quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sem medo de viver

Nelson Moraes
 
 
      Entre os distúrbios psíquicos que se evidenciam neste século, a síndrome do pânico se reveste de uma característica das mais complexas: o medo de tudo e até mesmo o medo de viver.
      O agente atuante e causador desse distúrbio de comportamento é o medo.  Mas o que é o medo?
      O medo, durante o período instintivo da nossa evolução, foi um dos agentes psíquicos importantes estabelecidos pela natureza para a sobrevivência e manutenção das espécies.
      Como todos os impulsos que compõem o psiquismo dos seres, o medo obedece a lei da relatividade assumindo proporções ajustadas aos períodos evolutivos  pelos quais transitamos. Alguns desses impulsos psíquicos tendem a desaparecer a medida em que avançamos nos caminhos da razão.
       O medo relativo, ainda é um sentimento importante para nos manter distantes dos perigos desnecessários, mas quando deixamos esse sentimento assumir proporções exageradas, ele se transforma em um agente do desequilíbrio emocional.
        Se analisarmos melhor, vamos perceber que o medo tem sido o agente para o desenvolvimento de outros sentimentos ainda menos felizes:
        A ganância e a usura, revelam o medo da pobreza; o egoísmo, revela o medo da perda e o medo de ter que rapartir; o orgulho revela o medo da humilhação; o ciúmes revela o medo da traição; a vaidade excessiva revela o medo de não ser notado; as guerras revelam o medo da própria destruição.
       Geralmente transitamos pelas encarnações sucessivas alimentando esses sentimentos menos felizes em função do medo que sentimos de situações contrárias, com isso, acabamos polarizando nossa defesa e desenvolvemos sentimentos menos felizes.
        Mas a vida é pródiga, a cada oportunidade ela nos cerca de recursos valiosos para corrigirmos nossos desencontros psíquicos e emocionais. Em determinada encarnação, as feridas interiores se exteriorizam cobrando-nos tratamento adequado.
         A síndrome do pânico surge como um alerta acusando as feridas nos refolhos da alma causadas pelos sentimentos desajustados desenvolvidos no trato inadequado dos valores espirituais.
        Em um mundo como o nosso, onde tudo é relativo segundo a compreensão de quem observa, o poder de cura está no reconhecimento da causa.
O mais importante no contexto didático que a vida representa, é que, em função da necessidade de tratarmos um mal da alma que acaba se exteriorizando, acabamos por exercer a profilaxia de outros males, cujos efeitos ainda não se manifestaram.
         Antes de procurarmos a razão do medo, temos que identificar quais os sentimentos que adotamos até agora para suprimi-lo.
         Conscientes disso, devemos trabalhar por uma consistente renovação dos sentimentos menos felizes que cultivamos, para então superarmos os nossos medos. Essa ação trará resultados surpreendentes para a retomada do equilíbrio emocional.
         O sentimento de segurança não se estabelece aleatoriamente, é um estado de alma que deve ser construído através de uma compreensão mais ampla da nossa natureza espiritual, com a qual poderemos equacionar as causas dos distúrbios que ora nos desequilibram emocionalmente.
        O conhecimento da nossa natureza integral, nos coloca em posição confortável e nos ajuda a desenvolvermos um estado de consciência que nos dá a coragem para vivermos em qualquer circunstância com que a vida nos envolve.
         Compreendendo então, que tudo na vida é relativo, entendemos que o nosso sofrimento é relativo ao grau da nossa ignorância ou do nosso conhecimento.
         Em se tratando dos transtornos psíquicos, a ignorância espiritual agrava e perpetua o sofrimento, ao passo que o conhecimento atenua e contribui para a retomada do equilíbrio.
         A fé raciocinada e sentida nas fribras mais íntimas do coração, faz com que o ser humano caminhe sem medo de viver, de conviver e de amar. Nada teme, não se omite e tem a coragem de viver realizando sem se importar com os “perigos” a que se expõe.  Sabe, no seu âmago, que Deus está presente na sua vida e que tudo o que acontece a sua volta é para o seu bem, até mesmo as dificuldades que desafiam a sua capacidade de ser ainda melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário