terça-feira, 5 de novembro de 2024

TRANSCOMUNICAÇÃO INSTRUMENTAL

 

Com um PC e um rádio de ondas curtas, várias pessoas gravam conversas com parentes e amigos mortos. Analisadas por peritos, que confirmam sua veracidade, as gravações estão atraindo o interesse da ciência, para o que é chamado de Transcomunicação Instrumental.

Vida após a morte. Para quase todos nós, tais palavras compõem, no máximo, uma interrogação. Uma afirmação nesse sentido teria de, no mínimo, vir acompanhada de uma convincente explicação científica. Caso contrário, soaria como um desejo místico ou pregação religiosa. Tal possibilidade, entretanto, nunca apresentou tantas evidências como agora. Como se verá adiante, a chamada transcomunicação está conseguindo o que antes era apenas ficção de terror: mostrar que os mortos habitariam outra dimensão física e temporal, de onde podem se comunicar com os vivos. São evidências fortes e a ciência não consegue mais ignorar.

Um grupo ainda relativamente pequeno de médicos, engenheiros, psicólogos, músicos, donas-de-casa – pouco mais de 900 no Brasil e cerca de dez mil no mundo – está trabalhando para provar a existência de alguma forma de vida após a morte. Eles conversam com parentes e amigos mortos por meio de equipamentos eletrônicos. Diferente da chamada mediunidade (característica que distingue os que afirmam que têm contato com os mortos), praticada por espíritas, esse novo tipo de fenômeno permite uma análise pelos instrumentos da ciência.

A maior parte das pessoas – denominadas comunicantes, segundo o jargão utilizado pelo grupo – está reunida na Associação Nacional de Transcomunicadores (agora Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental) -, fundada há dez anos pela escritora paulistana Sonia Rinaldi. “Temos a pretensão de fazer um trabalho científico”, afirma. “Mas esbarramos na falta de recursos financeiros”, completa, lembrando que a associação não cobra nada de seus associados nem das pessoas as quais ajuda.

A motivação das primeiras tentativas de contato não foi a curiosidade, mas a saudade e a dor da separação de alguém que morreu. Mais de 70% dos experimentadores, segundo Sonia, começaram a se interessar pelo assunto após a perda de pessoas queridas. Com a transcomunicação instrumental, nome dado ao fenômeno, todos obtêm conforto e alívio ao saber que aquelas pessoas estão bem. “A prova concreta de que eles (os mortos) vivem, sentem e falam transforma a dor em esperança”, diz Sonia em seu livro Contatos interdimensionais, lançado recentemente pela editora Pensamento. Um CD com dezenas de vozes paranormais acompanha a obra.

Para a minoria dos experimentadores, como é o caso da própria Sonia, não foi a dor o principal motivo que os aproximou da transcomunicação. Foi a simples curiosidade ou, então, o interesse científico. De acordo com os relatos de gravações feitas por Sonia e outros associados da ANT, a vida Lá, como a denominam, não é muito diferente do que nós conhecemos aqui. “Pelo que eles nos contam, você continua comendo, dormindo, trabalhando e até viajando, mas tudo em outra dimensão”, conta Sonia.

O interesse da terapeuta de vidas passadas Rosa Alves de Faria Almeida por transcomunicação instrumental começou com a dor. Sua mãe, dona Júlia, havia acabado de morrer quando recebeu a primeira mensagem endereçada a ela, em 12 de dezembro de 1998. “Eu falei que queria falar com a minha mãe, mas não pude esperar para ouvir a resposta”, diz. Estava indo ao hospital visitar o pai, que estava internado. Na mensagem, que Rosa só ouviu após a morte do pai, ocorrida cinco dias depois, a voz de sua mãe dizia: “Eu estou aqui, minha filha. Está tudo bem. Já preparei o meu velho.” Depois dessa, Rosa não parou mais de tentar o contato com o Além. “Já falei com quase todos os meus parentes e amigos falecidos”, conta.

O difícil foi convencer os filhos da existência do fenômeno. Isso só aconteceu depois que Hugo (nome fictício), um conhecido da família, aceitou fazer um experimento durante uma visita a Rosa em São Paulo. No final da gravação, uma voz masculina dizia: “Nunca deram um filho para o meu filho.” Hugo, o único a entender a mensagem na sala, começou a chorar. Era a voz de seu pai, uma das únicas pessoas que sabiam que o filho que todos acreditavam ser de Hugo era, na verdade, adotado.

O processo de captação

Não é nada fácil conversar com os mortos pela técnica usada por esses transcomunicadores, como admite a própria Sonia. “Temos de enviar um determinado ruído aos comunicantes para que eles possam falar conosco”, explica. Esse ruído pode ser o de uma torneira aberta, técnica utilizada em outros países, rádios fora de sintonia ou até mesmo a “bolha humana” – gravação ininteligível de várias vozes que falam ao mesmo tempo. “Os comunicantes procuram modular esse som, ou seja, organizar esse turbilhão eletrônico para falar o que querem”, conta ela.

Quando começou a fazer experimentos, em 1988, Sonia utilizava um gravador comum e um rádio de ondas curtas mal-sintonizado. O gravador foi substituído por um computador equipado com um software feito especialmente para gravar os sons. É preciso ter muita paciência para ouvir as vozes. Primeiro, gravam-se algumas perguntas. As respostas não são imediatas.

Provas da Transcomunicação Instrumental

Mas é inegável que o fenômeno impressiona, em especial as chamadas “vozes reversas”, algo que dificilmente poderia ser forjado. Isto é, algumas mensagens só podem ser escutadas quando a gravação é ouvida de trás para a frente, um artifício que conta com a ajuda do computador. A flautista Rosemeire Cassiano da Silva, em uma tentativa de se comunicar com seu irmão Beto, gravou: “Deixe uma mensagem para nós, por favor.” A suposta resposta, quando ouvida no sentido reverso, surpreende: ouve-se claramente uma voz feminina com sotaque português, bastante melódica. Ela diz: “Vosso irmão manda avisar que ama você”. Normalmente, o que se ouve quando um registro sonoro é tocado no sentido reverso é um emaranhado de sons sem sentido. Especialistas em fonética dizem ser praticamente impossível a formação de frases inteiras no modo reverso. Às vezes, tem-se a impressão de ter escutado alguma sílaba ou até mesmo uma palavra conhecida. Mas não passa disso. Há, no entanto, casos espantosos de pessoas que afirmam ter sido contatadas por telefone celular, bip e secretária eletrônica.

“Mensagem recebida em 10 de setembro às 21 horas e 36 minutos”, ouviu no celular a psicóloga paulistana Zilda Monteiro. Ela não entendeu nada quando escutou a mensagem, um “eu te amo” sussurrado. Pensou em apagá-la, mas se lembrou de um estranho combinado. Era a voz de seu ex-marido Edson, que morrera menos de um mês antes. Quando estava se recuperando de um infarto, Edson combinara de ligar para o celular da ex-mulher. “Daqui ou de Lá”, prometeu. Entrou em coma no dia seguinte e nunca mais acordou.

“Mostrei o recado para a mãe e a tia dele e elas reconheceram sua voz na hora”, diz Zilda. Para tirar a dúvida, a ANT solicitou uma análise técnica ao engenheiro Alessandro Pecci, que comparou a voz de Edson vivo com a mensagem do celular. O resultado: “Conclui-se que não existem evidências que comprovem que os locutores tr1 (Edson vivo) e tst1 (voz gravada no celular) são diferentes, dada a proximidade dos coeficientes encontrados.”

O assunto vem atraindo também o interesse de cientistas. O físico alemão e professor da Universidade de Mainz Ernest Senkowsky, que criou em 1980 o termo transcomunicação quando escreveu o livro Instrumentelle transkommunikation, transformou parte de sua casa em laboratório e pesquisa o assunto até hoje. Senkowsky começou seus experimentos em 1976. Até 1985, já havia arquivado mais de 25 mil vozes. A primeira que reconheceu foi a de seu pai, morto em 1959. Em um dialeto do leste da Prússia, o pai de Senkowsky o chamou pelo apelido de infância. “Eu não tento convencer os outros sobre a existência do fenômeno. Mas é impossível convencer alguém que está cego pelo ceticismo ou que fecha propositalmente seus olhos”, disse a ISTOÉ.

Ainda não há uma prova científica do fenômeno. “Há somente argumentos que são aceitos ou rejeitados pelas pessoas.” Porém, a história da ciência mostra, lembra Senkowsky, que uma opinião aceita pela maioria dos cientistas é, geralmente, encarada como “prova”. “Fenômenos paranormais, incluindo a transcomunicação, são interações físicas e psíquicas que se incluem dentro de um sistema holístico complexo, sobre o qual nossas regras de causa e efeito lineares não podem ser aplicadas”, diz o físico alemão. “Não haverá provas disso até que todo o sistema científico seja ampliado para englobar todos os fenômenos paranormais”, conclui. O endosso a essa opinião vem de um colega brasileiro. “Do ponto de vista da ciência, esse fenômeno por enquanto não existe”, afirma Euvaldo Cabral Jr., professor de Telecomunicações e Processamento de Sinais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), um dos poucos a não demonstrar preconceito em relação ao assunto, apesar de ser agnóstico, ou seja, não acredita em nenhuma religião. Mas, como ele mesmo ressalta, “da mesma forma que não há nenhum estudo comprovando a existência do fenômeno da TCI, também não há provas científicas de que ele não exista”.

Tal rigor não é compartilhado pelos usuários da TCI. Segundo eles, a grande vantagem da comunicação via aparelhos eletrônicos é a possibilidade de ter, sim, sua veracidade comprovada cientificamente. “Pelas características que apresenta, o fenômeno se presta a uma análise científica nos moldes convencionais, na área de processamento de sinais”, diz Cabral Jr. Para ele, isso é possível por envolver a geração de sinais elétricos – no caso, sons.

O caminho para se chegar a uma prova científica desse suposto fenômeno não é fácil. Primeiro, é necessário provar que ele é real, ou seja, que distúrbios elétricos não esperados ocorrem em dispositivos eletrônicos. Para isso, seria preciso construir um laboratório especial com blindagens eletromagnética e acústica à prova de quaisquer interferências externas, como sinais de rádio e sons ambientais. Caso o primeiro estudo conclua que realmente há interferências de causas desconhecidas ocorrendo em equipamentos eletrônicos, ele deve ser publicado em uma revista científica de renome internacional – como a Nature, a Science ou a Scientific American – para que possa receber críticas da comunidade científica internacional. A conclusão teria, então, de ser comprovada em outros laboratórios. Só assim, com o tempo, seria aceita como verdadeira.

Mais: se o objetivo é mostrar que as vozes realmente vêm do suposto mundo dos mortos, os sons atribuídos a eles teriam de ser comparados com a voz dos mesmos indivíduos quando vivos. Isso exigiria um grau de clareza e altura raros nas vozes registradas pelos experimentadores.

Cabral Jr. diz que poderia propor um projeto nesses moldes para pesquisar o fenômeno, se houvesse financiamento. Ele calcula em cerca de R$ 4 milhões os investimentos necessários para a construção e manutenção por dois anos de um laboratório nas configurações ideais. O que envolveria a aquisição de sofisticados equipamentos eletrônicos, computadores e a montagem de uma equipe técnica com cientistas das áreas de engenharia e física.

O próprio pesquisador conta que está concluindo uma teoria em que procura explicar todos os fenômenos paranormais. Concebida inicialmente para a área de robótica humanóide, o objetivo da teoria é, primeiramente, desenvolver robôs inteligentes, providos de emoção, um certo livre-arbítrio e, o mais impressionante, capacidades ditas “anômalas”, como a possibilidade de a mente do robô ser preservada mesmo sem o seu cérebro (hardware). “Tudo isso vai ser implementado via software”, explica Cabral Jr. Muito resumidamente, a teoria do pesquisador afirma que existem unidades de consciência geradas pelo ser humano que sobrevivem à morte do corpo físico. Essas unidades, que preservariam a personalidade do indivíduo quando vivo, é que interfeririam nas gravações dos experimentadores de TCI.

O assunto promete muita polêmica no meio científico. “O homem de ciência, muitas vezes, não acredita nem no que vê, mas só no que pode ser comprovado na ponta do lápis”, diz o astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro e um dos cientistas mais conhecidos da opinião pública. “Eu só acreditaria na existência da alma se fosse possível comprová-la por meio de instrumentos científicos”, afirma.

Mourão concorda que há em seu meio bastante preconceito em relação aos fenômenos ditos paranormais. “Mas acho isso um erro. Temos de participar ao máximo dessas discussões”, afirma. Segundo ele, essa é a melhor forma de evitar a proliferação de interpretações falsas e forçadas. Apesar de se considerar um cético e não crer em teses de sobrevivencialistas, Mourão diz que participaria de qualquer pesquisa que estudasse a hipótese de vida após a morte.

E é verba o que falta na Associação de Transcomunicação Instrumental. Não há dinheiro em caixa para nenhum experimento científico mais elaborado, afirma a fundadora Sonia Rinaldi. Atualmente, a entidade está contando com um apoio que não deve chegar a R$ 10 mil da Legião da Boa Vontade (LBV). A instituição ecumênica, defensora da existência da vida após a morte, está patrocinando uma análise de 100 fitas com vozes paranormais.

Entrevista com Sonia Rinaldi

O jornalista Jorge Rizzini, do Jornal Espírita – órgão de divulgação da FEESP – Federação Espírita de São Paulo, conversou recentemente com a coordenadora da ANT:

Sonia, como foi que você iniciou na Transcomunicação Instrumental (TCI)?

EM 1988, numa sessão mediúnica, no IBPP – Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, dirigido pelo Dr. Hernani, um mentor sugeriu que iniciássemos experimentos para obter transcontatos. Começamos na mesma semana, porém, sem qualquer orientação mais sólida. Naquela fase não havia literatura que explicasse, detalhadamente, como proceder nos experimentos e tivemos que “reinventar a roda”… ou seja, fizemos nosso caminho por conta, e aprendemos muito com isso. Tempos depois, para evitar que outras pessoas tivessem que passar pelas mesmas dúvidas devido à falta de orientação, lançamos um livro, em 1996, que traz todo o passo a passo para se iniciar, bem como dezenas de casos, esquemas de aparelhos etc…

Você obteve resultados desde o início?

De jeito algum. E nem poderia, pois, conforme viríamos a descobrir muito tempo depois, naquele período não existia nenhuma Estação Transmissora situada no Além já interessada em contactar o Brasil. Por isso, levamos quase três anos para ouvir as primeiras palavras. Finalmente, em 1992 tivemos notícias da formação de um grupo de espíritos interessados em desenvolver contatos conosco. A partir daí solidificaram-se os elos de amizade e os objetivos comuns entre nós e o grupo do Além que nos contacta.
Mas, parece que o nosso caso foi um tanto particular, pois, nunca obtivemos contatos de espíritos “locais” – se assim podemos chamar aqueles que nos rodeiam.

Explico: pela nossa experiência, notamos que existem dois tipos de contatos:

1 – os que provém de entidades que estão transitando pela Crosta (que não se valem de tecnologia – e por isso, necessitam exclusivamente da vontade e de algum recurso energético – ectoplasma – existente nas redondezas) e

2- os que provém de entidades que informam estar numa Estação Transmissora, e usam de tecnologia para nos acessar.

Nesse caso, além dos recursos técnicos, parece haver importância algum tipo de bio-energia de nossa parte, mas que com toda certeza, não é o ectoplasma. Por outro lado, notamos que o transcomunicador atua de forma decisiva no intercâmbio porque é como se ele funcionasse como “antena” – e nesse sentido, o “ser global” dele, faz diferença para sintonizar os parceiros do Além.

É como se o operador fizesse parte integrante do conjunto de aparelhos, e assim, oscilações emocionais sempre se refletem na faixa sintonizada dos espíritos comunicantes. Mas, quer nos parecer que essa “energia” pessoal, difere do ectoplasma. Possivelmente, trata-se algum tipo ainda desconhecido para nós, que com o tempo e o desenvolvimento das pesquisas, viremos a conhecer. Na TCI, a evolução é muito recente, e os estudos ainda são incipientes. Há que as dar mais tempo para aclarar o fenômeno.

Mas, voltando à sua pergunta, percebemos que, porque hoje já existe uma Estação no Além que se destina a contactar o Brasil (e agora com expansão para outros países das Américas – conforme nos informaram há poucos dias), a caminhada de quem começa é bem mais fácil do que o início que tivemos que enfrentar.

Então você admite que o nível moral tem papel decisivo nos contatos?

Sem dúvida alguma! Eu falei há pouco do “ser global” e isso inclui principalmente o bloco que perfaz o nosso espírito, com suas graduações de humor, bem ou mal estar, qualidades (ou defeitos) pessoais, o que vale dizer que, cada transcomunicador acessará o seu semelhante do lado de Lá. A famosa “sintonia” que nós, espíritas, conhecemos muito bem. Porém, isso não difere muito da questão mediúnica, pois basta um médium ser de elevado padrão moral e ele terá uma faixa de Amigos, e se assim não for, terá toda sorte de “companhias indevidas”, inclusive obsessores.

Assim, haveria risco em se fazer experimentos de TCI?

Veja, poderíamos dizer que o risco não está nos experimentos, mas, nas nossas imperfeições. Não há nada a temer se se tem boas intenções. Mas, se objetivo for brincar com os contatos, e nesse caso vale lembrar as brincadeiras do “copo que anda”, aí a coisa pode pegar, pois, obviamente que obter “contatos locais” é algo bem próximo de qualquer espírito que está por aí, sem nada para fazer. Aí voltamos a questão moral, que é só o que despertará o interesse dos espíritos mais elevados.

Como foram os seus primeiros contatos?

Uma das coisas mais comuns que ocorre com o transcomunicador iniciante é ele ouvir seu próprio nome. No inicio é preciso treinar um tanto o ouvido para que se torne seletivo. Ou seja, é preciso aprender a separar a voz paranormal do ruído de fundo. E uma das formas de chamar a atenção do experimentador é chamá-lo pelo nome. É como por exemplo, se você está em meio a uma multidão, alguém chamar seu nome. Imediatamente você se vira e busca quem chamou. Se fosse qualquer outra palavra, por certo passaria despercebida.

E hoje, como são esses contatos?

Desde o início deste ano, a equipe técnica do Além conseguiu suprir os ajustes necessários, no Tempo principalmente, de forma que hoje atingimos a fluência tão esperada por tantos anos. Ou seja, todas as perguntas são respondidas ou comentadas. Mas, acerca de duas semanas, por orientação dos próprios comunicantes espirituais, incluímos no conjunto de nossa aparelhagem, o telefone – diretamente ligado ao computador. O mais curioso é as vezes perceber a nossa “teimosia”. Já há mais de três meses, os espíritos inseriam em meio a muitas respostas, as expressões:

– “Sonia, pega o telefone” ou então diziam: –”Sonia, telefona para nós”.

Oras, eu achava que eles tinham grande senso de humor, pois como eu poderia ligar para eles??? E simplesmente ignorava a recomendação. Apenas acerca de poucas semanas, por acaso estava com o telefone sem fio ao lado do computador onde gravo os contatos quando eles voltaram a repetir –”Pega o telefone”. Apenas para brincar com eles, peguei o telefone sem fio e respondi: –”Tá bom! Peguei o telefone! E aí?”

Parei por alguns segundos e a intuição passou a funcionar e fui checando um jeito, outro, e mais outro, até que na quarta tentativa, havia acertado. Havia percebido como usar o telefone na nova aparelhagem e uma as primeiras coisas que eles disseram então foi: –”Você telefonou para nós”. Claro que não se trata de uma chamada telefônica conforme nós entendemos mas, apenas o uso do aparelho no lugar do gravador ou outro qualquer.

A vantagem de usar o telefone assim, sem a linha telefônica, garante que os contatos são autênticos. Não há como uma pessoa nos acessar através daquele telefone, pois não está na linha. Um equipamento dessa linha foi desenvolvido na USP e está funcionando perfeitamente.

Então fale da aparelhagem que você usa

Atualmente utilizo o computador como base, o telefone, secretária eletrônica, gravador… enfim, tudo. Recentemente, acrescentamos equipamentos para recepção de imagens também. Para isso, estou usando um tubo de raios catódicos, placa especial, câmera etc. Mas, quem deseja iniciar pode perfeitamente começar pelo uso de rádio (comum) e gravador (comum). Temos notado que no inicio, não é o equipamento que fará qualquer diferença, mas, será decisivo, despertar a atenção dos Amigos Espirituais, através de nossos pensamentos puros e desejosos de auxiliar o próximo. De volta … retornamos ao aspecto da moral, como base para tecer a amizade com espíritos mais elevados. Mas, isso, não constitui qualquer novidade para nós, espíritas. Talvez porque 99% dos nossos associados sejam espíritas, que procuram reger a vida dentro dos parâmetros da Codificação do mestre Kardec, encontramos a confiança desses Amigos Espirituais dedicados que conseguem promover o avanço nos contatos conforme vemos.

Em sua opinião, a TCI se enquadraria no segmento Científico do Espiritismo?

Exato. Veja, a parte religiosa e filosófica da nossa doutrina, já vem sendo bastante difundida, sobretudo levando seu lado moral, ético, a atuação caritativa etc… Mas, a pesquisa científica é praticamente inexpressiva, até mesmo no Brasil, local de maior difusão da Doutrina Espírita. São vários os segmentos que constituem o segmento científico do Espiritismo, como os estudos de casos de Reencarnação, casos de Poltergeists, regressão à Vidas Passadas, Desdobramentos ou Viagens Astrais, Telepatia, Clarividência, Clariaudiência, etc… Também é o caso dos contatos por TCI, que também permitem controle científico ainda mais rigoroso sobre eles.

Sabemos que você conduz a pesquisa na direção científica. Como é que é isso?

Verdade. Não consigo ver a TCI sem o respaldo da garantia do reconhecimento científico, ou seja, se o fenômeno é verdadeiro, ele tem que dar margens a comprovação. Se não fizermos isso, a TCI não terá a força de atingir culturas que negam a realidade do Espírito. Além disso, se não trabalharmos com a comprovação do fenômeno, estaremos gerando apenas mais uma possibilidade de crença. Nosso objetivo é trabalhar de forma transparente, documentada e bem analisada. Para isso, firmamos contatos com cientistas da USP, UNICAMP e PUC, afim de que eles possam endossar a autenticidade dos contatos. Não para nós, mas, para servir aos que possam duvidar do fenômeno.

Conte-nos algum caso.

Casos ocorrem diariamente, não só comigo, mas também tomamos conhecimento das ocorrências de nossos associados e de nossos colegas do Exterior. Mas, algo que nos chamou a atenção, e que está detalhado em nossa recente publicação (Circular 38), foi algo surpreendente até para nós.

Em maio fizemos uma reunião da ANT – Associação Nacional de Transcomunicadores, e estavam presentes 73 associados (de várias regiões do Brasil). Como sempre fazemos, realizamos um experimento dando abertura para que quem desejasse elaborar perguntas sobre seus falecidos. Das 73 pessoas, 44 colocaram perguntas. É importante informar que toda a reunião foi gravada com vários gravadores de nossos associados. Finda a gravação, pegamos 3 das muitas fitas gravadas, para análise. Apuramos o seguinte: na minha gravação constavam 263 respostas dos espíritos, na da Magaly Chiereguini, 103 respostas e na do Eng. Luiz Netto, outras 127 respostas, totalizando mais de 400 vozes paranormais em apenas 15 minutos de gravação. Um recorde.

De onde provieram esses contatos?

Em 1992 começou a formar-se um grupo de espíritos interessados em nos assistir e em 1994 recebemos a informação de que se desvincularam da Estação-mãe e mudaram-se para uma sede nova (que informaram chamar-se “Lago da Paz”). Desde então assumiram o nome de Grupo Landell, e o grupo passou a ser coordenado pelo Dr. Roberto Landell de Moura. Embora a maior parte dos brasileiros desconheça, o Dr. Landell foi o verdadeiro inventor do rádio, pois o fez 2 anos antes de Marconi, no início do século. Hoje ele lidera esse grupo que vem obtendo avanços técnicos notáveis.

Eles sempre informaram que a maior barreira técnica para nos acessar era o ajuste no Tempo, e que isso demanda um grande conhecimento. Por certo a outra barreira que eles possuem é a moral dos do Lado de Cá. Provavelmente, essa é a maior de todas.

Nosso Allan Kardec teria feito qualquer colocação relativa a essa pesquisa que floresce hoje em dia?

Sim, sem dúvida! Basta lermos a questão 934 do Livro dos Espíritos que fala da perda dos entes queridos e diz:

934 – A perda de entes queridos não nos causa um sofrimento, tanto mais legítimo quanto é irreparável e independente de nossa vontade?
Resposta: Essa causa de sofrimento atinge tanto o rico como o pobre: é uma prova ou expiação e lei para todos. Mas, é uma consolação poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios de que dispondes, ENQUANTO ESPERAIS O APARECIMENTO DE OUTROS, MAIS DIRETOS E MAIS ACESSÍVEIS AOS VOSSOS SENTIDOS.

Oras… que meios poderiam ser mais diretos do que ouvir a voz do falecido ou ver a sua imagem no Plano Espiritual hoje?

Para finalizar: qualquer pessoa pode fazer experimentos e obter resultados?

Com certeza. Não dá para imaginar que a Espiritualidade Maior teria a intenção de favorecer apenas uns e não outros. Nada tem a ver com recursos especiais de equipamentos pois tem gente trabalhando, com sucesso, usando apenas gravador e radio, e nada mais. Tão pouco depende de dotes pessoais, pois se assim fosse, não teríamos resultados sendo obtidos por centenas de pessoas no mundo todo. O único requisito real é a vontade, mas muita vontade mesmo, pois isso abrirá a ponte para os contatos. Entendemos que a TCI é um plano de ação mundial para disseminar a verdade do Espírito, principalmente em culturas que não o admite e que possuem dificuldade de assimilar algo que não seja “tangível”.

Artigo originalmente publicado na revista ISTOÉ

Referência:
Saindo da Matrix – Transcomunicação Instrumental (artigos)

4.7
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