ANJO

 

Meimei

Penso em ti, Mãezinha querida, e retorno aos teus braços.

Vejo-te, estrela em forma de anjo, velando a noite, ao meu lado, enquanto te

buscava o colo por brando ninho.

– o –

Teu sorriso era a própria bênção de Deus, sustentando-me horas e, misturando

beijos e lágrimas, alentaste-me a vida.

– o –

Quantas vezes procurei nos teus olhos a inspiração do caminho não saberia dizer...

Sei apenas que, em nossa casa, levantavas-te com a aurora, esgueirando-te em

silêncio para que não interrompêssemos o repouso, preparando-nos o pão de que

recebias sempre o derradeiro pedaço.

– o –

Sei, Mãezinha, que escravizada ao fogão e à pia de lavar, trabalhavas de manso,

voltando o rosto sereno para dizer que éramos os teus tesouros, quando alguém se

queixava de nós.

– o –

Nunca te disseste cansada, ainda mesmo quando os nossos gestos de ingratidão te

faziam aflita e muda.

– o –

Freqüentemente, surpreendia-te a cantar chorando, sem que pudesse perceber os

espinhos que te dilaceravam a alma, porque teus lábios respondiam sorrindo às

minhas perguntas, sossegando-me a inquietação.

– o –

Passou o tempo e volto hoje, de alma renovada em tua renúncia, para ofertar-te as

flores de meu afeto.

– o –

Quisera trazer-te o próprio Céu, em meu impulso de amor, entretanto, sou eu

ainda que me ajoelho aos teus pés, para rogar-te em prece de gratidão: -

- Mãezinha querida, deixa-me descansar de novo, no arminho de teu regaço! E,

enquanto choro de alegria para agradecer a Deus a luz de tua presença, guarda

minhas mãos entre a suas e ensina-me, Doce Anjo, a orar outra vez.

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