Era
um homem muito inteligente e de bom caráter. Pesquisador eminente, se
dizia ateu, vivendo distante de qualquer reconhecimento sobre a Criação
Divina.
Sua crença pessoal era de que, após a morte do corpo físico, nenhuma vida haveria.
Apesar
de ser casado e pai de um menino, não encontrava muito tempo para
desfrutar da convivência familiar, dedicando sua vida quase que
integralmente ao trabalho.
Porém,
após a chegada de sua segunda filha ao lar, uma mudança gradativa foi
acontecendo em sua vida. Aquela criança despertou nele um sentimento até
então desconhecido.
Ele se encantou com a doçura do olhar que a filhinha trazia.
À
medida que ela foi crescendo, desenvolveu pelo pai uma enorme ternura.
Sentiam imensa alegria em desfrutar da companhia um do outro.
Aos
poucos, ele passou a organizar melhor a sua rotina, dividindo com mais
equilíbrio o tempo entre o trabalho e os cuidados com toda a família,
valorizando muito os momentos que passavam juntos.
A doce menina envolvia-o com várias perguntas.
Ela
indagava ao pai sobre quem fizera o sol, quem alimentava os pássaros
que viviam livres na natureza e como o corpo humano podia funcionar tão
perfeitamente.
A resposta era quase sempre a mesma. Ele dizia que um dia, quando ela crescesse, compreenderia tudo.
Porém,
todas essas perguntas o levavam a reflexões íntimas. Passara a pensar
sobre toda a obra que não era fruto do trabalho do homem.
Mas
chegou um dia que a pequena adoeceu gravemente. Tudo foi feito para
salvá-la. Contudo, os médicos não tiveram sucesso e ela desencarnou.
Poucos
meses depois, com o coração ainda carregado de dor e saudade, sua
esposa encontrou-o redigindo um texto endereçado à sua filha que
partira. Em desabafo, escrevia:
Filha
do coração, embora eu viva triste, a verdade me diz que a morte não
existe. Anjo de paz e amor, é impossível morrer. Vives hoje no Além,
tanto quanto em meu ser... Perder-te a companhia é toda a minha dor.
Não olvides teu pai, cansado e sofredor!... Nunca te esquecerei, filha dos sonhos meus. A saudade de ti trouxe-me a luz de Deus.
* * *
Se
analisarmos essa história do ponto de vista material, apenas
enxergaremos um pai que sofre pela saudade da filha que partiu muito
cedo.
Mas
se analisarmos com o entendimento que a Doutrina Espírita nos traz,
veremos que essa menina renasceu com a missão de encaminhar seu pai em
direção a Deus.
Ela veio trazer um recado de amor.
O
seu modo especial de ser na convivência com o pai e depois, a dor
causada pela sua ausência, fizeram com que ele despertasse para
reconhecer a existência de Deus e da vida espiritual.
* * *
A misericórdia Divina apresenta-se por caminhos que nem sempre compreendemos. A dor causada pela perda de nossos afetos pode ser a lição necessária ao crescimento espiritual.
Muitas
vezes os filhos que partem precocemente, foram anjos que Deus colocou
na nossa caminhada para nos auxiliar na evolução espiritual.
Que possamos agradecer a Deus a oportunidade de conviver com os Seus mensageiros de amor e bondade.
de amor, do livro A vida conta, pelo Espírito Maria Dolores,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Ceu.
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