quinta-feira, 16 de julho de 2009

MARIA DOLORES

Maria Dolores, um poema de amor
Há 100 anos renascia a poetiza, que mesmo da Espiritualidade faz vibrar o coração de tantos quantos já vislumbraram no amor a maior de todas as inspirações.
Maria Dolores, a poetiza que ressurgiu pelas mãos abnegadas de Francisco Cândido Xavier, quando encarnada quase sempre engavetava os seus poemas. Em seu livro “Ciranda da Vida” ela diz o porquê: “O pavor à crítica, cujos apupos são uma das formas mais comuns em que se extravasa a vaidade humana, tem-me feito recuar ante a possibilidade de publicar os meus versos simplórios e passadistas. E, por isso, foi-se a mocidade, chegou a velhice, e eles continuam a entulhar o fundo de velha gaveta. Nunca tive jeito para o versejar moderno, atualizado até por alguns poetas da velha guarda. Nem mesmo cheguei a tentá-lo. Agora, porém, com a reforma espiritual que traçou um novo caminho para este meu fim de vida, sinto-me disposta e capaz de enfrentar a crítica, porque este livro se destina, com sua venda, a oferecer pequena ajuda a algumas instituições de caridade. Despretensiosa a minha atitude. Mas sincera. Bem intencionada.
Não tardou, porém, e a poetiza reaparece com seu ineludível estilo depois de uma existência inteira consagrada ao próximo, compondo, sobretudo aos leitores espíritas os mais belos poemas de encorajamento e reconhecimento da excelsitude de Jesus:
"Assim no mundo, coração amigo,
Faze o bem onde for, seja a quem for;
Em toda parte, Deus conta contigo
N a tarefa do amor"
“Se confias em Deus, alma querida,
Vem com Jesus, do lar, que te resguarda e eleva,
Ao vale da aflição onde vagam na sombra
Os romeiros da angústia e as vítimas da treva!...”
Maria Dolores chamava-se Maria de Carvalho Leite era natural de Bonfim da Feira, Estado da Bahia. Filha de Hermenegildo Leite e Dona Balbina de Carvalho Leite nasceu no dia 10 de se setembro de 1900. Era professora desde muito jovem, lecionando inclusive em várias instituições educacionais da cidade de Salvador. Mas, atuante também no campo do jornalismo por mais de uma década, onde chegou a ser redatora responsável da “Página Feminina” de “O imparcial”, jornal de grande veiculação à sua época por toda a Bahia, além de ocupar o cargo de redatora-chefe do “Imparcial” e colaboradora do “Diário de Notícias”.
Maria Dolores foi casada por breves anos com o médico Odilon Machado cujos maltratos, inelutavelmente gerou o desquite e, desde então, nunca mais contraiu matrimônio, a fim de abraças um lar ainda maior... A dor que suportou a fez conhecer o então combatido Espiritismo. De alma caridosa integrou-se à “Legião da Boa Vontade”. Fundada pelo saudoso Alziro Zarur. Era freqüente ver-se Maria Dolores dedicando-se aos sofredores dos bairros pobres da cidade de Salvador. Afastando-se das lides literárias, Maria Dolores dedica-se então, à caridade infatigável, criando meninas, sonhando edificar o “Lar das Meninas sem Lar”. Graças a esse projeto veio a lume o livro “Ciranda da vida”, cuja renda possibilitou a realização de seu antigo desejo. Com isso, Maria Dolores que não fora mãe biológica, tornava-se Mãe Espiritual de várias meninas, então. No dia 27 de Agosto de 1959, após ser acometida por uma forte peneumonia, a benfeitora regressa à Vida Maior, de onde extrai mais aclarada inspiração para nos proclamar, com seus versos de amor puro, a sobrevivência da alma após o fenômeno da morte, para nos cantar as sublimidades daqueles que escreveram um poema de amor. Em seu livro “Antologia da Espiritualidade” o Espírito de Emmanuel assim prefacia: “Este é um livro de amor para os que já conhecem a ciência de amar”.
Neste centenário não podemos deixar de elevar nossas preces a uma existência tão querida quanto o foi e o é de nossa querida poetiza, que ainda hoje faz ecoar seu imenso amor à família espírita:
“Não digas, coração, que Deus não tem
Necessidade do teu braço amigo,
Quando Deus ama, serve e anda contigo
Para a glória do bem!...”
Obrigado, Senhor,
Pelo encanto, pelo perfume e pelas flores...,
Pelo amor dos versos multicores
Da poesia de nossa querida
Maria poetiza, Dolores!...
Obrigado, Senhor!...
Deus te abençoe, Maria!...
Bibliografia: Anuário Espírita 2000-09-06
Revista da Feesp / Dez./ 87

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