Sutil quão traiçoeiro é miasma de fácil assimilação, que produz danos
graves nos tecidos delicados da alma.
Herança dos vícios pretéritos de que somente a pouco e pouco se liberta, o
espírito que empreende a tarefa do aprimoramento não deve poupar esforços
contra inimigo vigoroso e disfarçado qual êsse.
Apresenta-se multiface e sabe afivelar máscaras de hediónda feição,
sorrindo nas situações em que se vê descoberto e chorando nos momentos de
que se deveria utilizar para a libertação, adquirindo fõrças novas com inusitada
selvageria para continuar os desmandos a que se afeiçoa.
Reponta aqui na condição de melindre, em cuja exagerada suscetibilidade
encontra campo para generalizar suas argumentações falsas, com graves
danos para quem lhe enseja a penetração.
Apresenta-se como ufania exacerbada e apropria-se dos requisitos morais
daquele que se lhe faz vítima, conquistando láureas à própria incúria.
Alma gêmea do orgulho, é filho especial do egoísmo, inimigo sórdido de
tôda construção moral do homem, comprazendo-se em desequilibrar e
malsinar.
Discreto, enreda mentes invigilantes, e, soez, maquina estranhos
raciocínios que distraem os seus cultores.
Imantado à própria natureza animal do homem, investe contra a natureza
espiritual sob disfarces inesperados.
Esse revel, atro e torvo inimigo do espírito, éa presunção.
* * *
Se alguém admoesta com carinho, objetivando ajudar, êle instila, malsão,
odiosa irritabilidade no ouvinte, inspirando que ali se encontra um mau caráter
desejando humilhar o indefeso lidador...
Quando o amigo convida ao serviço com mansuetude o outro amigo, ei-lo a
informar que alquile deseja dêste fazer besta de carga. - -
Se o patrão, por impositivo da ordem, observa o servidor descuidado, eis
que a sua maléfica presença degenera o alvitre fazendo que o reprochável
subalterno se transforme em inimigo silencioso...
Quando o cooperador do serviço de elevação adverte o Irmão de trabalho,
por esta ou aquela razão, sua voz brada, na acústica da alma: — “Ele toma
esta atitude porque é com você”...
E prossegue arregimentando vítimas que lhe dão guarida às Insinuações
infelizes, até o desespero em que se verão a braços mais tarde.
* * *
Abstém-te do convívio da presunção e arrebenta-lhe o cêrco nefando.
Faze honesta fiscalização íntima à luz do Evangelho e descobri-la-á.
Na tarefa de muitos, se te isolas; no agrupamento fraterno, se te supões
desconsiderado; na atividade encetada, se reclamas falta de auxílio; na
comunidade, se te tens na conta de humilhado; na realização do bem, se
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suspeitas de deslealdades sistemàticamente; e se te afirmas desamado,
cuidado! —a presunção está corroendo-te por dentro.
Examina Jesus e toma-O como modêlo, situando-te no devido lugar, e se
prossegues acreditando que necessitas lapidar a alma da incessante faina do
bem, com otimismo e perseverança, estarás combatendo êsse verdugo
ominoso que tanto poderás chamar presunção como orgulho, melindre ou
suscetibilidade, mas que em resumo é, sem dúvida, um dos piores Inimigos da
tua evolução.
*
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque dêles é o reino dos
céus”.
Mateus: capítulo 5º, versículo 3.
*
“O orgulho me perdeu na Terra”.
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