Na
sala simples, dessas que existem em muitas Casas Espíritas, um pequeno
grupo de mulheres estava reunido para falar a respeito do Evangelho de
Jesus.
Aquela
reunião semanal se destinava ao atendimento às mães financeiramente
carentes, com o objetivo de promovê-las, ajudando-as ao soerguimento
moral.
Uma
senhora de quarenta e poucos anos, de cabelos quase completamente
encanecidos e que trazia as marcas que o tempo e os maus tratos se
encarregaram de bordar-lhe no rosto, tomou a palavra e falou em
linguagem simples e um tanto tímida:
Quando
eu entrei aqui pela primeira vez, há cerca de um ano, vim tão-somente
em busca do pão material. Fiquei sabendo que aqui se distribuía
alimentos para os necessitados, e por isso me inscrevi.
Agora, um ano depois, quero que todas saibam o quanto minha vida mudou.
Eu tinha um filho de dezoito anos, sempre embriagado. Toda vez que chegava em casa, já era madrugada, e nós sempre discutíamos.
Eu o odiava. Pensava comigo mesma como pudera tê-lo gerado.
Ele, sempre agressivo, eu sempre irada. Nossa vida era um verdadeiro inferno.
Mas
aqui eu ouvi falar do amor, das montanhas que ele transporta. Ouvi
falar de fé e de esperança. Ouvi falar também do Homem de Nazaré, que
passou pela Terra com o objetivo de nos ensinar a amar.
As guerras odientas portas adentro do lar me causavam horror, e por isso resolvi tentar o amor.
Numa noite, fiz um prato de comida e guardei no forno do velho fogão.
Esperei-o
chegar, coloquei o prato sobre a mesa e lhe disse com carinho: "Filho,
deixei esta comida no fogão... Você deve estar cansado..."
Ele me olhou assustado e respondeu: "Qual é, velha? Tá mudando, é?"
Fiz de conta que não ouvi, e fui me deitar.
Na
noite seguinte repeti o gesto. Depois de várias noites, sentei-me com
ele à mesa na tentativa de dialogar. Ele, um pouco desajeitado falou:
"Mãe, isso não é vida! Você trabalha e eu..."
Ousei passar a mão nos seus cabelos... Tão rebeldes como ele mesmo.
Iniciamos um diálogo. Há quanto tempo não fazíamos isso!
A volta ao lar passou a ser mais cedo a cada noite. Largou a garrafa. Encontrou um emprego.
Hoje,
eu quero dizer que não era só o pão material que faltava em nosso lar. O
verdadeiro pão da vida é o amor, e esse era o mais escasso.
Agora
eu sei que esse amor, do qual vocês falam aqui, funciona mesmo. Basta
que tentemos com vontade e coragem, e a paisagem mais escura muda de
cor.
O amor dissipa as trevas, e nos faz ver novos horizontes, bem mais promissores.
Hoje, meu filho e eu não nos odiamos mais. Nossa vida mudou completamente e eu gostaria que todas vocês soubessem disso.
Hoje,
eu tenho certeza de que, se um dia não houver comida para colocar na
mesa, nós dois não brigaremos por isso, mas, juntos encontraremos uma
saída.
Agora nós sabemos que o dinheiro não é o mais importante. Que faz falta, sim, mas não faz a felicidade de ninguém.
* * *
Não há arma mais poderosa que o amor. Sua ação penetra as criaturas e as dulcifica.
A ação do amor paralisa o ódio, imobiliza a violência, deixa sem ação a vingança.
Se
já temos tentado de tudo, sem conseguir resultado algum, tentemos o
amor. Não há força capaz de sobrepujar a força que o amor exerce.
Tentemos o amor! Mas tentemos com a mesma vontade da protagonista da nossa história.
Redação do Momento Espírita, com base em fato relatado no
Centro Espírita Ildefonso Correia, em Curitiba, Paraná.
Em 23.03.2009.
Centro Espírita Ildefonso Correia, em Curitiba, Paraná.
Em 23.03.2009.
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