quarta-feira, 31 de agosto de 2011

“Não Julgueis - e Não Sereis ‘Julgados!’ Não Condeneis - e Não Sereis Condenados!”

Com estas duas frases lapidares enuncia o divino Mestre a lei universal e
infalível de causa e efeito, ou, como diz a filosofia oriental, a lei do “karma”. Se
os homens compreendessem praticamente essa lei, não haveria malfeitores
sobre a face da terra, porque o homem compreenderia que fazer mal a seus
semelhantes é fazer mal a si mesmo e, como ninguém quer ser objeto de um
mal, ninguém seria autor do mal; cada um compreenderia que ser mau é fazer
mal a si mesmo.

O universo é um “kosmos”, isto é, um sistema de ordem e harmonia,
regido por uma lei que não admite exceção, ou no dizer de Einstein, o universo
é a própria Lei Universal. Dentro desse sistema cósmico, a toda ação
corresponde uma reação equivalente. Pode essa reação tardar, mas ela vem
com absoluta infalibilidade.
Objetivamente, ninguém pode perturbar o equilíbrio do universo, embora,
sub jetivamente, os seres conscientes e livres possam provocar perturbação. A
ação do perturbador provoca infalívelmente a reação do perturbado, e esses
dois fatores, ação e reação, atuando como causa e efeito, mantêm o equilíbrio
do Todo. A ação do perturbador chama-se culpa ou pecado, a reação do
perturbado chama-se pena ou sofrimento. Ser autor de uma culpa é ser mau
ser objeto de uma pena é sofrer um mal. Por isso ématematicamente
impossível que alguém seja mau sem fazer mal a si mesmo. Se tal coisa fosse
possível, o malfeitor teria prevalecido contra o universo e abrogado a
Constituição Cósmica; teria, por assim dizer, derrubado o Himalaia com a
cabeça.
Compreender praticamente essa lei inexorável é ser sábio, e ser sábio é
deixar de ser mau ou pecador. Se todos os homens fossem sábios ou
sapientes, não haveria maus sobre a face da terra. Mas os homens são maus
porque são insipientes, ignorantes. “Disse o insipiente no seu coração: Não há
Deus!” Todas as vezes que os livros sacros se referem ao pecador, usam o
termo “insipiente”, isto é, não sapiente”, ou ignorante.
O grande ignorante é o pecador.
O grande sábio é o santo.
Quem conhece experiencialmente a ordem cósmica não comete a
loucura de querer destrui-la com seus atos maus, porque sabe que isto é tão
impossível como querer derrubar o Himalaia com a cabeça ou apagar o sol
com um sopro.
O verdadeiro homem santo é um sapiente. E sua sapiente santidade
consiste em manter perfeita harmonia com a lei do universo. A própria palavra
“santo” quer dizer “universal” ou “total” 2. O homem santo é o homem
univérsico, integral, cósmico, aquele que não procura uma vantagem parcial
contrária à ordem total.
2 Em alemão, beil quer dizer total, integral, completo, e a palavra beilig,
derivada de beil, significa santo. Em inglês, wbole (antigamente bale,
derivado do verbo to beal) quer dizer total, inteiro; e boly significa santo.
— Santo é, pois, o homem que é total, integral, universal, o homem que
estabelece e mantém harmonia entre a parte e o Todo, entre o individuo
humano e o Universo cósmico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário