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sábado, 4 de dezembro de 2010

Jesus

JESUS
282 –Se devemos considerar o Velho Testamento como a pedra angular da Revelação Divina, qual a posição do Evangelho de Jesus na educação religiosa dos homens? -O Velho Testamento é o alicerce da Revelação Divina. O Evangelho é o edifício da redenção das almas. Como tal, devia ser procurada a lição de Jesus, não mais para qualquer exposição teórica, mas visando cada discípulo o aperfeiçoamento de si mesmo, desdobrando as edificações do Divino Mestre no terreno definitivo do Espírito.
283 –Com Referência a Jesus, como interpretar o sentido das palavras de João: - “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade?”.
-Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas.
Enviado de Deus, Ele foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos transviados do seu amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas ordenações sagradas da vida no Infinito. Diretor angélico do orbe, seu coração não desdenhou a permanência direta entre os tutelados míseros e ignorantes, dando ensejo às palavras do apóstolo, acima referidas.
284 –O apóstolo João recebeu missão diferente, na organização do Evangelho,considerando-se a diversidade de suas exposições em confronto com as narrações de seus companheiros?
-Ainda aí, temos de considerar a especialização das tarefas, no capítulo das obrigações conferidas a cada um. As peças nas narrações evangélicas identificam-se naturalmente, entre si, como partes indispensáveis de um todo, mas somos compelidos a observar que, se Mateus, Marcos e Lucas receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista.
285 –“Jesus-Cristo é sem pai, sem mãe, sem genealogia” – Como interpretar essa
afirmativa, em face da palavra de Mateus?
-Faz-se necessário entendermos a missão universalista do Evangelho de Jesus, através da palavra de João, para compreender tal afirmativa no tocante à genealogia do Mestre Divino, cujas sagradas raízes repousam no infinito do amor e de sabedoria em Deus.
286 –O sacrifício de Jesus deve ser apreciado tão-somente pela dolorosa expressão do Calvário?
-O Calvário representou o coroamento da obra do Senhor, mas o sacrifício na sua exemplificação se verificou em todos os dias da sua passagem pelo planeta. E o cristão deve buscar, antes de tudo, o modelo nos exemplos do Mestre, porque o  Cristo ensinou com amor e humildade o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível que todos os discípulos edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão demonstrar ao calvário de suas dores, no momento oportuno.
287 –Numerosos discípulos do Evangelho consideram que o sacrifício do Gólgota não teria sido completo sem o máximo de dor material para o Mestre Divino. Como conceituar essa suposição em face da intensidade do sofrimento moral que a cruz lhe terá oferecido?
-A dor material é um fenômeno como os dos fogos de artifícios, em face dos legítimos valores espirituais. Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não chegaram a experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do seu ideal.
Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis a contempla-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indefinível para a nossa apreciação restrita e singela. De modo algum poderíamos fazer um estudo psicológico de Jesus, estabelecendo dados comparativos entre o Senhor e o homem. Em sua exemplificação divina, faz-se mister considerar, antes de tudo, o seu amor, a sua humildade, a sua renúncia por toda a Humanidade.
Examinados esses fatores, a dor material teria significação especial para que a obra cristã ficasse consagrada? A dor espiritual, grande demais para ser compreendida, não constitui o ponto essencial da sai perfeita renúncia pelos homens?
Nesse particular, contudo, as criaturas humanas prosseguirão discutindo, como as crianças que somente admitem as realidades da vida de um adulto, quando se lhe fornece o conhecimento tomando por imagens o cabedal imediato dos seus brinquedos.
288 – “Meu Pai e eu somos Um” – Poderemos receber mais alguns esclarecimento sobre essa afirmativa do Cristo?
-A afirmativa evidenciava a sua perfeita identidade com Deus, na direção de todos os processos atinentes à marcha evolutiva do planeta terrestre.
289 –São muitos os Espíritos em evolução na Terra, ou nas esferas mais próximas, que já viram o Cristo, experimentando a glória da sua presença divina?
-Toda a comunidade dos Espíritos encarnados na Terra, ou localizados em suas esferas de labor espiritual mais ligadas ao planeta, sentem a sagrada influência do Cristo, através da assistência de seus prepostos; todavia, pouquíssimos alcançarão a pureza indispensável para a contemplação do Mestre no seu plano divino.
290 –Poder-se-á reconhecer nas parábolas de Jesus a expressão fenomênica das palavras, guardando a eterna vibração de seu sentimento nos ensinos?
-Sim. As parábolas do Evangelho são como as sementes divinas que desabrochariam, mais tarde, em árvores de misericórdia e de sabedoria para a Humanidade.
291 –Como interpretar o Anticristo?
-Podemos simbolizar como Anticristo o conjunto das forças que operam contra o Evangelho, na Terra e nas esferas vizinhas do homem, mas, não devemos figurar nesse Anticristo um poder absoluto e definitivo que pudesse neutralizar a ação de Jesus, porquanto, com tal suposição, negaríamos a previdência e a bondade infinita de Deus.
(Emmanuel, de “O CONSOLADOR”, 3ª Parte, cap. II (Evangelho), FCXavier, FEB)

ENSINAMENTOS DE JESUS
302 – Como compreender a afirmativa de Jesus aos Judeus: - “Sois deuses?”.
-Em todo homem repousa a partícula da divindade do Criador, com a qual pode a criatura terrestre participar dos poderes sagrados da Criação.
O Espírito encarnado ainda não ponderou devidamente o conjunto de possibilidades divinas guardadas em suas mãos, dons sagrados tantas vezes convertidos em elementos de ruína e destruição.
Entretanto, os poucos que sabem crescer na sua divindade, pela exemplificação e pelo ensinamento, são cognominados na Terra santos e heróis, por afirmarem a sua condição espiritual, sendo justo que todas as criaturas procuram alcançar esses valores, desenvolvendo para o bem e para a luz, a sua natureza divina.
303 –Qual o sentido do ensinamento evangélico: - “Todos os pecados ser-vos-ão perdoados, menos os que cometerdes conta o Espírito Santo?”.
-A aquisição do conhecimento espiritual, com a perfeita noção de nossos deveres, desperta em nosso íntimo a centelha do espírito divino, que se encontra no âmago de todas as criaturas. Nesse instante, descerra-se à nossa visão profunda o santuário da luz de Deus, dentro de nós mesmos, consolidando e orientando as nossas mais legítimas noções de responsabilidade na vida.
Enquanto o homem se desvia ou fraqueja, distante dessa iluminação, seu erro justifica-se, de alguma sorte, pela ignorância ou pela cegueira. Todavia, a falta cometida com a plena consciência do dever, depois da bênção do conhecimento interior, guardada no coração e no raciocínio, essa significa o “pecado contra o Espírito Santo”, porque a alma humana estará, então, contra si mesma, repudiando as suas divinas possibilidades. É lógico, portanto, que esses erros são os mais graves da vida, porque consistem no desprezo dos homens pela expressão de Deus, que habita neles.
304 –Qual o espírito destas letras: - “Não cuideis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada”?
-Todos os símbolos do Evangelho, dado o meio em que desabrocharam, são, quase sempre, fortes e incisivos. Jesus não vinha trazer ao mundo a palavra de contemporização com as fraquezas do homem, mas a centelha de luz para que a criatura humana se iluminasse para os planos divinos.
E a lição sublime do Cristo, ainda e sempre, pode ser conhecida como a “espada’ renovadora, com a qual deve o homem lutar consigo mesmo, extirpando os velhos inimigos do seu coração, sempre capitaneados pela ignorância e pela vaidade, pelo egoísmo e pelo orgulho
”.
305 –A afirmativa do Mestre: - “Porque eu vim pôr em dissensão o filho contra seu pai, a filha contra sua mãe e a nora contra sua sogra” – como deve ser compreendida em espírito e verdade?
-Ainda aqui, temos de considerar a feição antiga do hebraico, com a sua maneira vigorosa de expressão.
Seria absurdo admitir que o Senhor viesse estabelecer a perturbação no sagrado instituto da família humana, nas suas elevadas expressões afetivas, mas, sim, que os seus ensinamentos consoladores seriam o fermento divino das opiniões, estabelecendo os movimentos naturais das idéias renovadoras, fazendo luz no íntimo de cada um, pelo esforço próprio, para felicidade de todos os corações.
306 – “E tudo o que pedirdes na oração, crendo o recebereis” – Esse preceito do Mestre tem aplicação igualmente, no que se refere aos bens materiais?
-O “seja feita a vossa vontade”, da oração comum, constitui nosso pedido geral a Deus, cuja Providência, através dos seus mensageiros, nos proverá o espírito ou a condição de vida do mais útil, conveniente e necessário ao nosso progresso espiritual, para a sabedoria e para o amor.
O que o homem não deve esquecer, em todos os sentidos e circunstâncias da vida, é a prece do trabalho e da dedicação, no santuário da existência de lutas purificadoras, porque Jesus abençoará as suas realizações de esforço sincero.
307 –Por que disse Jesus que “o escândalo é necessário, mas aí daquele por quem o escândalo vier?”.
-Num pano de vida, onde quase todos se encontram pelo escândalo que praticaram no pretérito, é justo que o mesmo “escândalo” seja necessário, como elemento de expiação, de prova ou de aprendizado, porque aos homens falta ainda aquele “amor que cobre a multidão dos pecados”.
As palavras do ensinamento do Mestre ajustam-se, portanto, de maneira perfeita, à situação dos encarnados no mundo, sendo lastimáveis os que não vigiam, por se tornarem, desse modo, instrumentos de tentação nas suas quedas constantes, através dos longos caminhos.
308 –As palavras de João: - “A luz brilha nas trevas e as trevas não a compreenderam”, tiveram aplicação somente quando da exemplificação do Cristo, há dois mil anos, ou essa aplicação é extensiva à nossa era?
-As palavras do apóstolo referiam-se à sua época; todavia, o simbolismo evangélico do seu enunciado estende-se aos tempos modernos, nos quais a lição do Senhor permanece incompreendida para a maioria dos corações, que persistem em não ver a luz, fugindo à verdade.
309 –Em que sentido devemos interpretar as sentenças de João Batista: - “A quem pertence a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que com ele está e ouve, muito se regozija por ouvir a voz do esposo. Pois este gozo eu agora experimento; é preciso que ele cresça e que eu diminua”?
-O esposo da Humanidade terrestre é Jesus-Cristo, o mesmo Cordeiro de Deus que arranca as almas humanas dos caminhos escusos da impenitência. O amigo do esposo é o seu precursor, cuja expressão humana deveria desaparecer, a fim de que Jesus resplandecesse para o mundo inteiro, no seu Evangelho de Verdade e Vida.
310 –A transfiguração do Senhor é também um símbolo para a Humanidade?
-Todas as expressões do Evangelho possuem uma significação divina e, no Tabor, contemplamos a grande lição de que o homem deve viver a sua existência, no mundo, sabendo que pertence ao Céu, por sua sagrada origem, sendo indispensável, desse modo, que se desmaterialize, a todos os instantes, para que se desenvolva em amor e sabedoria, na sagrada exteriorização da virtude celeste, cujos germes lhe dormitam no coração.
311-Qual o sentido da afirmativa do texto sagrado, acerca de Jesus: - “Não tendo Deus querido sacrifício, nem oblata, lhe formou um corpo?”.
-Para Deus, o mundo não mais deveria persistir no velho costume de sacrificar nos altares materiais, em seu nome, razão por que enviou aos homens a palavra do Cristo, a fim de que a Humanidade aprendesse a sacrificar no altar do coração, na ascensão divina dos sentimentos para o seu amor.
312 –Como interpretar a afirmativa de João: - “Três são os que fornecem testemunho no céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo?”.
-João referia-se ao Criador, a Jesus, que constituía para a Terra a sua mais perfeita personificação, e à legião dos Espíritos redimidos e santificados que cooperam com o Divino Mestre, desde os primeiros dias da organização terrestre, sob a misericórdia de Deus.
313 –Como entender a bem-aventurança conferida por Jesus aos “pobres de espírito?”.
-O ensinamento do Divino Mestre, referia-se às almas simples e singelas,
despidas do “espírito de ambição e de egoísmo” que costumam triunfar nas lutas do mundo.
Não costumais até hoje denominar os vitoriosos do século, nas questões puramente materiais, de “homens de espírito?” É por essa razão que, em se dirigindo à massa popular, aludia o Senhor aos corações despretensiosos e humildes; aptos a lhes seguirem o ensinamento; sem determinadas preocupações rasteiras da existência material.
314 –Qual a maior lição que a Humanidade recebeu do Mestre, ao lavrar ele os pés
dos seus discípulos?
-Entregando-se a esse ato, queria o Divino Mestre testemunhar Pás criaturas humanas a suprema lição da humildade, demonstrando, ainda uma vez, que, na coletividade cristã, o maior para Deus seria sempre aquele que se fizesse o menor de todos.
315 –Por que razão Jesus, ao lavar os pés dos discípulos, cingiu-se com uma toalha?
-O Cristo, que não desdenhou a energia fraternal na eliminação dos erros da criatura humana, afirmando-se como o Filho de Deus nos divinos fundamentos da Verdade, quis proceder desse modo para revelar-se o escravo pelo amor à Humanidade, à qual vinha trazer a luz da vida, na abnegação e no sacrifício supremos.
316 –Aceitando Jesus o auxílio de Simão, o cireneu, desejava deixar um novo ensinamento às criaturas?
-Essa passagem evangélica encerra o ensinamento do Cristo, concernente à necessidade de cooperação fraternal entre os homens, em todos os trâmites da vida.
317 –A ressurreição de Lázaro, operada pelo Mestre, tem um sentido oculto, como lição à Humanidade?
-O episódio de Lázaro era um selo divino identificando a passagem do Senhor, mas também foi o símbolo sagrado da ação do Cristo sobre o homem, testemunhando que o seu amor arrancava a Humanidade do seu sepulcro de misérias, Humanidade da qual tem o Senhor dado o sacrifício de suas lágrimas, ressuscitando-a para o sol da vida eterna, nas sagradas lições do seu Evangelho de amor e de redenção.
318 –Poderemos receber um ensinamento sobre a eucaristia, dado o costume tradicional da Igreja Romana, que recorda a ceia dos discípulos com o vinho e a hóstia?
-A verdadeira eucaristia evangélica não é a do pão e do vinho materiais, como pretende a igreja de Roma, mas, a identificação legítima e total do discípulo com Jesus, de cujo ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para iluminação dos seus sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da vida.
319 –Quem terá recebido maior soma de misericórdia n a justiça divina: - Judas, o discípulo infiel, mas iludido e arrependido, ou o sacerdote maldoso e indiferente, que o induziu à defecção?
-Quem há recebido mais misericórdia, por mais necessitado e indigente, é o mau sacerdote de todos os tempos, que, longe de confundir a lição do Cristo uma só vez, vem praticando a defecção espiritual para com o Divino Mestre, desde muitos séculos.
320 –Que ensinamentos nos oferece a negação de Pedro?
-A negação de Pedro serve para significar a fragilidade das almas humanas, perdidas na invigilância e na despreocupação da realidade espiritual, deixando-se conduzir, indiferentemente, aos torvelinhos mais tenebrosos do sofrimento, sem cogitarem de um esforço legítimo e sincero, na definitiva edificação de si mesmas.
321 –Qual a edição dos Evangelhos que melhor traduz a fonte original?
-A grafia original dos Evangelhos já representa em si mesma, a própria tradução do ensino de Jesus, considerando-se que essa tarefa foi delegada aos seus apóstolos.
Sendo razoável estimarmos, em todas as circunstâncias, os esforços sinceros, seja qual for o meio onde se desdobram, apenas consideramos que, em todas as traduções dos ensinamentos do Mestre Divino, se torna imprescindível separar da letra o espírito.
Poderia objetar que a letra deveria ser simples e clara.
Convenhamos que sim, mas importa observar que os Evangelhos são o roteiro das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos; pois, constituindo a cátedra de Jesus, o discípulo que deles se aproximar com a intenção sincera de aprender encontra, sob todos os símbolos da letra, a palavra persuasiva e doce, simples e enérgica, da inspiração do seu Mestre imortal.

(Emmanuel, de “O CONSOLADOR”, 3ª Parte, cap. II (Evangelho), FCXavier, FEB)

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