A caridade nunca falha...
- Paulo. (I Coríntios, 13:8.)
A caridade possui maneiras múltiplas de ajudar, em tudo aplicando o senso das
dimensões.
No atendimento de cada necessidade ei-la que se expressa não somente com a luz da
bondade, mas também com o metro da prudência: distribuindo alimento às vítimas da
penúria, abstém-se de azedar o pão com o vinagre da reprimenda, respeitando a
condição dos que lhe batem à porta;
medicando o enfermo, não lhe exige atitudes em desacordo com os desajustes orgânicos
em que o socorrido se veja, e sim escolhe os melhores gestos de tolerância e
compreensão, de modo a servi-lo;
alfabetizando o ignorante, não lhe reclama demonstrações de cultura antes do
aprendizado, mas revela paciência e brandura para guiar-lhe a inteligência nos mais
simples degraus da escola.
* * *
Assim também, se invocamos a caridade a fim de orientar os que se transviam, não nos
cabe esquecer as dificuldades em que se encontram.. Para recuperar-lhes o equilíbrio
não basta identificar-lhes as fraquezas e reprová-las. É imprescindível anotar-lhes a
posição desfavorável e socorrê-los sem exigência.
Daí o impositivo de se reconhecer, em qualquer parte, quanto à distribuição da verdade,
que, se existe um modo distinto para que a beneficência exerça a caridade de saber
assistir nos domínios do corpo, nos reinos do espírito é preciso que ela aperfeiçoe
igualmente a caridade de saber explicar.
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