Certo médium percebia, com frequência, junto de si, um simpático espírito que se revelava seu protetor. No início, passou a consultá-lo sobre questões doutrinárias, depois, problemas pessoais; finalmente, a pretexto de qualquer assunto. Um dia, motorista inexperiente, teve dúvida ao atravessar com seu automóvel um cruzamento perigoso e recorreu à "sapiência" do mentor. Este, resoluto, disse:
– Vai que dá!
E deu mesmo. Daí para a frente a máquina passou a ser conduzia pelo seu dono e o "co-piloto". Mas, certa feita, numa estrada acidentada, no alto da lombada, em sentido contrário, um caminhão iniciava a descida. Lá embaixo a ponte estreita, com passagem para um veículo apenas. No automóvel, o médium vacilou. O "co-piloto", porém, disse:
– Vai que dá!
O acelerador foi acionado com maior ímpeto. Ao aproximar da ponte, Jovino viu que o caminhão ia chegar junto e arregalou os olhos, apavorado. E o mentor, desolado, murmurou:
– Xii! Acho que não vai dar, não!
Fonte: Atravessando a rua, Richard Simonetti. 
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