Num orfanato, igual a tantos outros que enxameiam por toda parte, havia uma pobre órfã, de 8 anos de idade.
Era
uma criança lamentavelmente sem encantos, de maneiras desagradáveis,
evitada pelas outras e francamente malquista pelos professores.
Por essa razão, a pobrezinha vivia no maior isolamento. Ninguém para brincar, ninguém para conversar...
Sem carinho, sem afeto, sem esperança... Sua única companheira era a solidão.
O Diretor do orfanato aguardava ansioso uma desculpa legítima para livrar-se dela.
E
um dia apresentou-se, aparentemente, uma boa desculpa. A companheira de
quarto da menina informou que ela estava mantendo correspondência com
alguém de fora do orfanato, o que era terminantemente proibido.
O Diretor e seu assistente mal puderam esconder a satisfação que a denúncia lhes causara.
Vamos tirar isso a limpo agora mesmo, disse o superior.
E, somando-se ao assistente, pediu para que a testemunha do delito os acompanhasse a fim de lhes mostrar a prova do crime.
Dirigiram-se os três, a passos rápidos, em direção à árvore na qual estava colocada a mensagem.
De fato, lá estava um papel delicadamente colocado entre os ramos.
O
Diretor desdobrou, ansioso, o bilhete, esperando encontrar ali a prova
de que necessitava para livrar-se daquela criança tão desagradável aos
seus olhos.
Todavia, para seu desapontamento e remorso, no pedaço de papel um tanto amassado, pôde ler a seguinte mensagem:
A qualquer pessoa que encontrar este papel: eu gosto de você.
Os três investigadores ficaram tão decepcionados quanto surpresos com o que leram.
Decepcionados
porque perderam a oportunidade de livrar-se da menina indesejável e
surpresos porque perceberam que ela era menos má do que eles próprios.
* * *
Quantos de nós costumamos julgar as pessoas pelas aparências, embora saibamos que estas são enganadoras.
E o pior é que, se as aparências não nos agradam, marcamos a pessoa e nos prevenimos contra ela e suas atitudes.
Uma
antiga e sábia oração dos índios Sioux roga a Deus o auxílio para nunca
julgar o próximo antes de ter andado sete dias com as suas sandálias.
Isto
quer dizer que, antes de criticar, julgar e condenar uma pessoa,
devemos nos colocar no seu lugar e entender os seus sentimentos mais
profundos. Aqueles que talvez ela queira esconder de si mesma, para
proteger-se dos sofrimentos que a sua lembrança lhe causaria.
* * *
Nenhuma pessoa é essencialmente má.
Isso porque todos nós temos, na intimidade, a Centelha Divina que é o amor em germe.
Assim
sendo, potencialmente todos somos bons, basta que nos esforcemos para
fazer brilhar essa chama sagrada depositada em nós pelo Criador.
Jesus conhecia essa realidade, por isso afirmou: Vós sois deuses e noutra oportunidade insistiu: Brilhe a vossa luz.
Redação do Momento Espírita, com base em históriapublicada em Seleções Reader’s Digest, de maio de1945.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 11, ed. Fep.
Em 31.01.2010
Comentários
Postar um comentário