
Jerônimo Candido Gomide, já com vinte e um anos de idade, tendo o físico ro-busto, tornara-se enfermeiro dos obsidiados internados e zelador do Colégio Allan Kar-dec. Em certa manhã, viu ele o professor Eurípedes Barsanulfo sentado em uma cadeira embaixo do caramanchão florido do colégio e, julgando-o dormir, passou, silencioso...
- Onde vai o senhor, pisando como um gato? – disse o médium.
- Estou pisando assim para não acordar o senhor.
- “Seu” Jerônimo, segundos atrás estive em espírito na casa de Dona Mariquinha, no Zagáia; a filhinha dela, que tinha crupe, morreu não faz um minuto. Dona Mariquinha está me xingando e blasfemando contra Deus e Jesus.
Jerônimo concordou com a cabeça, mas... não acreditou. Se a menina ainda ontem estava tão alegre! E, fingindo varrer o pátio, contornou o prédio e, sorrateiro, saiu à rua, correu em direção ao Zagáia e encontrou, realmente, a menina morta na cama e a Dona Mariquinha aos gritos, blasfemando. E regressou ao colégio. Eurípedes Barsanulfo continuava sentado na cadeira...
- Venha cá, “seu” Jerônimo. É como eu disse ou não?
- É, sim, senhor! Mas, como sabe que eu fui verificar?
- Acompanhei-o em espírito. Pois é! Não se pode impedir o desencarne. A menina tinha de abandonar a Terra, mas a mãe nada compreende das coisas de Deus e blasfema. Quanto ao senhor, “seu” Jerônimo, é um Tomé; só acredita, vendo...
"Eurípedes Barsanulfo, o Apóstolo da Caridade"
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