Sofistas

 

Os sofistas eram pensadores e profissionais itinerantes da educação que viveram na Grécia durante o século V a. C. Foram muito importantes para popularizar a retórica e a oratória e também para levantar o debate filosófico sobre a existência de conceitos universais. Conheça os principais sofistas e seus pensamentos.

O que era ser um sofista?

Os sofistas eram profissionais da educação durante o período da Antiguidade Clássica. Eles tiveram uma grande importância para a história da filosofia e para o desenvolvimento do pensamento filosófico. Graças aos sofistas é que o discurso se tornou um dos principais elementos da sociedade grega.

A importância dos sofistas

O século V a. C., período em que os sofistas viveram, foi muito importante para o desenvolvimento da civilização grega. O governantes Péricles proporcionou uma democracia que intensificou a vida cultural, intelectual e artística.

Se a filosofia grega conseguiu progredir da forma que foi, com argumentos sólidos e bem estruturados, a ponto de produzir filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, foi porque a sociedade grega, como um todo, desenvolveu de modo muito engenhoso a sua capacidade de discutir, dialogar e argumentar. Capacidade essa que começou com o exercício da retórica, arte desenvolvida pelos sofistas.

Os sofistas eram relativistas, ou seja, um de seus principais argumentos para o uso da retórica era a ideia de que o conhecimento verdadeiro não é absoluto. A partir disso, eles criaram a teoria do contra-argumento (antilogia). Por causa desse movimento (argumento, seguido de contra-argumento, seguido de argumento, etc.) é que o discurso, na filosofia grega, teve um salto qualitativo e pôde se transformar na filosofia que conhecemos hoje. Nesse sentido, para as condições de existência do pensamento grego e, consequentemente, para o pensamento europeu ocidental, o método retórico desenvolvidos pelos sofistas foi fundamental.

Sofistas e Sócrates

Sócrates e Platão (e posteriormente Aristóteles) criticaram os sofistas, dizendo que suas práticas e discursos eram falaciosos e que não se preocupavam com a verdade. Sócrates e Platão eram críticos do relativismo, para eles existia um conhecimento único e uma verdade una. Daí que a palavra “sofista” que, a princípio, significava “sábio”, transformou-se em um adjetivo para indicar um posicionamento de falseamento intelectual. Aristóteles, por fim, considerou que o sofismo ficava no campo da aparência e não investigava o conhecimento em sua essência.

Considera-se também os sofistas como os primeiros a fundarem uma ciência pedagógica, visto que estavam preocupados em ensinar não só a política da virtude aos seus alunos, como também uma formação mais completa ao espírito.

A virtude para os sofistas

Diferentemente de Platão, que não acreditava ser possível ensinar a virtude, os sofistas entendiam que não só era possível ensiná-la como era desejável ensinar a virtude e a excelência. A virtude sofística, respaldada na cultura homérica, entende que o homem é um sujeito de ação que precisa conquistar determinado objetivo.

Para Platão, a virtude está baseada no pensamento socrático que entende o homem como um sujeito do pensamento e que, para além de agir, deve agir em nome de algo nobre e importante.


A prática pedagógica dos sofistas, em sua maioria, consistia em apresentações para o público gratuitamente, para que dessas apresentações pudessem atrair alunos particulares.


5 principais sofistas

Não é possível saber exatamente quem foi o primeiro sofista, pois muitos eram os profissionais que se dedicavam a ensinar a retórica e a virtude, cada um tinha seu próprio método e pensamento. Os principais foram:


Protágoras

Nasceu no ano de 490 a.C. em Abdera, considerado um dos mais importantes e influentes sofistas. Segundo o que se tem de registro, Protágoras era defensor do relativismo e afirmava que “o homem era a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são”. Segundo seu pensamento, não existe uma verdade absoluta e um conhecimento único, cada pessoa é capaz de formular a sua verdade, em escala individual. Os conceitos são relativos e não universais.


Pródicos

Os registros históricos apontam que Pródicos nasceu em 465 a.C e morreu em 395 a. C, na ilha de Quios. Seus principais interesses eram referentes à ética, à gramática e à retórica. Foi professor e a sua obra principal foi O tratado da natureza e da natureza do homem. Pródicos tinha uma visão interessante a respeito da religião, para ele, o homem adorava primeiramente as grandes forças que beneficiavam a humanidade (como a natureza), depois disso, aqueles homens que conseguiam realizar feitos eram, então, deificados.


Górgias

Górgias nasceu em Leontinos, na região da Sicília, em 483 a.C. e morreu na região de Tessália, na Grécia em 380 a.C. Suas principais obras foram: o Tratado Sobre o Não ser ou Sobre a Natureza e Elogio a Helena. No seu Tratado, Górgias defende que o conhecimento, em sentido estável e definitivo, é impossível. Segundo ele “nada existe que possa ser conhecido; se pudesse ser conhecido não poderia ser comunicado, se pudesse ser comunicado não poderia ser compreendido”.


Górgias dava muita importância ao logos (pensamento, discurso), mas, ao mesmo tempo, considerava-o como enganoso, pois – para ele – não é possível ter acesso à natureza das coisas, no entanto, o discurso é nosso único instrumento, então deve ser valorizado. Por fim, Górgias defende que mais do que ser verdadeiro, o logos deve ser provado ou defendido, ou seja, a força argumentativa vale mais do que a verdade.


Trasímaco

O filósofo nasceu na Calcedônia por volta de 459 a.C. e morreu em 400 a.C. Trasímaco é um dos personagens mais importantes do primeiro livro da República, de Platão. Para o sofista, a justiça não é nada mais do que a conveniência do mais forte, ou seja, é fazer o que é do interesse do mais forte; a justiça para ele é uma convenção social.


Hípias

Hípias nasceu em Élida na Grécia, em 399 a. C e morreu por volta do século IV – não se sabe a data exata. Era um mestre da geometria, astronomia, matemática, filosofia, história e das ciências em geral. O que se sabe sobre ele é que foi o responsável por desenvolver a a curva chamada de quadratriz que era um estudo sobre ângulo e quadratura do círculo.


Além disso, existe um diálogo platônico intitulado Hipias Maior, em que Sócrates e Hípias discutem sobre o conceito de Belo. E o diálogo Hípias Menor, que discutirá a ética e a ação correta.


Esses são alguns dos principais filósofos sofistas e seus pensamentos. Os registros sobre os sofistas são, na maior parte das vezes, das menções de outros filósofos aos seus trabalhos, por isso é difícil datar com precisão alguns pontos. Nos vídeos, a seguir, você poderá entender um pouco mais sobre o pensamento e o método de cada sofista.


Por dentro dos sofistas

Com estes três vídeos, você poderá ter uma visão mais ampla e também mais aprofundada sobre o pensamento de alguns sofistas. Os três filósofos mais trabalhados são Protágoras, Górgias e Hípias.

O movimento sofista e o ensino da areté (2010) – E. B. F Curado.
Iniciação à história da filosofia (2007) – D. Marcondes
A natureza do belo entre Platão e Hípias: A “aporia” do sujeito (2000) – P. Pinheiros.

Marilia Duka
Por Marilia Duka

Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá em 2016. Graduada em Letras Português/Francês na Universidade Estadual de Maringá em 2022.


Como referenciar este conteúdo

Duka, Marilia. Sofistas. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/filosofia/sofistas. Acesso em: 31 de March de 2025.

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