quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A IRONIA E A VERDADE

Nas grandes horas, nunca falta a ironia, em derredor dos
servidores da Verdade Eterna. E, para confortar os seus seguidores,
suportou-a Jesus, heroicamente, no extremo testemunho. Amara a todas
as criaturas de seu caminho, com igual devotamento, servira-as,
indistintamente, entregando-lhes os bens de Deus, sem retribuição,
exemplificara a simplicidade fiel e multiplicara os benefíciários de todos os
matizes, em torno de seu coração por onde passasse. Desdobrava-se-lhe
o Apostolado Divino, sem vantagens materiais e sem interesses inferiores,
mas os homens arraigados à Terra não lhe toleraram as revelações do
Céu. Porque não podiam destruir-lhe a verdade, entregaram-no à justiça
do mundo e, tão logo organizado o processo infamante, a ironia rondou o
Senhor até a crucificação.
Trouxera o Evangelho Libertador à Humanidade e recebeu a calúnia e a
perseguição.
Ele, que ouvia a Voz Suprema, foi preso por varapaus.
Distribuíra benefícios para todos os séculos, contudo, foi segregado num
cárcere.
Vestira as almas de esperança e paz, no entanto, impuseram-lhe a túnica do
escárnio.
Ensinara sublimes lições de renúncia e humildade e foi submetido a
perturbadores interrogatórios pelos acusadores sem consciência.
Rompera as algemas da ignorância, entretanto, foi coagido a aceitar a cruz.
Coroou a fronte dos semelhantes com a luz da libertação espiritual, todavia, foi
coroado de espinhos ingratos.
Oferecera carícias aos sofredores e desamparados do mundo, recebendo açoites
e bofetadas.
Fundara o Reino do Amor Universal e obrigaram-no a empunhar uma cana à
guisa de cetro.
Ensinou a ordem entre os homens pela perfeita fidelidade ao Supremo Senhor e
o boato lhe pôs na boca expressões que nunca pronunciou.
Abrira na Terra a fonte das Águas Vivas, entretanto, deram-lhe vinagre quando
tinha sede.
Ele que amara a simplicidade, a religião e o respeito, foi crucificado seminu, sob
o cuspo da perversidade, entre dois ladrões.

Jesus, porém, sentindo embora a ironia que o cercava, não reclamou, nem feriu
a ninguém, não comprometeu os companheiros, nem exigiu a consideração de seus
deveres. Compreendeu a ignorância dos homens, rogou para eles o perdão do Pai e
dirigiu-se a outros trabalhos, no seu divino serviço à Humanidade.
Nenhum servidor fiel do bem, portanto, escapará ao assédio da ironia. É preciso,
porém, recordar o Mestre, evitar o escândalo, pedir ao Supremo Pai pelos escarnecedores
infelizes e continuar trabalhando com o Senhor, dentro da mesma confiança do primeiro
dia.

 Emmanuel







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