segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O ADOLESCENTE E OS FENÔMENOS PSÍQUICOS

Na infância, porque ainda em fase complementar da reencarnação, o
Espírito desfruta relativa liberdade, que lhe permite mais amplo contato com a
realidade causal, aquela que diz respeito ao mundo de onde procede. Esse
lugar permanece acessível ao seu trânsito, e as impressões mais fortes que
dele são trazidas se exteriorizam pelo corpo físico.
Eclodem, então, nessa oportunidade, os fenômenos paranormais,
propiciando as faculdades da clarividência e da clariaudiência, particularmente,
e, sob mais direta indução dos Espíritos desencarnados, outras manifestações
de natureza mediúnica propriamente ditas.
Não obstante, sob a proteção dos Guias Espirituais, a criança permanece
vinculada à vida plena, tornando-se instrumento dúctil de comunicações
medianímicas, mesmo que de forma inconsciente, o que lhe causa, em
determinadas situações, receios e desequilíbrios compreensíveis.
Considerando-se, porém, a sua falta de estrutura psicológica, porque em
fase de desenvolvimento orgânico e psíquico, ela não deve ser encaminhada
para experimentações paranormais, auxiliando-se-lhe, entretanto, mediante os
valiosos e oportunos recursos específicos da oração, da água magnetizada,
das conversações edificantes, como terapia própria para a sua faixa de idade.
No período da adolescência, porém, em pleno desabrochar das forças
sexuais, a mediunidade se apresenta pujante, necessitando de educação
conveniente e diretriz adequada para ser controlada e produtiva.
No momento em que a glândula pineal libera os fatores sexuais
complementares, e as demais do sistema endocrínico contribuem para o
desenvolvimento da libido, a primeira, que era veladora da função genésica,
transforma-se num fulcro de energia portador de possibilidades de captação
parapsíquica, que dá lugar a uma variada gama de manifestações.
Os conflitos comportamentais do adolescente, naturais, nesse período,
abrem espaço para um mais amplo intercâmbio com os Espíritos, que se
comprazem em afligir e em perturbar, considerando a ignorância da realidade
em que se demoram.
Tratando-se de ser humano em progresso com um passado a reparar, o
adolescente é convidado ao testemunho evolutivo, por cujo meio se retempera
no exercício do bem e das disciplinas morais, fortalecendo-se para
desempenhos futuros de alto coturno.
Nesse estágio de capacitação intelectual, o intercâmbio psíquico com os
desencarnados torna-se mais viável e fecundo, merecendo cuidados especiais,
que orientem o sensitivo para o ministério de amor e de iluminação dele
próprio, assim como do seu próximo e da sociedade como um todo.
É expressiva a relação dos adolescentes que foram convidados a
atividades missionárias através da mediunidade, confirmando a existência do
mundo espiritual e o seu intercâmbio incessante com as criaturas humanas que
habitam o mundo físico.
Joana d’Arc, aos quatorze anos de idade, manteve demorados diálogos
com os Espíritos que se diziam Miguel Arcanjo, Catarina e Margarida,
considerados santos pela Igreja católica, que a induziram ao comando do
desorganizado exército francês para as lutas contra os ingleses, culminando
com a coroação de Carlos 7º, em Reims, que a abandonaria depois ao próprio
destino de mártir...
Bernadette Soubirous, aos quatorze anos, na gruta de Massabiélle, em
Lourdes, na França, teve dezoito contínuos encontros com uma Entidade
luminosa, que lhe afirmou ser Maria de Nazaré.
Três crianças, na gruta da Iria, em Fátima, Portugal, igualmente
mantiveram contato e dialogaram com outro ser espiritual, que informava ser a
mesma Senhora.
Catarina e Margarida Fox tornaram-se instrumento da comunicação lúcida
com o mundo espiritual, em Hydesville, nos Estados Unidos, e inauguraram a

Era Nova para a comunicabilidade com os seres de além-túmulo.
Allan Kardec acompanhou e estudou as excelentes mediunidades das
adolescentes irmãs Baudin, de Aline Carlótti, de Japhet e de Ermance Dufaux,
que contribuíram expressivamente para as incomparáveis páginas de ciência,
filosofia e religião que constituem a Codificação do Espiritismo.
Florence Cook, também com quatorze anos, buscou o apoio do notável
físico Sir William Crookes, em Londres, para que a estudasse e investigasse
exaustivamente, produzindo extraordinárias manifestações de ectoplasmia, nas
quais se apresentava materializado o Espírito Katie King.
Daniel Dunglas Home, desde os dez anos de idade, tornou-se admirável
médium de efeitos físicos, havendo sido investigado demoradamente por
eminentes cientistas que lhe autenticaram as faculdades mediúnicas, o mesmo
que fizeram inúmeras cortes européias pelas quais passeou a sua
paranormalidade.
Mais recentemente, inumeráveis instrumentos mediúnicos deram início ao
desdobramento das suas faculdades paranormais exuberantes, que brotaram
na infância e atingiram o apogeu no período da adolescência, tornando-se
verdadeiros exemplos dignos de ser seguidos, pela abnegação e edificação
dos ideais do bem que realizaram e que prosseguem desenvolvendo.
É perfeitamente compreensível que, nessa fase de auto-identificação, o
adolescente desperte para o patrimônio que nele se encontra latente e que se
exterioriza sob o aluvião de energias pujantes, a fim de canalizá-las para a sua
completude, o seu perfeito equilíbrio psicofísico.
Inúmeros fenômenos, portanto, que ocorrem no desenvolvimento do
adolescente — conflitos fóbicos, transtornos neuróticos e psicóticos,
insegurança, insônia, instabilidade sexual, além das conhecidas causas
genéticas, psicológicas, psicossociais, também podem ter sua origem nas
obsessões, que são interferências de Espíritos sem orientação no
comportamento do jovem, como desforços de dívidas pretéritas ou
mecanismos de burilamento interior para o próprio progresso moral.
Da mesma forma que o desabrochar da adolescência exige valiosos
contributos da família, da escola, da sociedade, a religião espírita é também
convidada a brindar esclarecimentos e terapias para bem conduzir a
paranormalidade, as manifestações mediúnicas que fazem parte da existência
e se integram em a natureza humana.
A mediunidade é faculdade da alma que o corpo reveste de células para
facultar o intercâmbio entre os Espíritos e as criaturas humanas, constituindo
um sexto sentido, que integrará as funções orgânicas de todos os indivíduos.
O adolescente deve enfrentar os desafios de natureza parapsicológica e
mediúnica com a mesma naturalidade com que atende as demais ocorrências
do período de transição, trabalhando-se interiormente para crescer moral e
espiritualmente, tornando a vida mais digna de ser vivida e com um significado
mais profundo, que é o da eternidade do ser.

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