sexta-feira, 23 de abril de 2010

Desequilíbrio

Encontras-te angustiado. Sofrimento e
desajuste unem-se para dar à paisagem social
da Terra o aspecto triste e imenso Nosocômio
onde pessoas se apresentam dominadas por
afecções de longo curso, sem perspectivas de
recuperação. Dizes que até o oxigênio do ar
parece carregado de substâncias tóxicas de
penetração profunda, que atingem os tecidos
sutis da vida psíquica.

Anotas desertores da ordem, que há pouco eram
paradigmas do dever e te referes às novas
gerações que parecem enlouquecidas, na correria
desvairada, sexólatra, nos longos dédalos da
sandice.

As melhores afeições que constituíam fortaleza
em que te refugiavas, se encontram vencidas e
transitam indiferentes como se o egoísmo as
conquistasse de inopino.

Os ideais superiores da Humanidade parecem
frouxa claridade que tremeluz, apagando-se.

Só desequilíbrios campeiam, fecundos,
dominadores.

E temes a grande escuridão, aquela noite moral
a que se reportam as advertências evangélicas.. .

Estás receoso quanto ao futuro.

Indagas, perquires e não te podes furtar a
sérias preocupações, observando o riso, que na
maioria dos semblantes é esgar agônico.

Não duvides, porém, da presença positiva do
Cristo na Terra sofredora destes dias.

Escutam-se as vozes da vida imortal falando
em toda parte.

Repercute em milhões de espíritos o chamado
do Consolador, restabelecendo as diretrizes
da verdade.

Há dor, sim ! Ela, porém, é o prenúncio de
justas alegrias.

Quando a mente se ensoberbece e desvaira, o
sofrimento é a única voz que alcança a acústica
do ser.

As grandes lutas produzem as melhores seleções.

O atrito desgasta, mas corrige arestas e dá
formas harmoniosas.

Não te permitas enxergar somente uma parte do
panorama da atualidade.

Pensa nos que estão silenciosos em laboratórios,
atuantes nas cátedras do ensino nobre,
afervorados nos organismos da legislação em
toda parte, atarefados nos gabinetes de pesquisas,
confiantes nos tratos de terra onde semeiam, e
modificarás o conceito.

Amamentando, a mãe generosa não receia o amanhã
do filhinho: preserva-o e ajuda-o hoje.

Sob teto acolhedor, o homem não considera a
possibilidade de ficar soterrado sob ele: frui
a benção do agasalho hoje.

Bendize, também, a oportunidade de hoje
produzires para o bem e cuida que o Senhor se
encarregará dos resultados para o porvir.

Existe muito amor onde somente enxergas
degredo e horror.

Muita bondade medra inesperadamente em lugares
em que ninguém supõe encontrá-la.

O amor de Nosso Pai por tudo zela. Reencoraja-
te, levanta o ânimo, prossegue.

Quando tudo conspirava contra aquele reduzido
grupo de homens e mulheres atemorizados; quando
o Líder que os guiava com segurança experimentara
o martírio até a morte; quando um amigo se deixa
enganar, a ponto de em desequilíbrio trair o
Amigo; quando o depositário da confiança geral,
colhido de surpresa e temendo vinditas e
represálias, negara o Benfeitor; quando a
soledade e o temor os ameaçavam até o desespero;
quando tudo parecia perdido: ideais desvanecidos,
planos malbaratados, desejos acalentados em doces
noites de vigília soçobrados; quando tudo eram
sombras, ei-Lo que retorna rutilante e vivo,
gentil e nobre, conclamando aqueles mesmos
corações ao perene embate da redenção. Elevando-
se do ânimo alquebrado para a alegria da vida,
deram as próprias vidas e renovaram com os seus
exemplos as paisagens do mundo... Jesus vive, e
a doutrina que agora ressurge dos escombros dos
séculos remodelará a Terra inteira, um dia em
breve, quando estaremos todos felizes ao comando
d'Ele.

[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Lampadário Espírita]
[Editora LEAL]

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