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sábado, 25 de fevereiro de 2012

O PEQUENO ABORRECIMENTO

Um moço de boas maneiras, incapaz de ofender os que lhe buscavam o
concurso amigo, sempre meditava na. Vontade de Deus, disposto a cumpri-la.
Certa vez, muito preocupado com o horário, aproximou-se de um pequeno
ônibus, com a intenção de aproveitá-lo para a travessia de extenso trecho da
cidade em que morava, mas, no momento exato em que o ia fazer, surgiu-lhe à
frente um vizinho, que lhe prendeu a atenção para longa conversa.
O rapaz consultava o relógio, de segundo a segundo, deixando perceber a
pressa que o levava a movimentar-se rápido, mas o amigo, segurando-lhe o
braço, parecia desvelar-se em transmitir-lhe todas as minudências de um caso
absolutamente sem importância.
Contrafeito com a insistência da conversação aborrecida e inútil, o jovem
ouvia o companheiro, por espírito de gentileza, quando o veículo largou sem
ele.
Daí a alguns minutos, porém, correu inquietante notícia.
A máquina estava sendo guiada por um condutor embriagado e precipitara-
se num despenhadeiro, espatifando-se.
Ouvindo com paciência uma palestra incômoda, o moço fora salvo de
triste desastre.
O jovem refletiu sobre a ocorrência e chegou à conclusão de que, muitas
vezes, a Vontade Divina se manifesta, em nosso favor, nas pequenas contrariedades
do caminho, ajudando-nos a cumprir nossos mais simples deveres, e
passou a considerar, com mais respeito e atenção, as circunstâncias inesperadas
que nos surgem à frente, na esfera dos nossos deveres de cada dia.

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