domingo, 26 de julho de 2009

O FANTASMA DE ATENAS


Havia em Atenas uma casa muito grande e perfeitamente habitável, porém desprezada e deserta. No mais profundo silêncio da noite, nela ouviam-se ruídos dos ferros arrastados e, se prestava maior atenção, entrechocar de cadeias que pareciam vir de muito longe e ir se aproximando. Logo em seguida, via-se o espectro, que se assemelhava a um ancião, magro, abatido, de longas barbas, os cabelos hirsutos, ferros nos pés e nas mãos, que ele entrechocava horrivelmente. Daí, noites de terror e insônia para os que habitavam a mansão.

A insônia e o terror constantes adoeciam as pessoas que, por vezes, morriam. A casa foi, então, abandonada. Em sua fachada o dono pôs um aviso: "Alugo ou vendo".

O filósofo Athenodoro veio à Atenas, gostou da mansão e comprou-a. A história do fantasma não o atemorizou. Assumiu a propriedade. Em chegando a noite, ordenou que lhe preparasse o leito num quarto da frente. As demais pessoas recolheram-se nos fundos da casa. Não demorou para o espectro aparecer, fazendo o seu barulho característico. Athenodoro, que estava escrevendo, levantou os olhos, viu o espírito que lhe chamava com o movimento de um dedo. Fez um sinal com a mão para que ele o esperasse e continuou a escrever. O espectro redobrou o barulho. Athenodoro levantou a cabeça novamente e viu que a aparição insistia em chamá-lo. Ergueu-se, tomou a lâmpada, e seguiu o espírito. No páteo da casa, o espectro sumiu de repente. Athenodoro marcou o local e voltou para o seu quarto.

No dia seguinte, ele pediu ao magistrado que mandasse escavar o lugar. Isso foi feito. Encontraram, ali, ossos envoltos por correntes. Providenciou-se o sepultamento público da ossada e o espírito nunca mais apareceu.

Fonte: Anuário Espírita, 1972.

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