Francisco Spinelli              encarnou na província de Sague (Sala Consilina), Itália, no dia 31              de Dezembro de 1893. Afeiçoado ao estudo, conseguiu, com apenas nove              anos de idade, terminar com distinção o curso primário, tornando-se              aprendiz de alfaiate. Com dezoito anos de idade, transferiu seu              domicilio para o Brasil, indo residir na cidade de Vacaria, no              Estado do Rio Grande do Sul, onde continuou a trabalhar na mesma              profissão.
             Sua iniciação no              conhecimento do Espiritismo data da época do seu casamento. Na              cidade de Bom Jesus, onde passou a residir, exerceu o cargo de              subdelegado, e, posteriormente, de secretário e tesoureiro da              Prefeitura Municipal. Alguns anos mais tarde, dedicou-se à              advocacia, como solicitador, profissão que exerceu com raro              descortino, orientando-se por uma consciência reta e sincero              propósito de bem servir aos seus semelhantes.
             No ano de 1946,              transferiu-se para a cidade de Porto Alegre, onde ainda mais se              destacaram os relevantes serviços que vinha prestando à Doutrina              Espírita. A partir de 1947, entregou-se incondicionalmente ao              desempenho de um verdadeiro apostolado no seio da família espírita,              animado por verdadeiro desejo de uni-la num elo de fraternidade e              amor.
             Nos primeiros dias de              Novembro de 1948 tomou parte saliente nos trabalhos do 1º. Congresso              Brasileiro de Unificação Espírita, realizado em São Paulo,              integrando a delegação do Estado do Rio Grande do Sul. No desenrolar              desse conclave, que se constituiu num dos esteios para o advento do              Pacto Áureo de unificação dos espíritas, Spinelli, juntamente com              outros companheiros, tomou todos os cuidados no sentido de se              balizarem diretrizes essenciais para a materialização do movimento              de unificação, procurando ouvir opiniões de servidores que portavam              belas folhas de serviço à Causa, sem, no entanto tergiversar na              linha básica do dever, que não se pode acomodar às exigências de              pessoas ou grupos, pois compreendia que Unificação é trabalho de              entendimento que ninguém pode desdenhar na Seara Espírita.
             Spinelli realizou              incontáveis viagens com o objetivo de divulgar o Espiritismo,              fazendo-o com inusitado idealismo. Eleito presidente da Federação              Espírita do Rio Grande do Sul desdobrou-se no objetivo de dar              cumprimento à sua missão, propugnando pela difusão da Doutrina              Espírita e realizando nobilitante trabalho em favor da evangelização              da criança e preparo espiritual das novas gerações, bem como              cooperando incondicionalmente na assistência social mantida pelas              entidades espíritas daquele grande Estado.
             Várias iniciativas em              prol da maior difusão da doutrina kardequiana foram por ele              planejadas e lavadas a efeito no âmbito estadual, tendo sempre a              preocupação de que o mérito de seus empreendimentos e os naturais              encômios pelo seu árduo trabalho fossem divididos com seus valorosos              companheiros de ideal.
             Em 5 de Outubro de              1949, tomou parte ativa nos trabalhos que culminaram com o advento              do Pacto Áureo de unificação dos espíritas brasileiros, em memorável              reunião levada a efeito na sede da Federação Espírita Brasileira, no              Rio de Janeiro, assinando esse importante e histórico documento em              nome do grande Estado sulino.
             Em novembro de 1950,              juntamente com o Doutor Artur Lins de Vasconcelos Lopes, Professor              Leopoldo Machado, Doutor Carlos Jordão da Silva, Ary Casadio e Luiz              Burgos Filho, tomou parte na Caravana da Fraternidade, percorrendo              quase todos os Estados das regiões norte e nordeste do Brasil, em              autêntica campanha de divulgação dos ideais unificacionistas.
             Por ocasião do              conclave havido no mês de Agosto de 1955, na sede da FEB, em que              tomaram parte os Presidentes de quase todas as Federações e Uniões              federativas do Brasil, sua voz se fez sentir para, com sua palavra              persuasiva e fraterna, dirimir pontos de vista julgados de difícil              solução.
             A afabilidade e a              doçura norteavam-lhe os passos, quer nas missões, quer nas              pregações.  Sincera e devotadamente pregava o Espiritismo e muitos              lhe ficaram a dever a tranqüilidade e a reforma de costumes que              desfrutam. Com as virtudes que o revestiam, nunca pensou em              esmorecer nem mesmo ante os sofrimentos próprios. Foi da falange dos              que preconizam que o Espiritismo, sendo filosofia, ciência e              religião, é obra de estudo e de observação.
             Esse líder espírita              era reconhecidamente humilde: seus atos, suas atitudes e decisões              jamais se desviaram dos ensinamentos do Divino Mestre. Pregava o              Evangelho de Jesus, tanto pela palavra, sempre calma e convincente,              como pela sublime exemplificação.
             Francisco Spinelli,              embora nascido na Itália, radicou-se de tal forma em nosso país e              tanto o amou, que se considerava filho do solo gaúcho.
             Sua desencarnação              ocorreu no dia 7 de Outubro de 1955, quando ele ainda exercia o              cargo de Presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul.              Centenas de pessoas desfilaram diante dos seus restos mortais,              expostos no Instituto Espírita Dias da Cruz, a casa que ele tanto              amou, e onde deu também o esforço do seu braço e a luz dos seus              conhecimentos, no Departamento Espiritual. Na capital gaúcha recebeu              verdadeira consagração dos espíritas e da sociedade porto-alegrense,              sendo o ataúde conduzido a pé, pelos braços dos amigos.
             Denodado obreiro na              Seara Espírita, deixou espalhados em alguns jornais e revistas,              principalmente na “Reencarnação”, órgão da Federação Espírita do Rio              Grande do Sul, vários artigos doutrinários, tendo legado ao              Espiritismo no Brasil trabalhos magníficos, quais “Normas e              Instruções”, para uso das entidades do quadro federativo da FERGS, e              “Serviço da Evangelização e Orientação Educacional das Gerações              Novas” (Curso Intensivo de Evangelizadores).

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