sábado, 7 de dezembro de 2024

Instruções dos Espíritos Sobre a vaidade

 

"A vaidade é um vício carente, porque o vaidoso necessita estar sempre cercado por aqueles que lhe aplaudam o vazio. Há dois tipos de vaidosos; o primeiro se esforça para mostrar a todos aquilo que sabe, mas nunca com o objetivo de compartilhar sabedoria; o segundo é aquele que se empenha para parecer mais do que é. Enquanto no primeiro evidencia-se a tolice, no segundo, para manter-se sob o olhar admirado, o vaidoso dissimula e corrompe, por isso ser este tipo de vaidoso considerado o mais culpado.

   Nesse mundo, bem poucos são os que não buscam ser elogiados, tenham ou não qualidades dignas de elogio; são muitos os que buscam o apreço e a atenção da multidão. Esses, ao notar suas qualidades ou pseudo qualidades sendo enaltecidas, são invadidos por súbita alegria e, por alguns instantes, se sentem acima do resto da humanidade.

   Pois bem, meus amigos, digo que age assim a grande maioria dos seres humanos que habita esse mundo ainda tão imperfeito. Assim, para perdê-los, a melhor maneira é enaltecer o que eles são e, principalmente, o que não são; é assim que também agem os Espíritos maus. E os médiuns, esquecendo-se da condição fundamental para executar bem a sua tarefa, que é a humildade, entregam-se à sedução da vaidade e passam a orgulhar-se do próprio vazio. Lembrai-vos sempre do exemplo dado por João Batista que, ao anunciar o Cristo, disse: "eu não sou digno de desatar os cordões de suas sandálias, prostrando-me diante dele".1

Erasto

(Psicografada em 23 de julho e 2015.)


Observação: Interessante notar que nem os escravos eram obrigados a desatar os cordões das sandálias de seus senhores, e João, humildemente, diz que não é digno de prostrar-se diante de seu senhor para desatar-lhe as sandálias.


II

    "A vaidade diferencia-se do orgulho, embora filha deste, pelo fato de necessitar do sufrágio do outro, enquanto o orgulho pode dispensá-lo. Por um julgamento equivocado do seu real valor, o vaidoso busca incessantemente alimentar-se das opiniões favoráveis que os outros possam emitir a seu respeito. Sem atentar para a probidade interior, a integridade de caráter que verdadeiramente o faria grande, o vaidoso se envilece na tentativa de parecer virtuoso; tudo faz com vistas a agradar quem o observa e perde-se a si mesmo, em busca de uma glória que se desvanece diante da mais ligeira contrariedade feita a seus aduladores. Como bolha de sabão, colorida por uma luz emprestada, o vaidoso, ao voltar-se para si mesmo, encontra somente o vazio, e, por não encontrar aí o alimento necessário à sua satisfação, infla-se ainda mais e busca os lugares onde a luz mais viva, embora artificial, lhe dará um colorido mais intenso. É assim que o vaidoso cairá nas armadilhas que prepara para si próprio, e unicamente de si mesmo é que deve se lamentar."

Sem nome

(Psicografada em 23 de julho de 2015.)

 

A vaidade segundo Plutarco


   "Nada é mais frívolo e mais vão do que lisonjear a si mesmo a fim de o ser pelos outros. Isso é efeito de uma ambição desmedida e de um tolo amor pela glória, que só podem atrair maior desprezo. Viu-se homens que, pressionados pela fome e não encontrando nenhum outro alimento, foram forçados a nutrir-se de sua própria carne, excesso último em que a fome pôde leva-los.

   Do mesmo modo, se aqueles que são famintos de adulação não encontram ninguém que satisfaça seu desejo, elogiam-se a si mesmos abertamente; e, por um vergonhoso amor pela glória, nutrem sua vaidade com sua própria substância. No entanto, quando não lhes é suficiente simplesmente louvarem-se a si mesmos, e que, ciumentos dos elogios que se faz aos outros, eles opõem, para lhes obscurecer o brilho, a narrativa de suas próprias ações, então à vaidade eles ainda acrescentam a malícia e a inveja. Colocar o pé na dança do outro, é, diz o provérbio, uma curiosidade ridícula; mas jogar-se, por assim dizer, através dos elogios que se faz a um outro, para aí encontrar seu próprio elogio, é uma vaidade da qual é preciso defender-se com cuidado.

   Não soframos, mesmo nessas ocasiões em que outros nos elogiam, e deixemos essa honra aos que a merecem. Se as pessoas a quem se faz elogios deles são indignas, não tomemos o seu lugar; mas provemos altamente, e por razões sem réplica, que não merecem os louvores que se lhes dá. Este é um ponto sobre o qual não pode haver dúvida."

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