PSICOGRAFIA CHICO XAVIER - FAMÍLIA MARIA CARDOSO/ NERCI MARIA CARDOSO

 Nascimento: 03 de março de 1963

Desencarnação: 13 de fevereiro de 1983

Idade: 20 anos.

Esclarecimentos:

Pais: Atahir de Deus Cardoso e Izaildes Camillo Cardoso, residentes em Joinvile – SC.

Irmãos: Nerian José Cardoso; Nerli Celso Cardoso; Nerceli Cardoso; Nerlici Santa

Cardoso e Cláudio Luiz Cardoso.

Maria Nazária: – Avó Materna, desencarnada em 27.05.1950.

Mário Baumer: – Noivo, desencarnado cinco dias após o acidente.

Vani Baumer –Mãe de Márcio Baumer.

Comentários:

Esta mensagem de Nerci é uma demonstração da vida real, como ponto vital das crenças religiosas.

Como aceita-las e dimensioná-las na vida humana?

Enquanto Nerci era esclarecida por sua avó Maria Nazária, que ela não conhecera em

vida, da sua situação espiritual o mesmo não acontecia com o seu noivo Márcio, encaminhado a uma Instituição Evangélica Espiritual.

Acreditava estar vivo e que nada sofrera, apenas estava em recuperação.

Para o seu esclarecimento, foi preciso ser encaminhado às reuniões de perguntas e respostas para, em grupo, compreender a sua nova realidade.

Nesta carta de Nerci, encontramos pontos de esclarecimentos espirituais importantes.

Mostra que devemos preparar-nos para a volta ao Mundo Espiritual, não só os que já

estão na Doutrina, mas, também, a orientação familiar, mesmo aos que não aceitam as palavras como verdadeiras.

Na hora do acerto de contas com os débitos assumidos, servirão esses pequenos momentos como lembranças para o alívio e a confirmação das palavras de que foram objetos.

Nerci e Márcio desencarnaram quando voltavam de uma festividade carnavalesca. Não

que fossem assíduos foliões, mas naquele ano desejaram conhecer de perto esse tipo de alegria.

Dos cinco ocupantes do veículo, Nerci e Márcio nos bancos dianteiros sofreram todo o

impacto da colisão ocasionada pela pista escorregadia, descontrolando o mesmo, direcionando-o de encontro a um poste ali existente.

Nerci desencarnou no local e Márcio cinco dias após. Os outros três ocupantes nada sofreram.

Dois meses antes, seu primo José Demanthê Filho desencarnou também em acidente

automobilístico em 11.12.1982.

Sua tia, dona Iraides Camillo Demathê, mão de José, por ter recebido pela psicografia

de Francisco Cândido Xavier, em 13.12.1985, a mensagem do seu querido filho, com a feli-cidade e a compreensão adquirida e, solidária à dor da sua irmã, convidou-a para irem até

Uberaba.

Lá com certeza encontrará a paz, mesmo sua irmã sendo católica praticante.

Assim fizeram e, por sua vontade, dona Izaildes chegou ao Chico Xavier em 25.4.1986,

quando amenizou o seu desespero.

Recebeu o lenitivo para as suas dores.

Nervi lá estava presente.

Pode-se notar que os nomes citados nesta mensagem, não são comuns, fáceis de ser ouvidos, no entanto, estão citados como prova inconteste e que fez dona Ixaildes compreender

que a vida continua, estando sua filha no aconchego familiar espiritual e, nos momentos possíveis, com a família terrestre.

Nova vida, outro ânimo.

Para os familiares de Dona Izaildes, Chico Xavier é o novo marco em suas vidas.

Um ser humilde, simples, um anjo de bondade.

Um instrumento enviado a Terra pelas mãos do Mestre Jesus para alívio dos sofrimentos alheios e, grande benfeitor da humanidade. Este Ser que está entre nós para nos ensinar

o Evangelho de Jesus.

Mensagem de: Nercia Maria Cardoso

Querida mãezinha Iza, sempre querida mãezinha Izaildes, apesar do tempo decorrido

ainda me vejo sob incrível saudade e sob o enorme espanto com que vi o Márcio e eu; desligados do corpo naquela noite. No entanto, eu mesma estava inerme, quebrada, vencida e não

conseguia sequer mover os dedos.

Uma sensação esquisita se apoderou de mim e reconheci que havíamos, pelos Desígnios

de Deus, encontrado a estação terminal de nossas existências e, mentalizando as minhas orações nos restos de lucidez com os quais poderia contar, caí num desmaio, embora desenvolvesse todos os potenciais de minha vontade de Carnaval. Antes de sair procurava eu em seus

olhos aprovação necessária, entretanto, psicologicamente lhe conservava apenas a inquietação que eu trazia no íntimo.

Notei que a senhora e meu pai consentiram que eu fosse, mas pelo Márcio, sempre correto nas atitudes, do que por mim mesma que trazia comigo muita inexperiência. Era a primeira vez que eu me ausentava de casa para uma festa daquela natureza e não me sentia satisfeita comigo própria.

Despedi-me buscando-lhe ansiosamente a alegria que eu mesma não experimentava e

vesti-me com sobriedade, tal qual a senhora desejava.

Tudo, porém, estava sem graça para mim e, se mostrava algum contentamento, era pelo

noivo querido que não merecia qualquer nota de pessimismo em meu procedimento.

Não consegui encontrar significação em quadro algum que me caía sob os olhos e, com

isso, foi com satisfação que aceitei o caminho da volta para a casa.

A marcha do carro era regular, mas eu não sei se o Márcio, habilitado às reuniões elevadas pelo sentido evangélico que os pais imprimiam às escolhas para os encontros com os

amigos, observei-o entristecido e como que, intimamente insatisfeito com ele próprio.

Amigos vinham em nossa companhia, mas não conseguiram a nossa adesão aos diálogos que mantinham. Chegou o momento que considero de supremo testemunho de fé. 


O Márcio sentia que se amontoavam obstáculos à frente e, num instante em que se

viu em apuros para governar a máquina, vi que ele pisou no acelerador, um tanto nervoso e

diferente, e o resultado é o que não precisamos recordar minuciosamente.

Estávamos ambos à frente e fomos os primeiros e depois vim, a saber, que fomos os únicos a ser colhidos ou defrontados pelo poste que, de certa forma, nos esmagou de maneira

irremediável.

Compreenderá o seu coração materno que fiz quanto possível para socorrê-lo e para não

me enfraquecer. De nada mais tomei conhecimento, pois me via reduzida a um trapo de criatura sem qualquer recurso para me preservar ou me defender...

Percebi que o melhor para mim seria entregar-me àquela inconsciência que me invadia

a cabeça e à insensibilidade que me tomava o corpo de assalto e rendi-me à intimação daquele sofrimento com a minha confiança em Deus.

Não sei como classificar o fenômeno que me envolvia, mas, para simplificar, sigo-lhe

que dormi e conformei-me.

Não tive tempo de pensar nos pais queridos e nos queridos irmãos, por que fora conduzida, de inesperado, à triste situação dos que se sentem claramente despojados de tudo quanto

supõem possuir,

Desconheço a conta dos meus dias de descanso ou de inércia enfermiça. Não sei bem,

mas acordei num dia claro, guardando o meu coração escuro e magoado pela incerteza que

me acorrentava espiritualmente a uma dor, cuja força não supera existir.

Aproximou-se de mim a generosa protetora que me disse ser nossa parenta e chamar-se

Maria Nazária. Ela se inclinou, abraçou e beijou-me no leito em que me achava prostrada,

entendendo decerto que eu não dispunha de qualquer energia para movimentar-me.

Minha voz jazia como que escondida na garganta, mas a audição continuava firme.

Ouvi-lhe as palavras de bênçãos e comovi-me quando me chamou por “neta do coração”.

Ela compreendeu que a palavra ainda não me fora restituída e não insistiu em dialogar

comigo.

Apenas me solicitou calma e repouso, e acentuou que chegaria a ocasião de conversarmos livremente.

Este dia apareceu quando meus órgãos vocais me pareceram reconstituídos e, só então,

tive as informações desejadas acerca do acidente de que fôramos os frágeis protagonistas.

Perguntei por Márcio e a vó Maria Nazária me esclareceu que ele se encontrava num

Instituto Evangélico para tratamento das sequelas que lhe ficaram intensas quanto ao desastre

havido. Pedi para que me permitissem uma visita ao nosso lar de Joinvile, mas a benfeitora

me explicou que isso levaria tempo, de vez que os processos emocionais negativos poderiam,

talvez, me visitar o cérebro combalido, mas, consentiu em acompanhar-me para rever o nosso Márcio que se achava sob proteção segura, mas durante várias visitas que lhe fiz não demonstrou reconhecer-me e, com grande assombro para mim, não acreditava que houvéssemos passado pela morte do corpo.

Afligi-me por tudo isso, no entanto, apareceu o momento em que ele me reconheceu,

como quem acordava de uma estranha alucinação.

Revelou alegria e pareceu-me seguro de si, entretanto, persistia admitindo que não havíamos passado pela desencarnação e sim que fôramos internados em casas especializadas

para recuperação de acidentados. Isso perdurou por meses, até que compareceu em minha companhia a reuniões dedicadas a perguntas e respostas, e, achando-nos em grupo, viu-se

com mais facilidade para abrir-se à realidade espiritual.

Nesse ponto de minhas experiências já havia visitado a nossa casa por várias vezes, abraçando os pais queridos e, registrando-lhe a dor, ao lado dos irmãos que permaneciam em

minha saudade incessante. Nerian, Nerli, Nerceli, Ci e o Cláudio Luiz, todos os irmãos queridos me pressentiam a presença, no entanto, não me viam, nem escutavam.

A vovó Maria Nazária me proporcionou esclarecimento sobre a nova dimensão vibratória em que nos achávamos e tenho procurado aprender a trabalhar e a servir com ela, tentando o esquecimento de mim própria e aceirando o Márcio, sempre que se nos faz possível a

reaproximação, com as dúvidas dele acerca dos destinos da alma.

Felizmente, agora estou com os pés no chão da realidade e agradeço as preces e os pensamentos carinhosos de meus pais e de meus irmãos, dos amigos e pessoas estimadas que

ainda me recordam.

Peço-lhe dar as minhas notícias à dona Vania, que considero igualmente por mãe do coração e conto com as suas preces em favor e em benefício do Márcio.

Creiam que as pessoas submetidas à provação de acidentes semelhantes ao que sofremos, despertam aqui nem sempre concordes umas com as outras.

Parece-me que aí na Vida Física é fácil aparentar uma condição íntima que não é precisamente a nossa, sem qualquer idéia de fingimento.

Trata-se de um problema de personalidade, porque, por aqui, pelo menos na região que

nos oferece moradia à minha avó Nazária e a mim, não conseguimos ocultar qualidade alguma do que somos, porque tenho a impressão de que em qualquer encontro o pensamento voa,

ou se derrama dentro de nós. Isso alterou um tanto meu relacionamento com o querido Márcio, mas espero que ele se reajuste e que sejamos duas pessoas pensando pelos mesmos prismas.

Querida Mãezinha Isaildes; perdoe-me a carta longa, mas a Vovó julgou necessário que

me exprimisse sem qualquer omissão de mim mesmo.

Esperando que o seu coração de Mãe e meu Pai estejam tranqüilos a meu respeito; beija-lhes as mãos queridas, com muito afeto aos irmãos, a filha saudosa, mas sempre confiante

na proteção de Deus.

Sempre sua.

Nerci. 

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