Observava
a maneira maternal com a qual dona Marta aconselhava um jovem rapaz
que, aparentando seus trinta e cinco anos, trazia uma fisionomia triste e
apagada.
Embora
trabalhasse em um salão de beleza dos mais finos da capital paranaense e
tivesse uma clientela das mais selecionadas, faltava brilho em sua
vida.
Trabalhando
mais ou menos doze horas por dia, em contato com as mais variadas
personalidades, umas serenas e tantas outras desequilibradas, a rotina
estava fazendo com que ele desanimasse cada vez mais.
Onde
o sossego e a tranquilidade se, ao retornar para casa, só enfrentava
problemas tanto com os filhos quanto com a ex-mulher que quase o
enlouqueciam?
Como ter um descanso agradável se os familiares conseguiam transtorná-lo por completo?
O tempo passava rapidamente, e percebia-se o total descaso para com tudo que o rodeava, inclusive as pessoas que o amavam.
A
autodestruição era evidente e mais forte a cada dia que passava. E não
havia a menor chance de aproximação reparadora, pois ele mantinha a
guarda fechada, não permitindo intromissões nem conselhos.
Mas,
dona Marta, senhora escolada em muitos anos de trabalho no auxílio
fraterno, como quem nada sabia, mas com muita sabedoria comentou com ele
algo mais ou menos assim:
Meu filho, como foi que você acordou hoje? O que você sentiu?
Normalmente, como sempre, respondeu amargo. Nada
demais que pudesse notar de extraordinário! O mesmo tempo, as mesmas
ações, o mesmo comportamento, ou seja, igual a todos os outros dias de
todas as outras semanas dos últimos meses, retrucou com ironia.
E ela, muito sábia, continuou:
Mas, ao acordar, você abriu os olhos e pôde contemplar tudo a sua volta, não foi?
Sim. Respondeu secamente.
Depois,
fez sua higiene sem auxílio de ninguém e tomou sua bela refeição
matinal, desfrutando do bom e do melhor em termos de alimentação, não é
mesmo?
Claro, este é um item obrigatório em meu dia de trabalho, senhora.
Mas
depois disto, com toda disposição, encaminhou-se para cá, em seu carro,
dirigindo, vendo a paisagem da cidade que lhe acolhe e, ao chegar aqui,
ouviu e respondeu a várias saudações carinhosas de Bom dia dos companheiros de trabalho e clientes, não foi?
Com certeza, e também dei carona a um conhecido que se machucou no futebol e estava temporariamente proibido de dirigir!
Então, meu amigo, você não pode dizer que não houve nada que não lhe impressionasse a rotina.
Se
você pode ver, ouvir, sentir, andar, falar, você já tem, além da
normalidade, pois tem emprego para onde ir, amigos que o acolhem, saúde
que sobra e percepções fantásticas do mundo, que nem todos possuem.
Repense
seu dia-a-dia e seja, de hoje em diante, um ser radiante, inteiro,
porque viver só pela metade é uma perda da oportunidade de ser feliz.
* * *
Se
você também acha que sua vida se transformou em triste rotina, mesclada
de aborrecimentos constantes e que nada mais tem graça, pode ser que
esteja percebendo o mundo pela metade.
Nesse caso, quebre a monotonia, faça uma visita a um orfanato, a um hospital infantil, a uma casa de repouso para idosos.
Entre em contato com essas pessoas solitárias e dependentes e dedique um pouco do seu tempo.
Se as suas horas perderam a graça, ofereça-as a quem de fato dará a elas muita importância.
Seja
voluntário em alguma obra assistencial e verá que tudo a sua volta terá
um colorido diferente, devolvendo a você o bom ânimo e a alegria de
viver, trabalhar e ser útil.
Pense nisso!
Redação do Momento Espírita
Em 25.04.2011.
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