segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As Três Sementes

Todas as semanas, há alguns meses, um grupo de simpatizantes da Doutrina Espírita reunia-se para estudos no casarão do dr. Oliveira, em Petrópolis.
Convidado por um amigo, fui participar de uma dessas reuniões.
Em torno de uma mesa no centro de um luxuoso aposento, os estudos se desenvolviam com apartes inflamados na disputa da palavra.
    – Espiritismo no meu entender é Ciência! – Afirmou Resende.
    – Concordamos! – Anuíram alguns irmãos presentes.
    – A Filosofia Espírita é tão profunda, a ponto de tornar prescindível qualquer tema religioso. Asseverou Raimundo.
    – Eu entendo o Espiritismo como Religião libertadora! – Declarou com firmeza a Sra.. Cândida.

    Em meio ao calor das opiniões o dr. Oliveira pediu um aparte, sugerindo que fosse convocado o Guia Espiritual para avaliar as opiniões, no que, todos concordaram. Antonio, espírito amigo da família Oliveira, presente à reunião, atendeu à convocação e, envolvendo a Sra. Resende, falou aos presentes:
    – Caros irmãos, na esfera onde aprimoro meus conhecimentos, nossos orientadores, a guisa de nossas inquirições, costumam contar histórias que estimulam nossa inteligência a encontrar as respostas que desejamos, esta noite farei o mesmo, vou contar-lhes uma história:
    No fim do século XVII, um pesquisador francês, vasculhando os porões de um velho castelo em ruínas nas cercanias de Nantes, encontrou uma ânfora hermeticamente selada contendo centenas de grãos, eram sementes cuja qualidade nunca havia visto antes. Entusiasmado com a descoberta convocou seus colegas cientistas para estudá-las.
    Em pouco tempo as sementes foram rodeadas de mentes brilhantes que representavam a elite acadêmica da época.
    Depois de muitos debates e conclusões, resolveram fazer um teste. Juntaram três enormes vasos contendo terra de excelente qualidade e em cada um deles plantaram uma semente.
   Passadas algumas semanas germinaram, porém, foi uma decepção para todos, nada apresentavam de extraordinário. Mesmo depois de alguns meses desenvolveram apenas frágil e tenro talo sem viço. Realizaram varias tentativas porém em vão, as sementes não revelaram as qualidades que esperavam. O grupo de cientistas decepcionado, incumbiu o zelador do laboratório a se desfazer das sementes.
     O zelador, pessoa simples criada no campo, não achou de bom alvitre o que lhe ordenaram e acabou plantando em suas terras as famosas sementes.
     Passados alguns anos tornou-se um rico agricultor, transformando o lugarejo onde morava, em uma das regiões mais ricas em agricultura. Tudo devia àquelas sementes que produziam de forma espetacular. Feliz, resolveu agradecer aos cientistas. Estes o receberam no laboratório, porém, espantados com as afirmações do zelador cravaram-no de perguntas:
    – Como o senhor conseguiu fazer germinar as sementes que aqui no laboratório, apesar de todos os recursos científicos, se revelaram estéreis?
    – Eu plantei uma semente numa cova e ela não vingou, então eu lembrei que algumas sementes devem ser plantadas juntas. Ai plantei duas, também não vingaram, mas quando eu coloquei três juntas... O resultado vocês conhecem!
    
Após esta narrativa, Antonio despediu-se, deixando os presentes meditando sobre a moral da história.
 

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