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domingo, 23 de janeiro de 2011

A Cura Pelo Perdão

Quando eu trabalhava no ramo de construções e estava construindo uma casa para um cliente que se tornou meu amigo, certa feita, essa pessoa, tomando conhecimento do meu trabalho mediúnico, pediu-me que eu fosse ver sua comadre, uma uruguaia, que sofria de uma bronquite crônica que a levava quinzenalmente a ser hospitalizada. Atendendo ao seu pedido, fui visitá-la. Morava próximo à obra do amigo.
   Quando cheguei em sua casa, recebeu-me cordialmente; estava ofegante, percebia-se a gravidade do problema que a fazia sofrer. Conversei bastante; realmente ela precisava de ajuda. Mostrou-me uma caixa cheia de remédios e resultados negativos de exames; já havia tentado de tudo. Consultara quase todos os especialistas.
   Naquele dia, impus minhas mãos sobre ela e vibrei em seu favor. A partir daí, todos os dias, quando me dirigia para a obra do meu amigo, passava pela sua casa e repetia o tratamento da imposição das mãos. Percebi tratar-se de uma enfermidade de fundo psíquico-emocional. Entretanto, após duas semanas de passes consecutivos, não apresentava melhora. Preocupado, consultei os benfeitores espirituais que me assistiam naquele caso. Obtive uma resposta sucinta: Consulte o seu coração!
   No dia seguinte, antes de ministrar-lhe o passe, conversamos muito; então, aproveitei e perguntei-lhe:
   – A senhora tem mágoa de alguém?
   Após a pergunta, seu rosto ruborizou e ela respondeu:
   – Muita mágoa! Muita mágoa mesmo! Quando eu tinha apenas quinze anos de idade, meu irmão deu-me uma surra na frente de um jovem com o qual eu tinha uma grande amizade. A humilhação que passei foi muito grande. Não consigo perdoá-lo. Quando me lembro do acontecido, sinto vontade de matá-lo.
   Percebi o quanto ela o odiava. Esse era o seu grande problema. Conversei muito com ela e acabei convencendo-a de que era preciso reconciliar-se com o irmão, porém, ele morava no Uruguai. Diante desse fato, só restava uma alternativa; novamente, como nos outros casos, recorri à velha receita...
   Ela se prontificou a exercitar o perdão através das mentalizações.
  Continuei ministrando-lhe o passe por mais alguns dias, mas, como eu havia terminado a obra do meu amigo, fiquei impedido de visitá-la diariamente. Passados alguns meses, o meu amigo telefonou-me, pedindo que eu fosse até a obra para orientá-lo no tipo de revestimento externo que deveria usar como acabamento final. Na ocasião, aproveitei e passei pela casa da enferma. Fiquei surpreso ao vê-la lavando o jardim com os pés descalços. Quando me viu, chorou de emoção e fez-me entrar para ouvir sua narrativa:
   – Eu fiz exatamente como o senhor me orientou! Todas as noites, através da imaginação, eu me via diante de meu irmão e o abraçava. Foi muito difícil, mas eu continuei, até que, certa noite, quando eu senti que seria capaz de abraçá-lo, se realmente estivesse diante dele, fui acometida de uma sonolência estranha. Nessa hora, vi claramente uma mulher entrar no meu quarto e falar:
   – Minha irmã! Você está curada! Tome dois vidros de Emulsão de Scott para se fortalecer.
   Depois de narrar o acontecido, sorrindo, mostrou-me o vidro de remédio e afirmou:
   – Já tomei um e agora começo a tomar o outro!
   Realmente, ela estava curada! Não só da bronquite, mas também do coração!
  Esses acontecimentos surgem em nossas vidas para crescermos espiritualmente. São lições importantes, às vezes aparentemente injustas, mas que, na realidade, atendem às nossas mais prementes necessidades evolutivas. As pessoas que se tornam os instrumentos na aplicação dessas lições, apesar do grau de ignorância em que estagiam, surgem como material didático, proporcionando-nos valiosas oportunidades de exercitarmos as virtudes que ainda não conquistamos.
  O mal que nos causam, se bem compreendidos, transformam-se em um bem muito maior, cujos benefícios aprendemos a reconhecer mais tarde.

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