até mesmo da gravitação, não pode fazer coisa alguma e perecerá na desolação. Para que ele tenha liberdade é preciso que esteja condicionado pelo meio físico, pisando a terra e aspirando o ar, condicionado pelo corpo e pelo meio familiar e social, e assim por diante.

A educação antiga era uma forma de domesticação. As crianças eram tratadas como animais. A educação moderna, a partir de Rousseau, é uma forma de compreensão. O seu princípio básico não é a liberdade, mas a compreensão da criança como um ser em desenvolvimento. O seu objetivo não é o abandono da criança a si mesma e sim o cultivo paciente da criança, para que possa crescer sadia no corpo e no espírito. Os maus juízos sobre a nova educação provêm do seu desconhecimento pelos pais e pelos mestres, muitos dos quais não possuem aptidão para educar.

Para os órfãos, o trecho citado de 0 Evangelho Segundo o Espiritismo prescreve-nos ajudá-los, livrá-los da fome e do frio, orientar suas almas para que não se percam no vicio. Esse o programa da nova educação. Seria um contra-senso convertermos os nossos filhos em órfãos, entregues a si mesmos, ao invés de vigiá-los, descobrir-lhes os maus pendores, corrigir-lhes as arestas morais e orientá-los para o futuro.

Os depositários de bens materiais cuidam deles para que não se deteriorem. O lavrador cuida das suas plantações para que produzam. Os pais, depositários de almas, têm responsabilidade muito maior e mais grave que a daqueles. Precisam cuidar de seus filhos e ajudá-los para que sejam úteis no futuro.

(Do livro “Na Era do Espírito”, psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires, Espíritos Diversos)
Relação de livros publicados por Chico Xavier e suas respectivas editoras:
http://www.institutoandreluiz.org/chicoxavier_rel_livros.html

 
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Realização: Instituto André Luiz
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Créditos:
Cluster Floral recebido sem autoria/Floral Cluster received without the author's name
(Notificar autor/Notify author)
Arte Digital: Lori (Instituto André Luiz)

Casa Espiritual

"Vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual." - Pedro. (I PEDRO, 2:5.)
Cada homem é uma casa espiritual que deve estar, por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor.
Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.
O aprendiz do Evangelho precisa, pois, refletir nas palavras de Simão Pedro, porque a lição de Jesus não deve ser tomada apenas como carícia embaladora e, sim, por material de construção e reconstrução da reforma integral da casa íntima.
Muita vez, é imprescindível que os alicerces de nosso santuário interior sejam abalados e renovados.
Cristo não é somente uma figuração filosófica ou religiosa nos altiplanos do pensamento universal.
É também o restaurador da casa espiritual dos homens.
O cristão sem reforma interna dispõe apenas das plantas do serviço.
O discípulo sincero, porém, é o trabalhador devotado que atinge a luz do Senhor, não em benefício de Jesus, mas, sobretudo, em favor de si mesmo.
(Do livro "Vinha de Luz", Emmanuel, Francisco C. Xavier)
NOTA: O link abaixo contém a relação de livros publicados por Chico Xavier e suas respectivas editoras:
http://www.institutoandreluiz.org/chicoxavier_rel_livros.html

segunda-feira, 2 de março de 2015

Ouve a Consciência

Ouve a consciência que te impele ao dever e não te perturbes.
Serve e caminha.
Não podemos construir os mínimos tópicos de alegria no próprio espírito, sem que nos rendamos com alegria ao trabalho que nos compete.
Somos material inteligente nas mãos sábias do Cristo. O Senhor, no entanto, não opera em nós através de constrangimento, porque o Reino de Deus deve realmente surgir nos recessos de nossas próprias almas.
Estuda os desafios que as circunstâncias te lançam em rosto.
É possível que todas as opiniões em derredor de ti se façam contrárias ,entretanto, conserva a paciência e espera por Deus, porque a opinião dos Mensageiros de Deus pode ser diferente.
Amar sem exigir compensação.
Colaborar para o bem nos lugares onde o mal se nos afigure solidamente instalado.
Aguardar sempre o melhor, ainda mesmo nas piores situações.
Todos somos obreiros do progresso.
Todos estamos endereçados à perfeição.
(Do livro "Caminho Iluminado", Francisco Cândido Xavier)
A vontade do Criador, na essência, é, para nós, a atitude mais elevada que somos capazes de assumir, onde estivermos, em favor de todas as criaturas.
Quem vem a ser, porém, essa atitude mais elevada que estamos chamados a abraçar, diante dos outros? Sem dúvida, é a execução do dever que as leis do Eterno Bem nos preceituam para a felicidade geral, conquanto o dever adquira especificações determinadas, na pauta das circunstâncias.
Vejamos alguns dos nomes que o definem, nos lugares e condições em que somos levados a cumpri-lo:
  na conduta - sinceridade;
no sentimento - limpeza;
na idéia - elevação;
na atividade - serviço;
no repouso - dignidade;
na alegria - temperança;
na dor - paciência;
no lar - devotamento;
na rua - gentileza;
na profissão - diligência;
no estudo - aplicação;
no poder - liberalidade;
na afeição - equilíbrio;
na corrigenda - misericórdia;
na ofensa - perdão;
no direito - desprendimento;
na obrigação - resgate;
na posse - abnegação;
na carência - conformidade;
na tentação - resistência;
na conversa - proveito;
no ensino - demonstração;
no conselho - exemplo.
Em qualquer parte ou situação, não hesites quanto à atitude mais elevada a que nos achamos intimados pelos Propósitos Divinos, diante da consciência. Para encontrá-la, basta procures realizar o melhor de ti mesmo, a benefício dos outros, porquanto, onde e quando te esqueces de servir em auxílio ao próximo, aí surpreenderás a vontade de Deus que, sustentando o Bem de Todos, nos atende ao anseio de paz e felicidade, conforme a paz e a felicidade que ofereçamos a cada um.
(De "Estude e Viva", de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz)
Realização:
Instituto André Luiz
http://www.institutoandreluiz.org
Arte e Formatação - Lori

domingo, 1 de março de 2015

Aproveitar a Vida- Momento Espírita



O Visitante Mais Ilustre

O que fazemos quando é anunciada a visita de alguém importante em nosso país: um líder político, religioso, uma sumidade da ciência, um artista?
Todos se preparam: a mídia televisiva, falada e impressa destaca seus melhores repórteres, fotógrafos, redatores para a cobertura total. As autoridades do país agendam a data prevista, e recebem com todas as honras o ilustre visitante.
Oferecem presentes, levam a lugares históricos, discursam, entre outras coisas, enaltecendo a figura, sua obra.
O povo se prepara para a recepção no aeroporto, fica aguardando a passagem da comitiva pelas ruas, portando bandeiras, flores ou simplesmente acenando, tudo numa demonstração inconteste do quanto aquela pessoa está sendo bem-vinda ao país.
E, enquanto se prolongue a sua estadia, ficam a postos a mídia e o povo, nas imediações de onde ele se hospeda, à espera de um aceno, de uma saída à sacada, da oportunidade de uma foto, um aperto de mão.
São dias agitados. E, quando o visitante retorna ao seu país de origem, todos os que conseguiram fotos, um aperto de mão, uma lembrança qualquer jogada por ele, em alguma oportunidade, mostram aos amigos, postam nas redes sociais. É uma conquista, uma alegria que será recordada muitas e muitas vezes.
Que será contada e recontada porque a pessoa se sente honrada por ter estado próxima, naquele momento do discurso, da passagem, de uma bênção... Será mostrada, ano após ano: Eu estive com ele. Eu participei da festa. Eu ouvi o seu discurso, ao vivo. Ele acenou para mim.
Lembranças...
*   *   *
Em dias distantes, numa terra convulsionada, uma noite foi de especial grandeza.
As estrelas brilharam com maior intensidade e, em algum momento, uma grande paz pairou sobre todo o planeta.
Um astro surgiu nos céus, diferente, maior e de brilho mais intenso do que qualquer estrela. Um conglomerado de Espíritos unidos.
Um coro celestial entoou a canção da esperança aos ouvidos de quem tinha ouvidos para ouvir.
E pastores deixaram seu rebanho no campo...  E sábios do Oriente deixaram seus países... para visitar um Menino.
Era o mais Excelso Rei, o Governador Planetário, o Cristo Solar.
Abandonara as estrelas, temporariamente, para estar com as Suas ovelhas, Celeste Pastor que se elegeu.
Tão importante visitante, contudo, assinalando sua passagem pela Terra com atos e palavras jamais realizados e jamais ditas, não foi, ainda, reconhecido por muitos.
Legou a maior mensagem de todos os tempos: Amai-vos uns aos outros.
Quando nos daremos conta de que o Ser perfeito, único em sua essência, visitou a Terra? Veio para os Seus, ofereceu Seu amor e aguarda, de braços abertos que dEle nos acerquemos.
Sua estadia em nosso planeta durou pouco mais de três décadas e foi registrada pela sagacidade de um repórter especial, que escreveu: De tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Sua biografia, condensada por quatro pessoas, em datas e estilos diferentes, foi traduzida para quase todos os idiomas: línguas mortas, línguas vivas.
Quem de nós já lhe descobriu a existência, o ensino e O adotou como Modelo e Guia, nEle reconhecendo o Mestre e Senhor Jesus?
Redação do Momento Espírita, com citação
 do
 Evangelho de João, cap. 3,versículo 16.
Em 19.2.2015.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

A escolha acertada

Foi durante a guerra civil chinesa, que sucedeu ao conflito mundial da Segunda Guerra.
Wong e sua esposa Lee, com as quatro filhas, tinham urgência em sair da China, rumo a Hong Kong. Ele era um ilustre professor procurado pelas forças que oprimiam o país.
Enquanto ele tentava conseguir um meio de transporte que, a muito dinheiro, os pudesse levar para o campo, à casa de um tio, onde se poderiam ocultar, tentando salvar as próprias vidas, Lee tentava acalmar as pequenas.
Ela precisava cuidar da bagagem, porque não eram poucos os que se aproveitavam para saquear os incautos. As crianças, assustadas, em meio à movimentação intensa, choramingavam, agarradas às suas vestes.
Num tempo que pareceu eterno, o marido chegou com um jinriquixá, uma espécie de carrinho, puxado por um homem. Enquanto ele providenciava a acomodação das malas, embrulhos e valises no pequeno transporte, um outro se aproximou.
Vislumbrando a chance de um bom dinheiro, ofereceu-se para levar a família ao seu destino por um valor menor.
O professor Wong, homem prático, aceitou. Porém, a esposa disse que não era correto dispensar o homem que antes fora contratado. Afinal, ele perdera seu tempo, andara até ali puxando seu veículo e merecia respeito.
Falou de forma tão incisiva que o marido aceitou suas ponderações e lá se foram, no transporte mais caro.
Quase ao final da viagem, um impasse. O tio de Wong morava do outro lado do canal, e o condutor do jinriquixá não ousou atravessá-lo.
O casal dividiu a bagagem entre si e as pequerruchas e venceram a pé a ponte.
Chegando à casa do tio, se acomodaram, alimentaram as filhas e as deitaram. Duas horas se haviam passado. Então, Lee se deu conta de que faltava uma mala.
Exatamente aquela em que havia escondido todo o dinheiro que haviam conseguido juntar, antes da fuga.
E agora? Pôs-se a chorar, abraçada ao marido.
Como continuar a fuga? Como dar continuidade à vida, sem nada a não ser as roupas e quatro bocas famintas para alimentar?
Alguém bateu à porta. Todos se olharam temerosos. Seriam andarilhos salteadores? Talvez guerrilheiros que lhes haviam descoberto a fuga?
O tio, procurando demonstrar uma calma que longe estava de sentir, abriu a porta. A punição por acolher fugitivos era a morte.
E ali estava o condutor... com a mala. Ao ver que fora esquecida em seu transporte fizera um longo trajeto de volta, ousara atravessar a ponte, somente para entregar a uma família fugitiva a mala, com o seu conteúdo intacto.
Todos ficaram parados, sem reação, pelo inusitado do momento. Um gesto de honestidade em meio à confusão que vivia o país e onde muitos somente pensavam em tomar dos outros, à força, o que pudessem.
Lee ajoelhou-se e agradeceu a Deus, que lhe havia inspirado fazer a viagem com aquele homem, apesar do preço mais elevado.
*   *   *
A gratidão e a honestidade se revelam nos corações bem formados.
Mesmo em meio ao caos, o homem guarda na intimidade valores reais dos quais lança mão, em momentos precisos.
Por vezes, um simples gesto pode redundar em muitas bênçãos. Como o de Lee, em manter a fidelidade ao contrato verbal acertado com um desconhecido, em meio à angústia e quase pavor, que alcançou ressonância em outro coração, quiçá, tão perseguido e maltratado como o dela mesma.

Redação do Momento Espírita, com base
em fato, narrado pela filha do Professor Wong,
Shou Wen Allegretti.
Em 18.2.2015.