quarta-feira, 15 de agosto de 2012

CONQUISTA DO PRAZER

A cultura hedonista tem-se direcionado exclusivamente para o culto do
prazer, principalmente aquele que se adquire com o menor esforço.
Ninguém, entretanto, consegue viver em harmonia consigo próprio, sem
a auto-realização, sem a conquista das metas que facultam essa emoção
estimuladora e vital.
Não obstante, a vida possui outros significados de profundidade, outras
realizações que, certamente, resultarão em prazer ético, estético, espiritual.
Como conseqüência, a proposta hedonista falha no seu próprio conteúdo, que
seria tornar a vida uma busca de prazer incessante.
São inevitáveis as ocorrências do desgaste orgânico, do conflito
psicológico, do distúrbio mental, das dificuldades financeiras, sociais,
existenciais.
A própria dor faz parte do processo que integra a criatura no contexto da
sociedade, sem cujo contributo desapareceriam os esforços para o auto-aprimoramento,
a iluminação pessoal, o progresso geral.
A emoção de dor constitui mecanismo da vida, que deve ser atendida sem
disfarce, porqüanto o próprio crescimento do ser depende das experiências que
ela proporciona.
Quando o estoicismo propôs a resignação diante da dor, Atenas se
encontrava sob imensos desafios políticos e morais.
Renascendo várias vezes na História e trazendo a sua contribuição para a
felicidade da criatura humana, a partir de Boécio, que o vinculou à proposta
cristã vigente, esteve no pensamento de René Descartes, de Montaigne e de
outros, convidando à reflexão e à coragem em quaisquer circunstâncias. Todavia,
embora seja valiosa essa contribuição, a resignação sem uma imediata
ou simultânea ação que conduza o ser a libertar-se da injunção dolorosa, pode
fazê-lo derrapar numa atitude masoquista, perturbadora.
A atitude estóica deve ser seguida pelo esforço de vencer o sofrimento,
criando situações diferentes que gerem prazer, proporcionando motivação para
prosseguir a existência corporal, què é de grande importância para a vida em si
mesma.
Intermediando as duas conceituações filosóficas, o idealismo de Sócrates e
Platão constitui-se como uma condição indispensável para a plenitude do
prazer que pode ser conseguido mediante a consciência tranqüila, que se torna
fruto de um coração pacificado em razão das ações de nobreza realizadas.

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