No dia 17 de maio de 1978, em Oregon, Chrisann Brennan deu à luz uma menina: Lisa Brennan. Steve Jobs, o pai, não estava presente. Três dias depois apareceu, ajudou a escolher o nome da filha e, em seguida, desapareceu. Naquele mesmo mês, dentro da Apple, começava a nascer um projeto secreto que carregaria um nome curioso: LISA.
Jobs, no entanto, negava qualquer vínculo. Chegou a afirmar que era estéril, sustentou essa versão até sob juramento e apontou outro homem como possível pai. Enquanto isso, Chrisann e Lisa sobreviviam com auxílio social, em condições modestas, enquanto Jobs já acumulava uma fortuna de centenas de milhões de dólares.
Em 1980, um teste de DNA trouxe a verdade: 94,1% de probabilidade de paternidade. Jobs ainda resistiu, mas foi obrigado pela justiça a pagar US$ 385 por mês em pensão. Para um homem que valia um quarto de bilhão, era quase simbólico.
Três anos depois, em 1983, a revista TIME perguntou sobre Lisa. Jobs ironizou: “28% dos homens americanos poderiam ser o pai.” A revista recuou. Poucas semanas depois, a Apple lançava o computador Lisa, vendido por US$ 9.995. Era uma máquina revolucionária, com interface gráfica, mouse e multitarefa, mas também um monumento à contradição. Oficialmente, o nome significava Local Integrated System Architecture. Todos sabiam que era uma desculpa.
Jobs gastou US$ 50 milhões para colocar no mercado um computador batizado com o nome da filha que ele negava. Enquanto se imortalizava no Vale do Silício, Chrisann e Lisa limpavam casas para sobreviver. Mesmo após a verdade vir à tona, Jobs aumentou a pensão para apenas US$ 500 mensais — menos do que gastava em marketing do Lisa em um único dia.
Lisa cresceu assistindo ao pai construir a Apple. Aos nove anos, decidiu acrescentar “Jobs” ao sobrenome. Não porque ele a tivesse reconhecido, mas porque ela lutou por isso. Em 1985, quando foi afastado da Apple, Jobs finalmente admitiu ao biógrafo Walter Isaacson: “Obviamente foi batizado com o nome da minha filha.” Foram cinco anos de negação, e uma vida inteira de danos.
O computador Lisa fracassou e foi descontinuado em 1985. Mas a hipocrisia permaneceu. Jobs se tornou ícone mundial, cultuado como gênio, enquanto sua crueldade pessoal era esquecida. A história revela um contraste brutal: o homem que construiu máquinas para conectar o mundo não conseguiu se conectar com a própria filha.

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