Certa
feita, um jovem aprendiz, sedento das coisas da vida e de seus
mistérios, dirigiu-se ao velho sábio da aldeia, interpelando-o:
Mestre, o que significa a vida?
A
pergunta, aparentemente simples, fez com que o ancião refletisse
profundamente em torno das longas décadas que caminhara pela existência.
A vida, meu filho, é apenas uma escola. - Respondeu, calando-se em seguida.
Pela
resposta inusitada e breve, o jovem esperou algo mais e, como o
silêncio se fizesse longo, não resistiu e tornou a questionar:
Mestre,
como pode a vida ser uma escola, se tantos morrem analfabetos, se
outros não têm oportunidade de frequentar uma sala de aula e muitos nem
sequer entendem a importância do estudo?
No entanto, redarguiu o velho mestre, não há quem passe pela vida sem ter a oportunidade de valiosas lições.
É verdade que muitos se veem analfabetos ao longo da existência ou pouca oportunidade de estudo se lhes apresenta.
Porém, as lições da vida não são somente para o cérebro. Muitas delas e, talvez, as mais importantes, são para o coração.
Quando conseguimos calar perante a ignorância alheia é a lição da humildade e paciência que a vida nos oferece.
Quando
nos tornamos solidários, temos compaixão, auxiliando alguém em
dificuldade, é a lição do amor fraterno que a vida nos oportuniza.
E
quando as dores da alma nos chegam, como a rasgar nossas entranhas,
parecendo nos dilacerar e aguardamos e esperamos, é a lição da fé e
resignação que a vida nos apresenta.
Assim meu filho, ninguém pode passar pela existência alegando que não teve oportunidades excelentes de aprendizado.
O que pode ocorrer é que muitos de nós somos alunos ainda muito indisciplinados e rebeldes para essa escola abençoada.
Mergulhados
nas ilusões de que o mundo é apenas um parque de diversões, no qual se
deve usufruir de todos os prazeres fugidios que ele nos ofereça, poucos
nos damos conta das importantes lições da vida.
Devemos encarar cada dia que se inicia como nova oportunidade de aprender coisas para a mente, mas também para o coração.
Afinal,
dia virá em que seremos convidados a nos apartar do corpo que nos
serve, nesta existência, e seguiremos apenas com aquilo que conseguirmos
carregar, na mente e no coração.
Por
isso podemos dizer que o hoje é a oportunidade para a construção de
dias futuros felizes, ou um amanhã de tristezas, quando aportarmos do
outro lado da vida.
Tudo dependerá do aproveitamento das lições. E do que guardarmos em nossa intimidade.
Assim,
meu filho, podemos dizer que o céu ou o inferno, a felicidade ou a
desdita depois desta vida estão somente em nossas mãos, em bem ou mal
aproveitarmos as lições desta escola.
Finalizando
sua explicação, o velho ancião afastou-se, dando oportunidade para o
jovem ficar a sós, repassando na mente as profundas reflexões do mestre
sábio.
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