Tanto conhecimento enriqueceu-me a cultura, enquanto estive na Terra.
A minha profissão de doutor brindou-me com imensa possibilidade de conforto. Em meu impecável vestuário branco, os pacientes viam-me como um semideus.
Fui, todavia, omisso ante o dever de tratar como humanos os pobres aos quais me via obrigado a atender. Não captei o sofrimento que emanava de seus olhares. Deixei de me compadecer das mães prestes a dar à luz seus filhinhos queridos. Ante problemas na gravidez, várias esperaram que eu as atendesse, mesmo dispondo de parcos recursos financeiros. Cego, surdo e mudo fiz-me. Hoje, vejo os espíritos daqueles que não se apropriaram de suas vestes físicas por omissão minha. Alguns me perseguem.
Perdoa-me, Senhor!
Chegou-me às mãos, certa vez, a biografia do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes. Um nobre colega de profissão, espírita, talvez percebendo o terreno escorregadio em que eu ia pisando, ao me dar o texto, sugeriu que eu lesse. Releguei o presente ao fundo de uma gaveta.
Perdoa-me, Senhor!
Permita-me Pai, voltar à Terra como enfermeiro. Apenas enfermeiro quero ser; enfermeiro com escassos recursos financeiros, mas de coração repleto de amor pelos doentes. Desejo, além de injeções e medicamentos, dar-lhes esperança através de boas palavras e dedicação. Permita-me, Amado Deus, redimir-me!
Sinto-me hoje tocado por Teu Amor nas fibras mais íntimas de meu ser, após tantos anos de cegueira. Dá-me Senhor, Teu perdão. Esta é a minha mais sincera oração. Serei de Ti um leal representante. Dividirei meu pão, meu agasalho e ofertarei aos doentes todo consolo que esperarem de mim.
Hoje compreendo o valor da vida.
AG
Psicografia: Maria Nilceia
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