Realmente, não podemos negar os princípios da hereditariedade em formação do
corpo físico.
O fruto é a síntese da árvore.
A casa construída
revela a qualidade do operário que lhe assegurou o levantamento.
Nossos
pais, na Terra, por isso mesmo, são os artífices da genética, plasmando o
instrumento adequado à nossa materialização, a longo prazo, entre os
homens.
Urge, porém, considerar que a moradia material nada tem a ver,
substancialmente, com o seu inquilino provisório, como o leito nada possui de
comum com o enfermo que o ocupa, excetuando-se naturalmente o valor do serviço
prestado a um e outro, porquanto, sem o domicílio, o homem estaria relegado à
intempérie e, sem o catre acolhedor, o doente pereceria por deficiência de
proteção.
Na consangüinidade terrestre, reunimo-nos uns aos outros, de
modo geral, pelos princípios da afinidade.
Pais delinqüentes atraem
espíritos viciosos que, se lhes filiando à carne transitória, lhes impõem duro
trabalho regenerativo, ao passo que lares dignos invocam a presença de almas
enobrecidas e belas que elegem na sensibilidade e no amor, na ciência e na
virtude o seu clima ideal.
Semelhante regra, contudo, tem as suas
exceções porque no ambiente sombrio da viciação e do crime podem aparecer
criaturas aformoseadas pelo mais alto nível de evolução, aí cumprido difíceis
tarefas de renunciação e soerguimento para que a luz se faça entre os que se
refocilam nas trevas, enquanto que nos círculos felizes podem surgir almas
torvas, emissárias de sofrimentos e sombras, trazendo agoniado reajuste à
assembleia familiar em que temporariamente estagiam.
Desse modo, a
família terrena é a forja de laço purificadores, em que cada espírito
renascente, embora recolhendo da ascendência doméstica o corpo que mereceu, é,
no fundo, o herdeiro de si próprio, de vez que cada qual de nós traz consigo do
passado remoto e próximo as bênçãos e as chagas, as aflições e as alegrias que
semeou para si mesmo nos caminhos imensuráveis do tempo.
Sejamos cultores
da sabedoria e do amor, da bondade e da educação, ainda agora, porquanto, se
somos hoje os escravos da espinhosa plantação do pretérito, seremos amanhã
venturosos senhores de nossos próprios destinos, se esposarmos o bem por norma
inalterável de nossa paz, desde hoje.
|
Comentários
Postar um comentário