sábado, 31 de março de 2012

Para encontrar o bem e assimilar-lhe a luz, não basta admitirlhe
a existência. É indispensável buscá-lo com perseverança e
fervor.
Ninguém pode duvidar da eletricidade, mas para que a lâmpada
nos ilumine o aposento recorremos a fios Condutores que lhe
transportem a força, desde a aparelhagem da usina distante até o
recesso de nossa casa.
A fotografia é hoje fenômeno corriqueiro; contudo, para que a
imagem se fixe, na execução do retrato, é preciso que a emulsão
gelatinosa sensibilize a placa que a recebe.
A voz humana, através da radiofonia, é transmitida de um
continente a outro, com absoluta fidelidade; todavia, não prescinde
do remoinho eletrônico que, devidamente disciplinado, lhe
transporta as ondulações.
Não podemos, desse modo, plasmar realização alguma sem
atitude positiva de confiança.
Entretanto, como exprimir a fé? – indaga-se muitas vezes.
A fé não encontra definição no vocabulário vulgar.
É força que nasce com a própria alma, certeza instintiva na
Sabedoria de Deus que é a sabedoria da própria vida. Palpita em
todos os seres, vibra em todas as coisas. Mostra-se no cristal
fraturado que se recompõe, humilde, e revela-se na árvore decepada
que se refaz, gradativamente, entregando-se às leis de renovação
que abarcam a Natureza.
Todas as operações da existência se desenvolvem, de algum
modo, sob a energia da fé.
Confia o campo no vigor da primavera e cobre-se de flores.
Fia-se o rio na realidade da fonte, e dela não prescinde para a
sua caudal larga e profunda.
A simples refeição é, para o homem, espontâneo ato de fé. Alimentando-
se, confia ele nas vísceras abdominais que não vê.
Todo o êxito da experiência social resulta da fé que a comunidade
empenhe no respeito às determinações de ordem legal que
lhe regem a vida.
Utilizando-nos conscientemente de semelhante energia, é-nos
possível suprimir longas curvas em nosso caminho de evolução.
Para isso, seja qual for a nossa interpretação religiosa da idéia
de Deus, é imprescindível acentuar em nós a confiança no bem
para refletir-lhe a grandeza.
Recordemos a lente e o Sol. O astro do dia distribui eqüitativamente
os recursos de que dispõe. Convergindo-lhe porém, os
raios com a lente comum, dele auferimos poder mais amplo.
O Bem Eterno é a mesma luz para todos, mas concentrandolhe
a força em nós, por intermédio de positiva segurança íntima,
decerto com mais eficiência lhe retrataremos a glória.
Busquemo-lo, pois, infatigavelmente, sem nos determos no
mal.
O tronco podado oferece frutos iguais àqueles que produzia
antes do golpe que o mutilou.
A fonte alcança o rio, desfazendo no próprio seio a lama que
lhe atiram.
Sustentemos o coração nas águas vivas do bem inexaurível.
Procuremos a boa parte das criaturas, das coisas e dos sucessos
que nos cruzem a lide cotidiana. Teremos, assim, o espelho de
nossa mente voltado para o bem, incorporando-lhe os tesouros
eternos, e a felicidade que nasce da fé, generosa e operante, liber
tar-nos-á dos grilhões de todo o mal, de vez que o bem, constante
e puro, terá encontrado em nós seguro refletor.

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