sábado, 7 de janeiro de 2012

Vínculos familiares

“... Afeição real de alma a alma, a única que sobrevive à destruição do
corpo, porque os seres que não se unem neste mundo senão pelos
sentidos não têm nenhum motivo para se procurarem no mundo dos
Espíritos. Não há de duráveis senão as afeições espirituais...”



A rigor, família é uma instituição social que compreende indivíduos ligados
entre si por laços consangüíneos.
A formação do grupo familiar tem como finalidade a educação, implicando,
porém, outros tantos fatores como amor, atenção, compreensão, coerência e,
sobretudo, respeito à individualidade de cada componente do instituto
doméstico.
Com o Espiritismo, porém, esse conceito de família se alarga, porque os
velhos padrões patriarcais, impositivos e machistas do passado, cedem lugar a
um clã familiar de visão mais ampla de vivência coletiva, dentro das bases da
reencarnação. Por admitir que os laços da parentela são preexistentes à
jornada atual, os preconceitos de cor, de sangue, sociais e afetivos caem por
terra, em face da possibilidade de as almas retornarem ao mesmo domicílio,
ocupando roupagens físicas conforme as necessidades evolutivas.
As afeições reais do espírito sobrevivem à destruição do corpo e
permanecem indissolúveis e eternas, nutrindo-se cada vez mais de mútuas
afinidades, enquanto que as atrações materiais, cujo único objetivo são as
ilusões passageiras e os interesses do orgulho, extinguem-se com a “causa
que os fez nascer”.
Assim, vemos famílias que adotam a “eliminação quase total da vida
particular”. A atenção é focalizada de forma exclusiva no grupo familiar, cujos
integrantes vivem neuroticamente uns para os outros. Bloqueiam seus direitos
à própria vida, à liberdade de agir e de pensar e ao processo de
desenvolvimento espiritual, para se ocuparem de cuidados improdutivos e
alienatórios entre si. Vivem uns para os outros numa “simbiose doentia”.
Os elementos que vivem presos a esse relacionamento de permuta
egoísta afirmam para si mesmos: “Se eu me sacrifico pelo outro, exijo que ele
se dedique a mim”. Não se trata de caridade, e sim de compromissos impostos
entre dois ou mais indivíduos de juntos viverem, visando ao “bem-estar
familiar”. Na verdade, não estão exercitando o discernimento necessário para
enxergar a autêntica satisfação de cada um como pessoa.
Não nos referimos aqui ao companheirismo afetivo, tão reconfortante e
vital à família, mas a uma postura obrigatória pela qual indivíduos se vigiam e
se encarceram reciprocamente.
Encontramos também outras famílias que não se formaram por afeições
sinceras; fazem comparações e observam características de outras famílias
que invejam e que buscam copiar a qualquer custo: são as chamadas
“alpinistas sociais
Procuraram formar o lar afeiçoadas a modelos de elegância e a
peculiaridades obstinadas de afetação social, moldando o recinto doméstico ao
que eles idealizam a seu bel-prazer como “chique”.
Vestem-se à imagem dos outros, comparam carros, móveis, gostos e
comidas; negam a cada membro, de forma nociva, a verdadeira vocação,
tentando sempre copiar modos de viver que não condizem com suas reais
motivações.
Há ainda outras agremiações familiares denominadas “exibicionistas”,
em que os membros do lar se associam para suprir a necessidade que nutrem
de ser vistos, ouvidos, apreciados e admirados. Ajudam-se mutuamente,
ressaltando uns a imagem dos outros e focalizando áreas que podem ser
valorizadas pelo social, como, por exemplo, a beleza física ou o recurso
financeiro.
As pessoas vaidosas desse tipo familiar, quando bem sucedidas ou
conceituadas, alimentam exibição sistemática diante dos outros, como forma
de compensação ao orgulho de que estão revestidas.
Assim considerando, os laços de família formados em bases de
fidelidade, amor, respeito e dedicação perdurarão pela Eternidade e serão cada
vez mais fortalecidos. Os espíritos simpáticos envolvidos nessas uniões
usufruem indizível felicidade por estar juntos trabalhando para o seu progresso
espiritual. “Quanto às pessoas unidas pelo único móvel do interesse, elas não
estão realmente em nada unidas uma à outra: a morte as separa sobre a Terra
e no céu”, .

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