Aceitação



Perguntavam a Chico como conseguia conservar a tranquilidade ante tantas solicitações de multidões ávidas de consolo e conforto que o procuravam.O médium respondia com uma única palavra: Aceitação.Se bem analisarmos, verificaremos que muitas de nossas perturbações, quando nos deixamos dominar pela inquietação ou pela irritação, nascem de reações negativas, ante variadas situações que se sucedem no dia-a-dia:– O trânsito lento.– A agressividade do familiar.– A sobrecarga no serviço.– As críticas do companheiro.– O problema inesperado.
Em situações mais graves, a não aceitação gera sérios problemas, passíveis de nos desajustarem.– A morte de um ente querido.– A doença grave.– O prejuízo financeiro.– A deserção de um amigo.– A traição de um afeto.Chico nos oferece a chave mágica para não nos perturbarmos: aceitar.Eu diria, leitor amigo, que 90% de nossos sofrimentos, tensões e angústias, ante os desafios da existência, desde os simples contratempos às cobranças cármicas, sustentam-se em reações negativas, quando nos irritamos ou nos rebelamos.Toneladas de tranquilizantes e analgésicos são consumidas diariamente por pessoas inquietas, irritadas, com situações que fogem ao seu controle.Crimes, agressões, desentendimentos, afligem multidões atormentadas porque não aceitaram algo que as aborreceu ou prejudicou.Há o problema do suicídio, que envolve, invariavelmente, alguém que tentou fugir de um problema, de uma dificuldade, de um sofrimento...
***A cruz simboliza, tradicionalmente, a carga das atribulações que devemos carregar na jornada humana.No Espiritismo aprendemos que ela representa, acima de tudo, as situações cármicas em que resgatamos nossos débitos do pretérito e nos reajustamos diante das Leis Divinas. Considerando que jamais Deus nos imporia um peso superior às nossas forças, é óbvio que a transportadora celeste jamais comete equívocos na entrega dos madeiros.Nossa cruz é exatamente aquela que nos foi destinada.Ocorre que sentimentos negativos, como revolta, irritação, desespero, inconformação, funcionam como sobrecarga indevida, pesos que subtraem méritos e acrescentam deméritos que complicam a jornada. Ao cultivar a aceitação, livraremo-nos desses indesejáveis adicionais, e a cruz nos parecerá bem leve.
***Considere, entretanto, leitor amigo, duas nuances importantes no ato de aceitar. A primeira é a aceitação passiva de quem simplesmente se dispõe a carregar a sua cruz sem murmúrios e queixas.A segunda é a aceitação ativa de quem faz dela um arado para fertilizar o solo dos corações, com exemplos de dedicação ao bem, conservando a disposição de servir.Na primeira acertamos nossas contas com o passado.Na segunda investimos para o futuro.Exatamente como fazia Chico. Aceitava de forma positiva os percalços de sua condição de missionário sem contas do passado, para investir em favor do futuro de todos aqueles que têm a felicidade de conhecer os livros que psicografou e mirar-se em seus exemplos de dedicação ao bem

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